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Ninguém pode imaginar, enquanto na Terra, o valor, a extensão e a eficácia de uma prece nascida na fonte viva do sentimento. EMMANUEL
Pode-se orar aos bons Espíritos, como sendo os mensageiros de Deus e os executores de Suas vontades. O poder deles, porém, está em relação com a superioridade que tenham alcançado e dimana sempre do Senhor de todas as coisas, sem cuja permissão nada se faz. Eis por que as preces que se lhes dirigem só são eficazes, se bem aceitas por Deus.
O poder da oração nem sempre será visto nas ocorrências externas, tanto quanto desejas, mas sim em tua renovação na vida íntima para que a paciência te socorra e a humildade te ilumine a fim de que aceites as leis de Deus. EMMANUEL
Efeitos da prece. (15 de outubro de 1860.)
Aquele que blasfema contra a prece não pode ser senão um Espírito ínfimo, de tal modo terrestre e recuado, que não compreende mesmo porque deve agarrar-se a essa tábua de salvação para salvar-se. Orai: é uma palavra descida do céu, é a gota rósea do cálice de uma flor, é o sustento da roseira durante a tormenta, é a prancha do pobre náufrago durante a tempestade, é o abrigo do mendigo e do órfão, é o berço da criança para dormir. Emanação divina, a prece é que nos liga a Deus pela linguagem, é o que nos interessa; o orar, é o amar; o implorar para seu irmão é um ato de amor dos mais meritórios. A prece que vem do coração tem a chave dos tesouros de graça; é a economia que dispensa os benefícios em nome da infinita misericórdia. A alma elevada para Deus, por um desses impulsos sublimes da prece, livre de seu envoltório grosseiro, se apresenta cheia de confiança diante dele, parece segura de obter o que pede com humildade. Orai, oh! Orai, fazei um reservatório de vossas santas aspirações, que será derramado no dia da justiça. Preparai o celeiro da abundância, tão precioso durante a penúria; escondei o tesouro de vossas preces até o dia escolhido por Deus para distribuir o rico depósito. Amontoai para vós e para os vossos irmãos, o que diminuirá as vossas angústias e vos fará transpor, com mais celeridade, o espaço que vos separa de Deus. Reflete em tua miserável natureza, conta tuas decepções, teus perigos, sonda o abismo tão profundo onde as tuas paixões podem te arrastar, olha ao redor de ti aqueles que caem, e sentirás a necessidade imperiosa de recorrer à prece; é a âncora de salvação que impedirá a ruptura de teu navio, tão transtornado pelas tormentas do mundo. TEU ESPÍRITO FAMILIAR. [37 - página 380]
O
conhecimento espírita vai, a pouco e pouco, corrigindo distorções e
arcaísmos, no que diz respeito ao entendimento da prece,
seus objetivos e conseqüências.
Por
ela, ligamo-nos a Deus através do concurso das luminosas entidades que Lhe representam a
Sabedoria e o Amor, nos inumeráveis planos da vida.
Segundo
o ensino doutrinário, podemos, na prece,
realizar três atos fundamentais, que independem de lugar, tempo, idioma,
duração e forma:
A prece outra coisa não é senão uma conversa que entretemos com Deus, Nosso Pai; com Jesus, Nosso Mestre e Senhor; com nossos amigos espirituais. É diálogo silencioso, humilde, contrito, revestido de unção e fervor, em que o filho, pequenino e imperfeito, fala com o Pai, Poderoso e Bom, Perfeição das Perfeições. Quando o espírita ora, sabe, por antecipação, que sua prece não opera modificações na Lei, que é imutável; altera-nos, contudo, o mundo íntimo, que se retempera, valorosamente, de modo a enfrentarmos com galhardia as provas, que se atenuam ao influxo da comunhão com o Mundo Espiritual Superior. Tem, assim, a prece o inefável dom de dar-nos forças para suportarmos lutas e problemas, internos e externos, de colocar-nos em posição de vencermos obstáculos que, antes, pareciam irremovíveis. Um homem, ao subir uma montanha, sente-se vencido pelo cansaço, pelo suor, pela exaustão, pela fome; para, no entanto, um pouco, alguns minutos, à sombra generosa de uma árvore, e retoma, depois, já fortalecido, a caminhada interrompida. A prece, como alimento espiritual, produz efeito semelhante. Quando as turbilhonantes e agressivas provas do mundo nos ameacem a estabilidade espiritual, busquemos na prece a restauração de nossas energias, a fim de que refeitos, à maneira do homem da alegoria, prossigamos a caminhada. Não devemos pedir, na prece, bens materiais — valores transitórios que “a traça consome, a ferrugem destrói, o ladrão rouba”. Roguemos a Deus valores eternos que se incorporem à nossa individualidade imperecível, de modo a lutar, com denodo, nas diversas frentes de experimentação a que nos conduz o esforço evolutivo. A verdadeira prece não deve ser recitada, mas sentida. Não deve ser cômodo processo de movimentação de lábios, emoldurado, muita vez, por belas palavras, mas uma expressão de sentimento vivo, real, a fim de que realizemos legitima comunhão com a Espiritualidade Maior. Os Espíritos nos advertem, abrindo perspectivas ao nosso entendimento: “A adoração verdadeira é do coração.” Valoriza-se, dizemos nós, pela sinceridade com que é feita, e por constituir “um bom exemplo”. São categóricas as Entidades Espirituais: “Declaro-vos — dirigindo-se a Allan Kardec — que somente nos lábios e não na alma tem a religião aquele que professa adorar o Cristo, mas é orgulhoso, invejoso e cioso, duro e implacável para com outrem, ou ambicioso dos bens deste mundo.” A forma como adorar a Deus é problema secundário, tal como ocorre com o aspecto idiomático. Em português, francês, italiano, castelhano ou japonês, o que prevalece é a linguagem do coração. Equivale dizer: a linguagem do sentimento, a profunda manifestação da alma. Orar em secreto, no recesso do lar, é prática recomendada pelo Cristo, contrapondo-se à oração farisaica, proferida com a intenção de que seja o ato observado por terceiros. "Com a prece em conjunto, representando autêntica comunhão de propósitos, "mais forças têm os homens para atrair a si os bons Espíritos.” A medida que o homem vai evoluindo, ora mais pelos semelhantes do que por si mesmo. Pensa muito mais nas necessidades alheias do que nos próprios interesses, embora reconheça suas necessidades e para elas rogue sempre o amparo divino. A prece por outrem dilata a capacidade de amar e servir, com a conseqüente redução dos impulsos egoísticos que tão alto ressoam em nosso mundo interno. Encarnados e desencarnados devem ser objeto de nossas orações, uma vez que, sendo fonte de energias, alcançam aqueles para os quais estamos polarizando nossas vibrações, através de súplicas humildes, mas fervorosas e sinceras. Podemos, assim, beneficiar através de preces almas que se encontram em regiões de sofrimento, ou em organizações de reajuste, no plano espiritual. Preces individuais, inclusive no recesso de nossos lares. Preces em conjunto, via de regra, em nossas casas de fé. As vibrações da prece levam-lhes conforto: reanimam-nas, pela certeza de que estão sendo lembradas, uma vez que nossas imagens e sentimentos repercutem em suas individualidades. A bênção do amor de Deus chega até nós outros, caminheiros da sombra, através da prece, que, além de nos fortalecer o coração, amplia nossa visão espiritual com relação aos problemas do mundo, dos homens, da sociedade e das provas remissivas com que a Justiça Equânime nos reconduz ao Pai, pelas luminosas vias do progresso e da felicidade.
Quando atravesses um instante considerado terrível, na jornada redentora da Terra, recorda que o desespero é capaz de suprimir-te a visão ou barrar-te o caminho.
* Ninguém escapa aos topes de luta, que diferem para cada um de nós, segundo os objetivos que procuramos nas conquistas do Espírito.
* Se chegaste a instante assim, obscurecido por nuvens de lágrimas, ... * Desânimo é fruto envenenado da ilusão que alimentamos a nosso respeito. Ele nos faz sentir pretensamente superiores a milhares de irmãos que, retendo qualidades não menos dignas que as nossas, carregam por amor fardos de sacrifício, dos quais diminutas parcelas nos esmagariam os ombros. * Venha o desanimo como vier, certifica-te de que a forma ideal para arredar-lhe a sombra será ... * Guardes o coração conturbado ou ferido, magoado ou desfalecente, serve em favor dos que te amparem ou desajudem, entendam ou caluniem. (Ver: Perdão) Ainda que todos os apoios humanos te falhem de improviso, nada precisas temer. Tens contigo, à frente e à retaguarda, à esquerda e à direita, a força do companheiro invisível que te resolve os problemas sem perguntar e que te provê com todos os recursos indispensáveis à paz e à sustentação de teus dias. Ele que ama, trabalha e serve sem descanso, espera que ames, trabalhes e sirvas quanto possas. Sem que o saibas, ele te acompanha os pequeninos progressos e se regozija com os teus mais íntimos triunfos, assegurando-te tranqüilidade e vitória. Ele que te salvou ontem, salvará também hoje. Em qualquer tempo, lugar, dia ou circunstancia, em que te sintas à beira da queda na tentação ou na angústia, chama por Ele. Ele te atenderá pelo nome de Deus. [117 - páginas 13/14] |
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