Aos
19 anos de idade (quadro de 1847). http://www.brasileirosnoexterior.com/?q=Andrew_Jackson_Davis
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(18/08/1826
- 1910) http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/biografia08.html
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 ____Grande médium
norte-americano, semi-analfabeto e sem cultura, mostrava grande inteligência
sob ação dos espíritos.
____Considerando a obra de EMMANUEL
Swedenborg
como uma antecipação doutrinária do Espiritismo
em seu aspecto histórico, temos forçosamente que estabelecer uma ligação
entre ela e a obra do médium norte-americano Andrew
Jackson Davis. Enquanto Swedenborg era um sábio, Davis
era semi-analfabeto, "fraco de corpo e mentalmente pobre", como nos
informa Sir Arthur Conan Doyle. Apesar dessa contradição, Davis foi o continuador de Swedenborg e o precursor americano do
Espiritismo. E esse fato é tão mais importante exatamente por essa contradição.
Ela nos demonstra, com absoluta clareza, que o espírito domina a matéria
e que o próprio conceito científico fica abalado diante do impacto das manifestações
espíritas. ____Andrew
Jackson Davis está distante de EMMANUEL Swedenborg não
apenas no espaço e no plano mental. Há entre eles a distância exata de um século
e, além dessa distância temporal, há também a que já mencionamos acima, no
plano da cultura intelectual. Vejamos um fato curioso:
- Swedenborg
desenvolve seus poderes mediúnicos em abril de1744
- e Davis,
em março de1844.
____De um a outro saltamos exatamente de meados do século 18 a
meados do 19. Mas não damos esse salto sozinhos, uma vez que o espírito de Swedenborg
nos acompanha. Vamos saber um pouquinho mais sobre a vida humilde e simples de Davis. ____Andrew
Jackson Davis nasceu em 11 de agosto de 1826, num pequeno distrito de
Nova York, e desencarnou em 1910, aos 84 anos de idade. Consta que sua mãe era
uma pessoa vulgar, inculta e supersticiosa, enquanto seu pai era um alcoólatra,
tendo Davis recebido uma educação bastante
elementar. Nos últimos anos de sua infância, começaram a se desenvolver seus
poderes psíquicos, passando a ouvir vozes gentis que lhe davam bons conselhos.
Simultaneamente, ele teve desenvolvida, além da clariaudiência,
a clarividência.
____Mas Davis não está ligado apenas a Swedenborg. Ele se apresenta na história_do_Espiritismo como um poderoso elo mediúnico que sustenta a unidade
do processo doutrinário. No passado, ele se liga com o vidente sueco, mas no
futuro vai se ligar com as irmãs_Fox e com Kardec.
Quatro anos depois do encontro com Swedenborg, vemos Davis
escrever em seu diário as anotações referentes à voz que lhe anuncia os
fatos de Hydesville. ____Como estes fatos se ligam diretamente ao trabalho de Kardec, Davis
também se liga a esse trabalho. Entretanto, a falta de visão do conjunto tem
levado muitas pessoas a considerarem Davis
um caso à parte. Chegou-se mesmo a propor a tese da existência de um " Espiritismo
americano" iniciado por Davis,
em oposição ao "Espiritismo europeu" de Allan Kardec... ____Durante dois anos continuou ditando os segredos da natureza, que foram
compilados no livro Filosofia Harmônica, que teve mais de 40 edições
nos Estados Unidos. A esta série seguiu-se mais uma, no final de sua vida, com
o livro Revelações divinas da Natureza, no qual prevê o
aparecimento do Espiritismo como doutrina e prática mediúnica. É preciso
considerar que Davis
deixara o banco de sapateiro, sua profissão, dois anos antes e que ele, quando
em estado normal, continuava totalmente ignorante e muito lento de entendimento
e inteligência
...
Magaly Sonia Gonsales - Núcleo Fraterno
Samaritanos
http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=2658
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 O
PROFETA DA NOVA REVELAÇÃO
____ANDREW
Jackson Davis foi um
dos homens mais notáveis de que temos uma informação exata. Nascido em 1826
nas margens do Hudson, sua mãe era uma criatura deseducada, com tendências
visionárias aliadas à superstição vulgar; seu pai era um borracho,
trabalhador em couros. Escreveu detalhes de sua própria infância num livro
curioso: "A Vara Mágica” que
nos revela a vida primitiva e dura das províncias americanas na primeira metade
do século passado. O povo era rude e deseducado, mas o seu lado espiritual era
muito vivo: parecia estar sempre pronto para alcançar algo de novo. Foi nesses
distritos rurais de New York que, no espaço de poucos anos, se desenvolveram o Mormonismo
e o Espiritismo.
____Jamais houve um rapaz com menos
disposições favoráveis do que Davis. Era fraco de corpo e pobre de mente.
Fora dos livros da escola primária apenas se lembrava de um livro que sempre
lia até os dezesseis anos de idade. Entretanto naquela criatura mirrada dormiam
tais forças espirituais que antes dos vinte anos tinha escrito um dos livros
mais profundos e originais de filosofia jamais produzidos. Poderia haver mais
clara prova de que nada tinha vindo dele mesmo e de que não passava de um
conduto, através do qual fluía o conhecimento daquele vasto reservatório que
dispõe de tão incompreensíveis dispositivos? O valor de uma Jeanne DArc,
a santidade de uma Teresa, a sabedoria de um Jackson
Davis, os poderes
supranormais de um Daniel Home, tudo vem da mesma fonte.
____Nos seus últimos anos da infância começaram a se desenvolver os
poderes psíquicos de Davis.
Como Jeanne DArc, ouvia vozes no campo — vozes gentis que lhe davam
bons conselhos e conforto. A clarividência
seguiu essa clariaudiência.
Por ocasião da morte de sua mãe, teve uma notável visão de uma casa muito amável,
numa região brilhante, que imaginou ser o lugar para onde sua mãe tinha ido.
Entretanto sua completa capacidade foi despertada por uma circunstância: veio a
sua aldeia um saltimbanco que exibia as maravilhas do mesmerismo; fez uma experiência com
Davis, e também com muitos outros jovens rústicos, que
quiseram provar aquela sensação. Logo foi constatado que
Davis possuía notável
poder de clarividência.
____Estes não foram desenvolvidos pelo peripatético mesmerista, mas
por um alfaiate local, um certo Livingstone, que parece ter sido um
pensador avançado. Ele ficou tão intrigado com os dons do seu sensitivo que
abandonou o seu próspero negócio e devotou todo o seu tempo ao trabalho com
Davis, empregando a sua clarividência no diagnóstico de doenças.
Davis havia desenvolvido essa
força, comum entre os psiquistas, de ver sem os olhos,
inclusive aquelas coisas que não podiam ser vistas pela visão humana. A princípio
o dom era usado como uma espécie de divertimento, na leitura de cartas e relógios
de uma assistência rústica, tendo o sensitivo os olhos vendados. Neste caso,
qualquer parte do corpo pode exercer a função de ver. A razão disso talvez
seja que o
corpo_etérico_ou_espiritual, que possui os mesmos órgãos que o físico,
esteja total ou parcialmente desprendido e registre a impressão. Desde que
pode tomar tal atitude, ou andar à volta, pode ver de qualquer ponto. É uma
explicação para casos como o que o autor encontrou no Norte da Inglaterra,
onde Tom Tyrrell, o famoso médium, costumava andar à volta da sala, olhando os
quadros, de costas para as paredes onde os mesmos estavam pendurados. Se em
tais casos os olhos etéreos vêem os quadros, ou se vêem uma réplica etérea
dos mesmos, temos um dos muitos problemas que deixamos à posteridade.
____Livingstone, a princípio, usou
Davis para diagnósticos médicos.
Descrevia como o corpo humano se tornava transparente aos seus olhos
espirituais, que pareciam funcionar do centro de sua testa. Cada órgão
aparecia claramente e com uma radiação especial e peculiar, que se obscurecia
em caso de doença. Para a mentalidade médica ortodoxa, com a qual muito
simpatiza o autor, tais poderes são passíveis de abrir uma porta para o
charlatanismo e ainda o inclina a admitir que tudo quanto foi dito por
Davis tivesse sido corroborado pela própria experiência de Mr. Bloomfield, de
Melbourne, que descreveu ao autor a admiração de que ficou possuído, quando
sua força se manifestou subitamente, na rua, lhe mostrando detalhes anatômicos
de duas pessoas que andavam à sua frente. Tão bem verificados têm sido tais
poderes, que não é raro verem-se médicos tomar clarividentes ao seu serviço,
como auxiliares para o diagnóstico. Diz Hipócrates: “A
alma vê de olhos fechados as afecções sofridas pelo corpo”.Assim,
ao que parece, os antigos sabiam algo a respeito de tais métodos. As observações
de
Davis não se circunscreviam aos que se achavam em sua presença: sua
alma_ou_corpo_etérico_podia_libertar-se pela ação magnética de seu empresário e
ser mandada como um pombo correio, na certeza de que regressaria com a informação
desejada. Além da missão humanitária em que geralmente se empenhava, às vezes
vagava livremente; então descrevia, em magníficas passagens, como via a
Terra translúcida, abaixo dele, com os grandes veios de depósitos minerais,
como que brilhando através de massas de metal fundido, cada qual com a sua
radiação peculiar.
____é
notável que nessa fase inicial da experiência psíquica de
Davis não tivesse
ele a recordação daquilo que tinha visto em transe. Contudo, essa recordação
era registrada no seu
subconsciente e, posteriormente, a recuperava com clareza.
Com o tempo tornou-se uma fonte de informações para os outros, posto que
ficasse ignorante para si próprio.
____Até
então o seu desenvolvimento se havia processado de maneira não incomum e que
podia ser comparado com a experiência de qualquer estudioso de psiquismo. Foi
quando ocorreu um episódio inteiramente novo e que é minuciosamente descrito
na sua autobiografia. Em resumo, os fatos foram os seguintes. Na tarde de 6 de
março de 1844,
Davis foi subitamente tomado por uma força que o
fez voar da
pequena cidade de Poughkeepsie, onde vivia, e fazer uma pequena viagem no estado
de semitranse. Quando voltou à consciência, encontrava-se entre montanhas
agrestes e aí, diz ele, encontrou dois anciãos, com os quais entrou em íntima
e elevada comunhão, uma sobre medicina e outra sobre moral. Esteve ausente toda
a noite; e quando indagou de outras pessoas na manhã seguinte,
disseram-lhe que tinha estado nas Montanhas de Catskill, a cerca de quarenta
milhas de casa. A história tem todas as aparências de uma experiência
subjetiva, um sonho ou uma visão, e ninguém hesitaria em considerá-la como
tal, se não fosse o detalhe de seu regresso e da refeição que tomou a
seguir. Uma alternativa seria que o vôo para as montanhas fosse uma realidade
e as entrevistas um sonho. Diz de que posteriormente identificou seus dois
mentores como sendo Galeno e
Swedenborg, o que é interessante, por ser o
primeiro contacto com os mortos por ele próprio reconhecido. Todo o episódio
pareceu visionário e não teve qualquer ligação com o notável futuro desse homem.
____Verificou maiores farsas a se agitarem em si mesmo e foi avisado de
que, quando lhe faziam perguntas sérias, enquanto se achava em
transe_mesmérico,
sempre respondia: “Responderei aisto em meu livro”.Aos
dezenove anos sentiu chegado o momento de o escrever. A influência magnética
de Livingstone, por isso ou por aquilo, parece que não era adequada para tal
fim. Então foi escolhido o Doutor Lyon como novo
magnetizador. Lyon abandonou o
consultório e foi a New York com o seu protegido, onde procurou o Reverendo
William Fishbough, convidando-o para servir de secretário. Parece que essa
escolha
intuitiva era justificada, pois
este logo abandonou o seu trabalho e
aceitou o convite. Então, preparado o aparelho, Lyon submetia diariamente o
jovem a
transes_magnéticos e suas manifestações eram registradas pelo fiel
secretário. Não havia dinheiro nem publicidade no assunto, de modo que nem o
mais céptico dos críticos poderia deixar de admitir que a ocupação e os
objetivos desses três homens constituíssem um maravilhoso contraste com a
preocupação material de fazer dinheiro que os rodeava. Eles buscavam o mais além.
E que é o que podia fazer o homem de mais nobre?
____Há que levar em conta que um tubo não pode conter mais do que lhe
permite o seu diâmetro. o diâmetro de
Davis era muito diferente do de Swedenborg. Cada um recebia conhecimento quando num estado de iluminação. Mas...
- Swedenborg era o homem mais instruído da
Europa,
- enquanto Davis era um jovem
tão ignorante quanto se podia encontrar no Estado de New York.
- A revelação de Swedenborg talvez fosse a maior, posto que, muito provavelmente, pontilhada
por seus próprios conhecimentos.
- A revelação de
Davis era, comparativamente,
um milagre maior.
____O Doutor George Bush, professor de Hebraico na Universidade de New
York, uma das testemunhas quando eram recebidas as orações em transe, assim
escreve:
- “Afirmo
solenemente que ouvi
Davis citar corretamente a língua hebraica em suas
palestras,
- e demonstrar um conhecimento de geologia muito admirável numa pessoa
da sua idade, ainda quando tivesse devotado anos a esse estudo.
- Discutiu, com
grande habilidade, as mais profundas questões de arqueologia histórica e bíblica,
de mitologia, da origem e das afinidades das línguas, da marcha da civilização
entre as várias nações da Terra, de modo que fariam honra a qualquer
estudante daquela idade, mesmo que, para as alcançar, tivesse consultado todas as bibliotecas da Cristandade.
- Realmente, se
ele tivesse adquirido todas as
informações que externa em suas conferências, não em dois anos, desde que
deixou o banco de sapateiro, mas em toda a sua vida, com a maior assiduidade no
estudo, nenhum prodígio intelectual de que o mundo tem notícia, por um
instante seria comparável com este, muito embora nenhum volume, nenhuma página tenha sido publicada.”
____Eis
um admirável retrato de Davis na época. E Bush
chama-nos a atenção para o
seu equipamento, quando diz: “A
circunferência
de sua cabeça é demasiadamente pequena. Se o tamanho fosse a medida da força,
então a capacidade mental desse jovem seria limitadíssima. Os pulmões são
fracos e atrofiados. Não viveu num ambiente refinado: suas maneiras eram
grosseiras e rústicas. Não tinha lido senão um livro. Nada conhece de gramática
ou das regras de linguagem nem esteve em contato com pessoas dos meios literários
ou científicos”.
____Tal
era o moço de dezenove anos, do qual jorrava então uma catadupa de palavras e
de ideias, abertas à crítica, não por sua simplicidade, mas por serem
demasiado complexas e envoltas em termos científicos, conquanto sempre com um
fio consistente de raciocínio e de método.
____Vem
a propósito falar do subconsciente, embora isto geralmente tenha sido tomado
como ideias aparentemente recebidas e submergidas. Se, por exemplo, o
desenvolvido Davis pudesse recordar o que tinha acontecido em seus transes
durante
os seus dias de não desenvolvimento, teríamos um claro exemplo de emergência
daquelas impressões sepultadas.
____Mas
seria abusar das palavras falar de um inconsciente quando tratamos com alguma
coisa que, por meios normais, jamais poderia alcançar qualquer extrato da
mente, consciente ou inconsciente.
____Eis
o começo da grande revelação psíquica de
Davis, que se derramou,
ocasionalmente, por muitos livros, todos compendiados pelo nome de
“ Filosofia Harmônica”. Por
sua natureza e por sua posição nos estudos psíquicos, deles trataremos
noutro lugar.
____Nessa
fase de sua vida, pretende
Davis haver estado sob a influência direta da
entidade que posteriormente identificou como sendo Swedenborg — nome muito
pouco familiar naquele tempo. De vez em quando recebia um aviso, pela
clarividência,
“para subir a montanha”.Essa
montanha se acha situada na outra margem do Hudson, oposta a Poughkeepsie. Aí
na montanha pretende ele que se encontrava e conversava com uma figura
venerável.
Parece que não houve qualquer indício de materialização e o incidente não
tem analogia em nossa experiência psíquica, salvo se — e temos que falar
com toda a reverência — também o Cristo subiu a um monte e entrou em comunhão
com as formas de Moisés e de Elias. Nisso
a analogia parece completa.
(Ver: Transfiguração
de Jesus)
____Não
parece que
Davis tenha sido absolutamente um homem religioso, no sentido comum e
convencional, embora se achasse saturado de farsas verdadeiramente
espirituais. Seus pontos de vista, até onde é possível acompanhá-lo, eram de
crítica franca em relação à revelação bíblica e, na pior das hipóteses,
honesto, honrado, incorruptível, ansioso pela verdade e consciente de sua
responsabilidade pela sua divulgação.
____Durante
dois anos o seu subconsciente continuou ditando o livro sobre os segredos da
Natureza, enquanto o consciente Davis adquiriu um pouco de auto-educação em
New York, com ocasionais visitas restauradoras a Poughkeepsie. Tinha começado a
chamar a atenção de algumas pessoas sérias e Edgar Allan Poe era um de seus
visitantes. Seu desenvolvimento psíquico continuava e antes dos vinte e um anos
tinha chegado a ponto de não mais necessitar de alguém para cair em transe;
realizava-o sozinho. Por fim sua memória subconsciente se tinha aberto e ele
se tornou capaz de abarcar o largo alcance de suas experiências. Foi então
que se assentou ao lado de uma senhora agonizante e observou todos os detalhes
da partida da alma, cuja magnífica descrição nos dá no primeiro volume de “ A
Grande Harmonia”.Conquanto sua descrição tenha aparecido numa
separata,
não é tão conhecida quanto deveria sê-lo. Um pequeno resumo deve ser
interessante para o leitor.
____Começa ele por uma consoladora reflexão sobre os vôos de sua própria alma, que
eram morte em todos os sentidos, salvo quanto a duração, e lhe haviam mostrado
que a experiência era “interessante
e deliciosa” e que aqueles sintomas que parecem sinais de sofrimento não
passam de reflexos inconscientes do corpo e não têm significação. Diz então
como, havendo-se jogado antes naquilo que chama de “Condição
Superior”, havia observado as etapas do lado espiritual. “O
olho material vê apenas o que é material, e o espiritual o que é
espiritual”.Como, porém, tudo tem uma contrapartida espiritual, o
resultado é o mesmo. Assim, se um Espírito vem a nós, não é a nós que ele vê, mas o nosso
corpo_etérico, que é, aliás, uma réplica do nosso corpo
material.
____Foi esse corpo etérico que Davis viu emergindo do envoltório de
protoplasma da
pobre moribunda, que finalmente ficou vazio no leito, como a enrugada crisálida,
depois que a borboleta se libertou. O processo começou por uma extrema
concentração no cérebro, que se foi tornando cada vez mais luminoso, enquanto
as extremidades se tornavam escuras. É provável que o homem nunca pense tão
claramente ou seja tão intensamente cônscio quanto depois que todos os meios
de indicação de seus pensamentos o abandonaram. Então o novo corpo começa a
emergir, a começar pela cabeça. Em breve se acha completamente livre, de pé
ao lado de seu cadáver, com os pés próximo à cabeça e com uma faixa_luminosa_vital, correspondente ao cordão umbilical. Quando o cordão se rompe,
uma pequena porção é absorvida pelo cadáver, assim o preservando da imediata
putrefação. Quanto ao corpo etérico, leva algum tempo até adaptar-se ao novo
ambiente, até passar pela porta aberta. “Eu
a vi passar para a sala contígua, através da porta e da casa, erguer-se no
espaço... Depois que saiu da casa encontrou dois Espíritos amigos, da região
espiritual que, depois de um terno reconhecimento e de um entendimento entre os
três, da mais graciosa das maneiras, começou a subir obliquamente pelo
envoltório
etéreo de nosso globo. Marchavam juntos tão naturalmente, tão
fraternalmente que me custava imaginar que se equilibrassem no ar: pareciam
subir pela encosta de uma montanha gloriosa e familiar. Continuei a olhá-los,
até que a distância os fechou aos meus olhos”. (Ver:
Histogênese_espiritual; Duplo_etérico
e Após
a morte) ____Tal
a visão da Morte, tal qual a percebeu
A. J. Davis — muito diferente daquela
treva horrível que por tanto tempo obsidiou a imaginação humana. Se isto é
verdade, podemos voltar nossas simpatias para o Doutor Hodgson e sua exclamação: “Custa-me
suportar a espera”.Mas
é verdade? Apenas podemos dizer que há muita evidência a corroborá-la.
____Muitas
pessoas que caem em
estado_cataléptico, ou que estiveram tão doentes que
chegaram ao estado de coma, trouxeram impressões muito concordes com a descrição
de
Davis,
posto que outras tivessem voltado com o cérebro inteiramente vazio... (Ver: EQM)
- Quando em Cincinnati, em 1923, o autor esteve em contacto com uma tal Mrs.
Monk, que tinha sido, pelos médicos, dada como morta, e que durante cerca
de
uma hora havia experimentado a vidapostmortem,
antes que um capricho da sorte a devolvesse à vida, ela escreveu um
pequeno relato de sua experiência, no qual recorda uma vívida lembrança de
ter saído do quarto, exatamente como descreve
Davis, e do fio prateado que
continuava unindo sua alma viva a seu corpo comatoso.
- Um notável caso foi
publicado na revista Light, de
25 de março de 1922, no qual cinco filhas de uma senhora agonizante, todas
clarividentes, viram e descreveram o processo da morte de sua mãe. Aqui também
a descrição do processo era muito semelhante àquele descrito, posto haja
algumas diferenças bastantes entre este último e outros casos para sugerir
que a seqüência dos acontecimentos nem sempre é regida pelas mesmas leis.
- Outra variante de extremo interesse encontra-se num desenho feito por uma criança
médium, que pinta a alma deixando o corpo e é descrito no trabalho de Mrs. De
Morgan, “Da Matéria ao Espírito”,
página 121. este livro, com suas oitenta páginas de prefácio pelo célebre
matemático, Professor De Morgan, é um dos trabalhos de pioneiro do movimento
espírita na GrãBretanha. Quando se pensa que foi publicado em 1863, sente-se
um peso no coração pelo sucesso daquelas farsas de obstrução, tão
fortemente refletidas na imprensa, que tem conseguido durante tantos anos
colocar-se entre a mensagem de Deus e a raça humana.
____A
força
profética de
Davis apenas pode ser desconhecida pelos cépticos que
ignoram os fatos. Antes de 1856 profetizou detalhadamente o aparecimento do
automóvel e da máquina de escrever. Em seu livro “Penetralia”
lê-se o seguinte:
- Pergunta: “Poderá o utilitarismo lazer descobertas em outra direção da locomoção?”
—
“Sim: buscam-se nestes dias carros e transportes coletivos que correrão por
estradas rurais — sem cavalos, sem vapor, sem qualquer força natural visível
— movendo-se com alta velocidade e com muito mais segurança do que
atualmente. Os veículos serão acionados por uma estranha, bonita e simples
mistura de gases aquosos e atmosféricos — tão facilmente condensados, tão
simplesmente inflamados e tão ligados à máquina, que de certo modo se
assemelha às nossas, que ficarão ocultos e serão manejados entre as rodas da
frente. Tais veículos aqui terão muitos embaraços atualmente experimentados
pela gente que vive em regiões pouco povoadas. O primeiro requisito para essas
locomotivas de chão serão boas estradas, nas quais, com a sua máquina, sem
cavalos, a gente pode viajar com muita rapidez embora esses carros me parecem
de construção pouco complicada”.
- A
seguir perguntaram:
— “Percebe algum plano que
permita acelerar a maneira de escrever?” — “Sim. Quase me sinto
inclinado a inventar um psicógrafo automático, isto é, uma alma escritora
artificial. Pode ser construída assim como um piano, com uma série de
teclas, cada uma para um som elementar; um teclado mais baixo para fazer uma
combinação e um terceiro para uma rápida recombinação. Assim, em vez de se
tocar uma peça de música, pode-se escrever um sermão ou um poema .
- Do
mesmo modo, respondendo a uma pergunta relativa ao que era então chamado “navegação
atmosférica”, sentiu-se “profundamente
impressionado” porque “o
mecanismo necessário — para
atravessar as correntes de ar, de modo que se possa navegar tão fácil,
segura e agradavelmente quanto os pássaros — depende
de uma nova força motriz. Essa força virá. Não só acionará a locomotiva sobre
os trilhos, e os carros nas estradas rurais, mas também os veículos aéreos
que atravessarão o céu, de país para país”.
- O aparecimento do
Espiritismo foi predito nos seus “Princípios
da Natureza”, publicados em 1847, onde diz:
“É
verdade que os Espíritos se comunicam entre si, quando um está no corpo e
outro em esferas mais altas —
e, também, quando uma pessoa em seu
corpo é inconsciente do influxo e, assim, não se pode convencer do fato. Não
levará muito tempo para que essa verdade se apresente como viva demonstração.
E o mundo saudará com alegria o surgimento dessa era, ao mesmo tempo que o íntimo
dos homens será aberto e estabelecida a comunicação espírita, tal qual a
desfrutam os habitantes de Marte, Júpiter
e Saturno”.
____Nesta
matéria os ensinamentos de
Davis eram definitivos, embora se deva admitir que
uma boa parte de seu trabalho é vaga e difícil de ler, porque desfigurada pelo
emprego de vocábulos longos e ocasionalmente inventados por ele. Entretanto
são de um alto nível moral e intelectual, e pode ser melhor descrito como um
atualizado
Cristianismo, com a ética do Cristo aplicada aos problemas
modernos e inteiramente coberto de quaisquer traços de dogmas. A “Religião
Documentária”, como a chama
Davis, em sua opinião absolutamente não
é uma religião. Tal nome só deve ser aplicado ao produto pessoal da razão e
da espiritualidade. Tal a linha geral do ensino, misturado com muitas revelações
da Natureza, exposto em sucessivos livros da “Filosofia Harmônica”, a que se seguiram as “Revelações
divinas da Natureza” e que tomaram os anos seguintes de sua vida.
Muitos de seus ensinos apareceram num jornal estranho, chamado “Univercoelum”
e em conferências proferidas para dar a conhecer as suas revelações.
____Em
suas visões espirituais,
Davis viu uma disposição do universo que corresponde
proximamente à que foi apresentada por
Swedenborg, adicionada pelo ensino
posterior dos Espíritos e aceita pelos espíritas. Viu uma vida semelhante à
da Terra, uma vida que pode ser chamada semimaterial, com prazeres e objetivos
adequados à nossa natureza, que de modo algum se havia transformado pela morte.
Viu estudo para os estudiosos, tarefas geniais para os enérgicos, arte para os
artistas, beleza para os amantes da Natureza, repouso para os cansados. Viu
fases graduadas da vida espiritual, através das quais lentamente se sobe para
o sublime e para o celestial. Levou a sua magnífica visão acima do presente
universo e o viu como êste uma vez mais se dissolvia numa nuvem de fogo, da
qual se havia consolidado, e, uma vez mais se consolidado para formar o estágio,
no qual uma evolução mais alta teria lugar e onde uma classe mais alta se
iniciaria do mesmo modo que algures a classe mais baixa. Viu que êsse processo
se renovava muitas vêzes, cobrindo trilhões de anos e sempre trabalhando no
sentido do refinamento e da purificação. Descreveu essas esferas como anéis
concêntricos em redor do mundo; mas como admite que nem o tempo nem o espaço são
claramente definidos em suas visões, não devemos tomar a sua geografia muito
ao pé da Letra. O objetivo da vida é preparar para o adiantamento nesse
tremendo esquema; e o melhor método para o progresso humano é livrar-se do
pecado — não só dos pecados geralmente reconhecidos, mas também dos pecados
do fanatismo, da estreiteza de vistas e da dureza, que são manchas especiais, não
só na efêmera vida da carne, mas na permanente vida do Espírito. Para tal fim
o retôrno a vida simples, às crenças simples e à fraternidade primitiva se
tornam essenciais, o dinheiro, o álcool, a luxúria, a violência e o sacerdócio
— no seu limitado sentido — constituem os maiores empecilhos do progresso
humano.
____Há
que admitir-se que
Davis, até onde se pode acompanhar a sua vida, tenha vivido
para as suas ideias. Era muito humilde, mas daquela matéria de que são feitos
os santos. Sua autobiografia vai apenas até 1857, de modo que teria pouco
mais de trinta anos quando a publicou. Mas dá uma descrição muito completa e
por vêzes muito involuntária de seu íntimo. Era muito pobre, mas justo e
caridoso. Era muito sério, mas muito paciente na argumentação e delicado na
contradita. Fizeram-lhe as piores acusações, que êle recorda com um sorriso
de tolerância. Dá uma informação completa de seus dois primeiros
casamentos, tão originais quanto tudo o mais a seu respeito, mas que apenas depõem
em seu favor. Desde a data em que termina “A
Vara Mágica”, parece que levou a mesma vida, alternando leitura e
escrita, conquistando cada vez mais prosélitos, até que morreu em 1910, na
idade de oitenta e quatro anos. Passou os últimos anos de sua vida como diretor
de uma pequena livraria em Boston. O fato de a sua “Filosofia
Harmônica” ter tido umas quarenta edições nos Estados Unidos
constitui uma prova de que a semente que lançou com tanta constância não caiu
em terreno sáfaro.
____Para
nós o que é importante é o papel representado por
Davis no comêço da revelação
espírita. Êle começou a preparar o terreno, antes que se iniciasse a revelação.
Estava claramente fadado a associar-se intimamente com ela, de vez que conhecia
a demonstração de Hydesville, desde o dia em que ocorreu. De suas notas
tomamos a passagem seguinte, que traz a data significativa de 31 de março de
1848:
____“Esta
madrugada um sôpro quente passou pela minha face e ouvi uma voz, suave e forte,
dizer: “Irmão, um bom trabalho foi começado — olha!
surgiu uma demonstração viva”. Fiquei pensando o que queria dizer semelhante
mensagem.Era o começo do enorme movimento do qual participaria como
profeta. Suas próprias forças, do lado mental, eram supranormais, do mesmo
modo que as físicas o são do lado material. Elas se completam. Era, até o
extremo de sua capacidade, a alma do movimento, e o único cérebro que tinha
uma visão clara da mensagem, anunciada de maneira tão nova como estranha.
Nenhum homem poderia receber aquela mensagem por inteiro, porque é infinita e
cada vez se ergue mais alto, à medida que tomamos contacto com sêres mais
elevados. Mas
Davis a interpretou tão bem para os seus dias e para a sua geração
que, mesmo agora, muito pouco pode ser adicionado às suas concepções.
____Tinha
ido além de Swedenborg, embora não possuísse o equipamento mental dêste,
para abarcar os seus resultados. Swedenborg havia visto o céu e o inferno,
tal como Davis os vira e descrevera minuciosamente. Entretanto Swedenborg não
teve uma visão clara da posição dos mortos e da verdadeira natureza do
mundo dos Espíritos, com a possibilidade de retôrno, como foi revelado ao
vidente americano. Tal conhecimento veio lentamente a
Davis. Suas estranhas
entrevistas com o que chamava de “Espíritos
materializados” eram coisas excepcionais, das quais tirou conclusões
importantes. Só mais tarde é que tomou contacto com os atuais fenômenos espíritas,
cuja significação completa era capaz de ver. Êsse contacto não foi
estabelecido em Rochester, mas em Stratford, no Connecticut, onde
Davis foi
testemunha dos fenômenos do Poltergeist,
produzidos em casa de um clérigo, o Doutor Phelps, no comêço de 1850.
O seu estudo conduziu-o a escrever um panfleto — Filosofia
do Comércio com os Espíritos mais tarde desenvolvido num livro que
encerra muita coisa que o mundo ainda não aprendeu. Algumas destas coisas, na
sua sábia redução, devem ser recomendadas a alguns espíritas. “O Espiritismo é útil como uma vívida demonstração da existência
futura”, diz êle. “Os Espíritos
me ajudaram muitas vêzes, mas nem controlam a minha pessoa, nem a minha razão.
Bondosamente podem realizar — e
realizam coisas para os que vivem na Terra. Mas os benefícios só serão
garantidos com a condição de que lhes permitamos tornar-se nossos mestres e
não nossos donos — que os
aceitemos como companheiros, mas não como deuses a quem devamos adorar
Sábias palavras — é uma moderna verificação da observação vital de São
Paulo, de que o profeta não se deve sujeitar aos seus próprios dons.
____Para
explicar adequadamente a vida de
Davis, há que ascender às condições
supranormais.
____Mesmo
assim, entretanto, há explicações alternadas, se forem considerados os
seguintes fatos inegáveis:
- 1.que êle proclama ter visto e ouvido a forma materializada de Swedenborg, antes que soubesse algo de seus ensinos
- 2.que alguma coisa possuía êsse jovem ignorante, que lhe deu muita
sabedoria
- 3.que essa sabedoria cobriu os mesmos amplos e universais domínios que
eram característicos de Swedenborg
- 4.mas representavam um passo à frente, de vez que adicionavam aquêle
conhecimento do poder do Espírito, que Swedenborg deve ter atingido após a sua
morte.
____Considerando
êstes quatro pontos, então, não será admissível que
Davis fôsse
controlado pelo Espírito de Swedenborg? Bom seria que a estimável, mas
estreita e limitada Nova_Igreja tomasse essas possibilidades em consideração.
Se, porém, Davis
ficar só, ou se fôr o reflexo de alguém maior que ele,
resta o fato de que era um milagre, o inspirado, o culto, o deseducado apóstolo
da nova revelação. Sua influência foi tão permanente que o conhecido
artista e crítico Mr. E. Wake Cook, em seu notável livro “Regressão
em Arte” classifica os ensinos de
Davis como uma influência moderna
que poderia reorganizar o mundo. Davis (1)
____1.
Occult Review Fevereiro 1925
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- Capítulo: O Profeta da Nova Revelação ]
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