____À semelhança de uma planta trepadeira, que, enroscando-se ou agarrando-se
a outra, passa a nutrir-se dela, participando, de
contínuo, dos acontecimentos de sua existência, há
entre encarnados e desencarnados um processo de associação similar.
____Quando,
desavisadamente, agasalhamos anseios de natureza inferior, e
continuamente mantemos na tela_mental ideias de origem viciosa,
irradiamos para o plano_extrafísico da vida aquele desejo,
estabelecendo uma verdadeira "varredura". Deste modo,
encontramos Espíritos que simpatizam
com o mesmo objetivo, e que, percebendo nossa "busca", aproximam-se
de nós, estabelecendo a parceria.
____A
quantidade de mentes desencarnadas, ávidas de sensações_físicas, é
muito grande. Espíritos ociosos, negligentes, baldos de fé e de conhecimentos sobre os princípios que orientam
a vida, vivem perambulando entre os encarnados. Muitos tentam
desesperadamente manter-se o mais possível
ligados à vida material, da qual não encontram coragem com a
realidade que não esperavam.
____O
simples fenômeno da morte
não modifica o estado_moral e intelectual de quem desencarna; mas,
ao contrário, faz o desencarnado sentir-se exatamente como sempre foi quando vivo, razão por que a satisfação daqueles
objetivos torna-se imperiosa para o Espírito_inferior. Assim, na
medida em que são alimentadas fixações que interessem a ambos os
parceiros, fica estabelecido um vínculo, criando-se a dependência
mútua em que se comprazem, e que acaba por
transformar-se em "necessidade". Esta parceria em geral prolonga-se por tempo indeterminado, já que é
estabelecida passiva e voluntariamente, embora sem
que os parceiros percebam que são os próprios promotores daquela
situação. O encarnado busca continuamente
alimentar-se das forças inferiores do desencarnado, o qual
encontra nele a "ponte" para manter vivas as sensações
físicas a que se escravizou.
____Muitas
vezes o vínculo é tão forte, e alimenta-nos a insânia com tal
intensidade, que a sua supressão repentina
poderia provocar-nos a falência, quiçá a desencarnação. Esta simbiose,
muito mais freqüente do que se possa imaginar, é a causa, em grande
proporção, dos sofrimentos
na crosta planetária, onde o homem pouco afeito às atividades
espirituais elevadas prefere ignorar a realidade
que o aguarda e render-se aos doces embalos dos gozos materiais e paixões
mundanas, atendendo, com esta atitude, o desejo do parceiro desencarnado,
e transferindo-lhe as sensações por ele esperadas.
____Para
chegar ao resultado desejado, o hóspede explora a invigilância do seu
hospedeiro, não com a intenção de prejudicar,
perseguir ou vingar, mas de alimentar seus anseios através
dele, estimulando-lhe as fraquezas, que procura enaltecer exaltando-lhe
a vaidade, e sugerindo-lhe um desculpismo
complacente, sempre que a consciência, infalível guardiã,
o advirta do erro e do perigo iminente.
____Para
romper os grilhões que prendem um ao outro, hóspede e hospedeiro,
ouçamos a Doutrina_Espírita: ela nos ensina não
haver outro meio de vencermos a influência de um Espírito_inferior, senão nos tornando mais fortes do que ele. No " orai e
vigiai", o Cristo sintetizou a solução:
- orando, haurimos forças para resistir à tentação de nos rendermos;
- vigiando, nos policiaremos preventivamente, para
evitarmos chegar ao estado de dependência.
____A
chave para solução do problema estará em manter-se a mente ocupada,
com assuntos de elevado conteúdo moral e
intelectual, através da leitura, da freqüência a palestras, conferências
e cursos e, paralelamente, em nos dedicarmos à prática_do_bem em todas
as suas formas e expressões, o que, além de dirigir
nosso pensamento
para estados vibratórios mais elevados, também
nos favorecerá com a assistência mais estreita dos bons
Espíritos, que, sempre atentos às nossas necessidades, procurarão
estimular-nos os esforços, amparando-nos nos
momentos de vacilação e dúvida. MAURO PAIVA FONSECA - Revista
Reformador Abril, 2002 |