GUIA.HEU
20 Anos
Mesas girantes
Crianças e Adolescentes
DESAPARECIDOS

Como quer que seja, as mesas girantes representarão sempre o ponto de partida da Doutrina_Espírita e, por essa razão, algumas explicações lhes devemos, tanto mais que, mostrando os fenômenos na sua maior simplicidade, o estudo das causas que os produzem ficará facilitado e, uma vez firmada, a teoria nos fornecerá a chave para a decifração dos efeitos mais complexos.

[17b - página 82 item 60]

____O efeito mais simples, e um dos primeiros que foi observado, consiste no movimento circular imprimido a uma mesa. Este efeito se produz sobre todos os objetos igualmente; mas sendo sobre a mesa que mais se o exerce, por ser mais cômodo, o nome de mesas girantes prevaleceu para a designação desta espécie de fenômeno.

____Quando o efeito começa a se manifestar, escuta-se, geralmente, um pequeno estalido na mesa; sente-se como um frêmito que é o prelúdio do movimento; ela parece fazer um esforço para se desatracar, depois o movimento de rotação se pronuncia; ele se acelera ao ponto de adquirir uma rapidez tal que os assistentes fazem todo o esforço do mundo para o seguir.

  • Uma vez estabelecido o movimento, pode-se mesmo se afastar da mesa que continua a mover-se em diversos sentidos sem contato.
  • Em outras circunstâncias, a mesa se eleva e se endireita, tanto sobre um só pé, quanto sobre um outro, depois retoma docemente a posição natural.
  • D’outras vezes, se balança imitando o movimento de arfagem e de balanço.
  • D’outras vezes, enfim, mas para isso necessita uma potência medianímica considerável, ela se descola inteiramente do solo, e se mantém em equilíbrio no espaço, sem ponto de apoio, elevando-se por vezes mesmo até o teto, de maneira que se possa passar por debaixo; depois ela desce lentamente balançando-se como faria uma folha de papel, ou tomba violentamente e se quebra, o que prova de maneira patente que não é uma ilusão de ótica.
A mesa levanta e saltita, sem intervenção humana

Na foto uma mesa levitando, com a médium Eusápia Paladino. À esquerda da médium, Camille Flammarion. (De «Les Apparitions Materialisées», Gabriel Delanne, Paris, 1911)

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/unidual/curso-52.html
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Levitação de uma mesa na residência de Camille Flammarion em 25/11/1898
Médium Eusapia Paladino

Levitação de um bandolin em 13/03/1903
Médium Eusapia Paladino

Para que o fenômeno se produza, faz-se mister a intervenção de uma ou muitas pessoas dotadas de especial aptidão, que se designam pelo nome de médiuns. O número dos cooperadores em nada influi, a não ser que entre eles se encontrem alguns médiuns ignorados. Quanto aos que não têm mediunidade, a presença desses nenhum resultado produz, pode mesmo ser mais prejudicial do que útil pela disposição de espírito em que se achem.

____Sob este aspecto, os médiuns gozam de maior ou menor poder, produzindo, por conseguinte, efeitos mais ou menos pronunciados. Muitas vezes, um poderoso médium produzirá sozinho mais do que vinte outros juntos. Basta-lhe colocar as mãos na mesa para que, no mesmo instante, ela se mova, erga, revire, dê saltos, ou gire com violência.

[17b - página 82]

____Nenhum indício há pelo qual se reconheça a existência da faculdade mediúnica. Só a experiência pode revelá-la. Quando, numa reunião, se quer experimentar, devem todos, muito simplesmente, sentar-se ao derredor da mesa e colocar-lhe em cima, espalmadas, as mãos, sem pressão, nem esforço muscular.

____A princípio, como se ignorassem as causas do fenômeno, recomendavam muitas precauções, que depois se verificou serem absolutamente inúteis. Por exemplo, a alternação dos sexos; ou, também, o contacto entre os dedos mínimos das diferentes pessoas, de modo a formar uma cadeia ininterrupta. Esta última precaução parecia necessária, quando se acreditava na ação de uma espécie de corrente elétrica. Depois, a experiência lhe demonstrou a inutilidade, A única prescrição de rigor obrigatório é o recolhimento, absoluto silêncio e, sobretudo, a paciência, caso o efeito se faça esperar. Pode acontecer que ele se produza em alguns minutos, como pode tardar meia hora ou uma hora. Isso depende da força mediúnica dos co-participantes.

[17b - página 82]

____Acrescentemos que a forma da mesa, a substância de que é feita, a presença de metais, da seda nas roupas dos assistentes, os dias, as horas, a obscuridade, ou a luz etc., são indiferentes como a chuva ou o bom tempo. Apenas o volume da mesa deve ser levado em conta, mas tão-somente no caso em que a força mediúnica seja insuficiente para vencer-lhe a resistência. No caso contrário, uma pessoa só, até uma criança, pode fazer que uma mesa de cem quilos se levante, ao passo que, em condições menos favoráveis, doze pessoas não conseguirão que uma mesinha de centro se mova.

____Estando as coisas neste pé, quando o efeito começa a produzir-se, geralmente se ouve um pequeno estalido na mesa; sente-se como que um frêmito, que é o prelúdio do movimento. Tem-se a impressão de que ela se esforça por despregar-se do chão; depois, o movimento de rotação se acentua e acelera ao ponto de adquirir tal rapidez, que os assistentes se vêem nas maiores dificuldades para acompanhá-lo. Uma vez acentuado o movimento, podem eles afastar-se da mesa, que esta continua a mover-se em todos os sentidos, sem contacto.

____Doutras vezes, ela se agita e ergue, ora num pé, ora noutro, e, em seguida, retoma suavemente a sua posição natural. Doutras, entra a oscilar, imitando o duplo balanço de um navio. Doutras, afinal, mas para isto necessário se faz considerável força mediúnica, se destaca completamente do solo e se mantém equilibrada no espaço, sem nenhum ponto de apoio, chegando mesmo, não raro, a elevar-se até o forro da casa, de modo a ser possível passar-se-lhe por baixo. Depois, desce lentamente, balançando-se como o faria uma folha de papel, ou, senão, cai violentamente e se quebra, o que prova de modo patente que os que presenciam o fenômeno não são vítimas de uma ilusão de ótica.

[17b - página 82]

____Outro fenômeno que se produz com freqüência, de acordo com a natureza do médium, é o das pancadas no próprio tecido da madeira, sem que a mesa faça qualquer movimento. Essas pancadas, às vezes muito fracas, outras vezes muito fortes, se fazem também ouvir nos outros móveis do compartimento, nas paredes e no forro.

____Quando as pancadas se dão na mesa, produzem nesta uma vibração muito apreciável por meio dos dedos e que se distingue perfeitamente, aplicando-se-lhe o ouvido.

[17b - página 82]


____Um aparelho mais simples, porém, do qual a má-fé pode abusar facilmente, conforme podemos ver em: fraudes_espíritas , é o que designaremos sob o nome de Mesa-Girardin, tendo em atenção o uso que fazia dele a Sr.ª Emílio de Girardin nas numerosas comunicações que obtinha como médium. Porque, essa senhora, se bem fosse uma mulher de espírito, tinha a fraqueza de crer nos Espíritos e nas suas manifestações.

____Consiste o instrumento num tampo móvel de mesa, com o diâmetro de trinta a quarenta centímetros, girando livre e facilmente em torno de um eixo, como uma roleta. Sobre sua superfície e acompanhando-lhe a circunferência, se acham traçados, como sobre um quadrante, as letras do alfabeto, os algarismos e as palavras sim e não. Ao centro existe uma agulha fixa. Pousando o médium os dedos na borda do disco móvel, este gira e para, quando a letra desejada está sob a agulha. Escrevem-se, umas após outras, as letras indicadas e formam-se assim, muito rapidamente, as palavras e as frases.

____É de notar-se que o disco não desliza sob os dedos do médium; que os seus dedos, conservando-se apoiados nele, lhe acompanham o movimento. Talvez que um médium poderoso consiga obter um movimento independente. Julgamo-lo possível, mas nunca o observamos. Se se pudesse fazer a experiência dessa maneira, infinitamente mais probante ela seria, porque eliminaria toda possibilidade de embuste. (Ver: Sessões com copo)

[17b - página 189 item 144]

  • As Mesas Girantes nos EUA:
    • Em janeiro de 1851 o famoso jurista John Worth Edmonds, ex-senador, ex-juiz do Supremo Tribunal de New York, materialista confesso, declara-se convencido da realidade do espírito[116], após haver presenciado os mais diversos fenômenos_de_efeitos_físicos e de efeitos intelectuais produzidos sob o mais rigoroso controle. O anúncio de sua conversão abalou profundamente a opinião pública norte-americana[4,113].
      Aproximadamente à mesma época o ex-governador do Winscosin e senador N. P. Tallmadge, dentre outros homens célebres dos EUA, também declarou publicamente sua adesão ao espiritualismo, em função das provas experimentais da sobrevivência obtidas[4,113].
      ____Em 1852 os professores W. Bryant, B. K. Bliss, W. Edwards, e David A. Wells, da Universidade de Harvard, após escrupulosos experimentos, publicaram um manifesto em apoio à autenticidade do fenômeno de levitação de mesas[4,130].
      ____O primeiro presidente da Universidade de Cleveland, Rev. Mahan[134], sustentou a tese do fluido_magnético para explicar os novos fenômenos, e o Dr. Robert Hare — professor de química da Universidade de Pensilvânia, fez uma série de experiências com fenômenos espíritas, iniciando com os métodos e aparelhos relatados por Faraday em seu relatório à Sociedade Dialética de Londres, e em seguida desenvolvendo seus próprios métodos e aparelhos, com o que se convenceu da realidade dos fenômenos em questão. Em 1853 publicou um livro relatando suas experiências e conclusões[135], as quais apontavam a existência dos espíritos como causa dos tais fenômenos. Por isso foi praticamente obrigado a renunciar à sua cátedra na Universidade de Pensilvânia, e sofreu perseguições da Associação Científica Americana e de professores da Universidade de Harvard [1].
      Além dos principais jornais norte-americanos, uma interessante fonte de consulta sobre fatos da época é o periódico "Spiritual Telegraph"[115], primeiro jornal espiritista do mundo.
      Tamanho interesse tinham despertado os fenômenos espíritas nos EUA, que alguns médiuns atravessaram o Atlântico e levaram as mesas girantes para a Inglaterra, onde logo o fenômeno era assunto de todas as rodas.
  • As Mesas Girantes na Inglaterra:
    • Os primeiros médiuns americanos desembarcaram na Inglaterra em 1852, levando para lá os novos fenômenos[1,4], que a essa altura incluíam, ...

      • além das batidas,
      • as materializações,
      • levitações,
      • escrita_direta,
      • voz_direta,
      • psicografia,
      • psicofonia,
      • vidência,
      • clarividência e outros.
        Foram feitas pesquisas pelo célebre matemático e filósofo Prof. De Morgan[136], que concluiu pela veracidade dos fenômenos. Faraday realizou pesquisas sobre as mesas girantes[137], concluindo que tudo se devia a movimentos inconscientes dos médiuns, embora houvesse casos registrados de movimentos das mesas sem contato dos médiuns, conforme réplica do marquês de Mirville[119] a Faraday. O assunto não mereceu maiores envolvimentos da ciência até 1869, quando foi nomeada uma comissão pela Sociedade Dialética de Londres.
  • As Mesas Girantes na Alemanha:
    • O Dr. Kerner, que já havia estudado a Vidente de Prevorst, publicou um livro sobre as mesas girantes[103], e uma comissão de renomados professores da Universidade de Heidelberg, composta por Karl Mittermaier, Henrich Zoepfl, Robert von Mohl, Renaud, Vangerow, Carl von Eschemayer, Joseph Ennemoser, o Dr. Justinus Kerner, e o Dr. Loewe também pesquisou o fenômeno das mesas girantes, publicando um relatório a respeito[4,117,118]. As experiências com o fenômeno das mesas girantes na Alemanha logo ganharam espaço na imprensa francesa, estimulando a divulgação do fenômeno naquele país [4].
  • As Mesas Girantes na França:
    • Segundo Wantuil [4], o marquês de Mirville[118], literato Eugène Nus[120], e o conde de Gasparin[137] historiam a chegada do fenômeno das mesas girantes à França, em 1853. Mirville defendia a realidade dos fenômenos e exigia o pronunciamento da ciência sobre eles. O químico Michel Chevrel, em resposta a Mirville, em nome da Academia de Ciências de Paris, publicou um livro[121] em que explicava os fenômenos da vara divinatória, do pêndulo e das mesas girantes como frutos ou da charlatanice ou de movimentos inconscientes dos operadores, no que foi imediatamente refutado por Mirville[119], por Gasparin[137], e pelo Dr. Louis Figuier[122], os quais apontaram no trabalho de Chevrel, além de graves falhas metodológicas e de argumentação, a omissão de fatos comprovados. Era opinião corrente na época que as mesas girantes poderiam ser explicadas pelo magnetismo_animal, mas o magnetismo animal não era bem visto pelas academias científicas, estabelecendo-se calorosa contenda entre os magnetistas e seus adversários. o fenômeno das mesas girantes veio confundir ainda mais os debates, pois suscitava a interpretação de que por trás dele haveria a existência de espíritos, o que chocava tanto as mentes que tinham os espíritos como crendices populares quanto as que os tinham como coisas demoníacas.
      Alguns periódicos franceses da época são também importantes fontes bibliográficas sobre os fenômenos do magnetismo animal, sonambulismo, e espiritismo [124,125,126,127,128,129].

Bibliografia de Pesquisas Científicas de Fenômenos Espíritas
Luiz Otávio Saraiva Ferreira Campinas - SP – Brasil Junho de 1995.

http://charlesfleury.files.wordpress.com/2012/10/pesquisascientificas.pdf
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1 - Doyle, Arthur Conan, História do Espiritismo, Editora Pensamento, São Paulo, SP, Brasil, 1990.
4 - Wantuil, Zeus, As Mesas Girantes e o Espiritismo, FEB, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
103 - Kerner, Justinus, Die somnambülen Tische, Ebner, Stuttgart, Alemanha, 1853.
113 - Britten, Hardinge, Modern American Spiritualism, USA.
115 - Spiritual Telegraph, (USA), 1852.
116 - Edmonds, John Worth, and Dexter, T., Spritualism, New York, NY, USA, 1853.
117 - Gazeta de Augsburgo (original em alemão), Augsburg, Alemanha, 18 de abril de 1853.
118 - Mirville, J. Eudes de, Des Esprits et de leurs manifestations fluidiques, Paris, França, 1854.
119 - Mirville, J. Eudes de, Question des Esprits, ses progrès dans la Science (Appendice complementaire du premier Mémoire et résponse), Paris, França, 1855.
120 - Nus, Eugène, Choses de l'autre onde, 2me édition, Paris, França.
121 - Chevreul, Michel, De la baguette divinatoire, du pendule dit explorateur et des tables tournantes, Mallet-Bacheller, Paris, França, 1854.
122 - Figuier, Louis, Histoire du Merveilleux dans les temps modernes.
124 - La Patrie, (Paris, França), 1850.
125 - Gazette Médicale, (Paris, França), 1846-?.
126 - Gazette des Hôpitaux, (Paris, França), 1846-?.
127 - Gazette des Tribunaux, (Paris, França), 1846-?.
128 - Presse Médicale, (Paris, França), 1853-?.
129 - Journal du Magnétisme, (Paris, França), 1850-?.
130 - Torres-Solanot, Primer Congresso Internacional Espiritista, Proêmio, 1888.
134 - Mahan, A., Modern Mysteries Explaied and Exposed, Jewett, Boston, MA, USA, 1855.
135 - Hare, Robert, Experimental Investigation of the Spirit Manifestations, demonstrating the existence of Spirits and their communications with Mortals, Partridge, Philadelphia, USA, 1855.
136 - de Morgan, Mrs., From Matter to Spirit, London, UK, 1863.
137 - Agénor de Gasparin, Des tables tournantes, du surnaturel en genéral et des Esprits, 2 vols., Dentu, Paris, França, 1854.

LINK

  • http://onlineshop.com.br/febnet/down/mesas_girantes_espiritismo.pdf - (Link desativado)

Ver também:

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