GUIA.HEU
20 Anos
página acima: Desdobramento
Desdobramento no leito de morte
Crianças e Adolescentes
DESAPARECIDOS


____Passo a citar um de outra categoria, que é mesmo a que reúne maior número dos de “ bilocação”, sendo também, ao mesmo tempo, a mais importante, pois que se constitui dos fenômenos de “ desdobramento no leito de morte”, observados por sensitivos e, freqüentemente, por pessoas que não se podem considerar tais. Como já fiz notar, todos descrevem as mesmas fases na produção do fenômeno, embora a maioria dos percipientes nunca se haja ocupado com as pesquisas psíquicas e ignore que fatos análogos outros têm observado. Esta circunstância já constitui por si só uma ótima presunção a favor da realidade objetiva dos fenômenos observados, sobretudo se se ponderar que certas particularidades complexas, assim como dificilmente imagináveis, peculiares à produção dos fenômenos em questão, não poderiam explicar-se pela hipótese das “coincidências fortuitas”, apresentando-se estas idênticas centenas de vezes. Acrescente-se, ao demais, que bom número de casos desse gênero foram observados coletiva e sucessivamente por diversas pessoas, o que concorre eficazmente para lhes demonstrar a natureza positivamente objetiva.
____Referirei, em primeiro lugar, um caso que figura num grupo de outros em os quais o “ desdobramento” é incipiente e rudimentar, observado coletiva e sucessivamente por várias pessoas, circunstância que assume alto valor probante no sentido da objetividade do fenômeno. Faço notar que são sumamente instrutivos os casos dessa ordem, porquanto representam a fase inicial dos fenômenos de “bilocação no leito de morte”, pelos quais se assiste à saída de uma substância_fluídica, em estado de difusão, do “ corpo_carnal”, substância que, depois de repetidas flutuações, motivadas por sua reabsorção parcial pelo organismo durante algum tempo (em correspondência com as flutuações da vitalidade no enfermo), acaba por integrar-se, em sobrevindo o momento extremo, num “ corpo etéreo, vivo e animado”.
____Decorre daí que os casos apenas incipientes não revestem menor importância do que os outros em que o desdobramento é completo, uma vez que aqueles servem para instruir com relação às fases iniciais da produção do grandioso fenômeno, na hora suprema da libertação do “corpo etéreo”. Bem se compreende que, para lhes realçar toda a importância e extrair deles os devidos ensinamentos, seria necessário analisar e comparar bom número de casos, que aqui não me é possível reproduzir.
____O episódio que se segue, no qual foram oito os percipientes, foi publicado pela Light (1922, página 182).
____Miss Dorothy Monk enviou ao diretor dessa revista, Sr. David Gaw, o seguinte relato do que ocorreu junto ao leito de morte de sua mãe, falecida a 2 de janeiro daquele ano.

  • “No nosso ambiente familiar, fomos testemunhas de extraordinário fenômeno, junto ao leito de morte da minha adorada mãe, que faleceu a 2 de janeiro. O fenômeno impressionou-nos grandemente a todos, pelo que peço sobre ele esclarecimentos à vossa experiência.
    Após longa enfermidade, agravada por um ataque de influenza gástrica, minha mãe veio a morrer de fraqueza do coração... No seu último dia de vida, mostrou-se em penosa agitação e, à medida que a noite avançava, repetia os nomes de seu pai, de sua mãe, de suas três irmãs e também o de um meu irmãozinho, que morrera antes de eu nascer... Ficamos a velá-la a noite inteira e éramos oito: meu pai, um irmão e seis irmãs... Ao anoitecer, começamos a divisar brilhantes luzes azuladas a vagar pelo quarto, as quais com freqüência se aproximavam da enferma. Víamo-las durante alguns segundos apenas e, quase sempre, éramos duas a vê-las. Eu observava atentamente o fato e, por três vezes em quatro, verifiquei que, quando via uma delas ao lado de minha mãe, esta se agitava e tentava falar; mas, já não se achava em condições de poder fazê-lo. Mais tarde, eu e três de minhas irmãs percebemos simultaneamente uma luminosidade azul-malva pairando sobre o corpo da doente, luminosidade que se foi intensificando gradualmente até se transformar em brilhante cor purpúrea, tão densa que quase impedia se visse o rosto da moribunda. E essa luminosidade se difundia por todo o leito como névoa purpurina, revelando-se mais densa entre as pregas do cobertor. Uma ou duas vezes minha mãe moveu os braços e a luminosidade colorida lhe acompanhou o movimento.
    Tão maravilhoso nos pareceu o espetáculo, que chamamos as duas irmãs que se achavam ausentes, para verificarmos se elas, a seu turno, observariam o fenômeno. Com efeito, assim foi. Uma delas viu passar entre duas cadeiras uma coluna cinzenta, alta de três pés, e deslizar para baixo do leito. Eu me achava sentada naquele ponto, porém nada vi. No momento, também estava presente uma velha amiga da mamãe, a qual disse que não via a nebulosidade purpúrea, concluindo daí que os nossos olhos, cansados da longa vigília, necessitavam de repouso. Chamamos a atenção para as brilhantes luminosidades circulares que então pairavam sobre os travesseiros e ela declarou que as via, mas ponderou que, provavelmente, eram reflexos do fogo da lareira, ou da chama do gás. Pusemos imediatamente um anteparo contra as duas fontes de luz e os círculos permaneceram. Ela então percorreu o quarto virando contra as paredes os quadros e fotografias emolduradas e cobrindo o espelho, sem que qualquer alteração se produzisse. As luzes continuaram a brilhar. Colocou, finalmente, as mãos sobre os círculos luminosos, sem conseguir obscurecer em nada. Feita esta última prova, sentou-se e não pronunciou mais uma palavra.
    Depois, já noite fechada, as duas irmãs que antes tinham visto a coluna acinzentada simultaneamente se voltaram para aquele lado e exclamaram que a viam de novo. Ainda dessa vez, eu nada vi. Elas, porém, a tinham visto indubitavelmente, pois que as suas descrições combinavam em todos os pontos. A irmã que primeiro a observara via agora uma grande luz azul, de forma globular, pousada sobre a cabeça da mamãe, porém nenhuma outra das pessoas presentes a via. Acrescentou ela que no interior da dita luz notava uma vibração intensa; depois, anunciou que a luz se tornara vivamente purpúrea; finalmente, que se dissipara.
    Pelas sete horas, a enferma, em estado de coma, abriu a boca e, desde esse momento, todos observamos uma nuvem_branca a formar-se sobre a sua cabeça, alongando-se até ao espaldar do leito. Saía da cabeça, porém se condensava mais fortemente do lado oposto da cama. Permanecia suspensa no ar, como densa nuvem de fumo branco, parecendo às vezes tão opaca, que impedia. se visse o espaldar do leito. Entretanto, variava continuamente de densidade, chegando a ponto de não percebermos o menor movimento naquela nuvenzinha. Estavam comigo minhas cinco irmãs e todas contemplávamos o extraordinário fenômeno. Chegaram, afinal, meu irmão e meu cunhado, os quais, a seu turno, observaram o que estávamos vendo. Uma luminosidade de cor azul listrava o ambiente e dela, de quando em quando, se desprendiam vivas centelhas de luz azulada.
    ____Observamos que a mandíbula inferior da moribunda continuara a abrir-se lentamente. Por algumas horas não houve alterações notáveis no fenômeno, exceto a formação de uma auréola de raios luminosos amarelados em torno da cabeça da moribunda. Contamos sete desses raios, cujo comprimento variava de contínuo, estendendo-se de doze a vinte polegadas. Por volta da meia-noite, tudo se dissipou, conquanto a mamãe só tenha morrido pouco depois das sete da manhã. As seis e um quarto dessa mesma manhã, uma de minhas irmãs, que repousava noutro quarto, ouviu uma voz que lhe sussurrou: “Mais uma hora de vida! Mais uma hora!” Ela se levantou impressionada e foi assistir aos últimos instantes da mamãe que, efetivamente, exalou o último suspiro uma hora e dois minutos depois que minha irmã ouvira a voz premonitória... Rendemos graças a Deus, por haver permitido observássemos a partida de uma alma, tirando às nossas lágrimas a amargura de um adeus para sempre.”

Assinado:Dorothy Monk.

____Não há quem não veja quão importante e sugestivo é o episódio acima, assim do ponto de vista metapsíquico, como do espiritualista, tanto mais que, pelo lado probante, ele se revela invulnerável, por ser de data recentíssima, ter sido relatado de pronto pelos percipientes e haver ido o diretor do Light, Sr. David Gaw, à casa da relatora para discutir com as testemunhas dos fatos e haver trazido de lá as melhores impressões relativamente à capacidade de observação dos oito percipientes, que ainda se encontravam sob a impressão inapagável de que presenciaram a partida de uma alma.
____Do ponto de vista das complexas manifestações produzidas, nenhuma dúvida pode subsistir, dado que a fase final das mesmas manifestações, a mais importante, foi coletivamente observada por todos os presentes.
____As outras manifestações, anteriores e variadas, foram, a seu turno, percebidas também coletivamente, conquanto nem sempre por todos, sendo que duas dentre elas resultaram decisivamente “eletivas”. Quer isto dizer que as manifestações coletivamente observadas eram emanações “ectoplásmicas”, pelo que visíveis a olhos normais, ao passo que a aparição de uma coluna como de fumaça acinzentada, perceptível apenas a duas pessoas, e o globo luminoso, perceptível a uma só pessoa, eram de natureza qualitativamente diversa e, por conseguinte, perceptíveis unicamente a olhos de sensitivos . Nessa conformidade, dever-se-á inferir que o fenômeno da coluna fumosa, alta de três pés, e o de um globo luminoso a pairar sobre a cabeça da moribunda representariam a exteriorização incipiente do “ corpo etéreo” e do “ corpo mental” da enferma, ainda não integrados e fundidos num só fantasma.

[105 - páginas 127 / 129] - Ernesto Bozzano

____Vou relatar alguns exemplos típicos que de algum modo se completam:

____Prefiro começar por um caso bastante antigo, mas que não me lembro de o haver visto citado em obras metapsíquicas, apesar de o protagonista e narrador ser o Juiz Edmonds que, no primeiro volume de sua obra Spiritualism, página 166, narra o que lhe foi dado ver por ocasião da morte de um cunhado de sua mulher. Escreve ele:
____“O moribundo havia já exalado o último suspiro, quando vi emergir do seu cadáver aquilo que eu julguei dever ser o seu “ corpo_espiritual”, sob a forma de uma nuvem densa que se elevou acima do corpo, tomando rapidamente um aspecto humano, embora me parecesse desprovido de inteligência e de vida. Subitamente, porém, pareceu iluminar-se e animar-se, tornando-se viva e inteligente. Compreendi que tal se havia dado por ter o Espírito abandonado o corpo_somático para entrar no corpo espiritual. Desde que isso se deu, o Espírito lançou em torno um olhar surpreso, como que procurando compreender o que lhe havia acontecido; não tardou muito, porém, a se orientar, e a expressão que então iluminou a sua fisionomia demonstrava que a situação já lhe não era estranha. Para tão rápida compreensão, de não pouco lhe deve ter valido o que relativamente à vida futura havia estudado quando aqui na Terra.
____Deixou pairar por um instante um olhar de despedida, cheio de afeto, sobre os seus parentes e amigos, reunidos junto ao leito mortuário, e elevou-se, em seguida, como que arrebatado em nuvem luminosa. Vi-o desaparecer ao longe, acompanhado de três Espíritos de mortos que o haviam assistido enquanto se formava o seu corpo espiritual. Um era o Espírito do filho que havia morrido 24 anos antes; o outro, o de um dos seus sobrinhos, e o terceiro o de um desconhecido com aparência de pessoa já de certa idade.”


____O Rev. William Stainton Moses observou esse mesmo fenômeno por ocasião do falecimento de seu pai, do que publicou a resenha em Light de 9 de julho de 1887, alguns dias apenas decorridos. Diz ele:
____“Ultimamente, pela terceira vez em minha vida, tive ensejo de estudar o processo de transição do Espírito, e tanta coisa consegui observar, que me sinto feliz de poder ser útil narrando o que vi...
____Tratava-se de um parente próximo com cerca de 80 anos de idade, que se encaminhava para o túmulo, sem ser arrastado por qualquer enfermidade especial... Por alguns sintomas de aparência insignificante, notei que o seu fim se aproximava e não me descuidei de cumprir o triste dever que me competia...
____Auxiliado pelos meus sentidos espirituais, não me foi difícil perceber que ao redor dele e sobre ele se reunia a aura luminosa com a qual o Espírito deveria constituir o seu corpo espiritual; ia notando que essa aura aumentava rapidamente de volume e densidade, apresentando contínuas variações para mais ou para menos, de acordo com as oscilações que experimentava a vitalidade do moribundo. Dado me foi ainda verificar que, às vezes, um simples alimento ingerido ou mesmo o influxo magnético desprendido de alguém que se aproximava era o bastante para animar momentaneamente o corpo, parecendo determinar um revigoramento dos laços que prendiam o Espírito a este, o que se ia refletir na aura, imprimindo-lhe movimento semelhante ao de fluxo e refluxo.
____Observei o fenômeno durante doze dias e doze noites e, embora ao sétimo dia o corpo desse mostras evidentes de dissolução iminente, essa flutuação maravilhosa de vitalidade espiritual, em via de se exteriorizar, persistia sem mudança. A cor da aura, pelo contrário, se havia modificado, além de ir tomando forma mais ou mesmos definida, à medida que o momento se aproximava da libertação do Espírito.
____Somente 24 horas antes do falecimento, quando já o corpo jazia inerte, com as mãos cruzadas sobre o peito, foi que vi aparecerem os “Espíritos-guias”, que se aproximaram do moribundo e sem qualquer esforço ajudaram o Espírito a se desprender do corpo esgotado.
____Ao mesmo tempo em que isso se dava, os assistentes constatavam a morte do corpo. É possível que assim fosse. Com efeito, o pulso e o coração não davam mais sinal de vida, a respiração não mais embaçava o espelho, mas os cordões_magnéticos ligavam ainda o Espírito ao corpo e assim permaneceram durante 86 horas. Estou bem certo de que, se durante esse tempo, dentro de condições favoráveis, uma vontade forte houvesse agido no sentido de compelir o Espírito a voltar ao corpo, a ressurreição de Lázaro ter-se-ia repetido. Os cordões afinal se romperam e os traços do defunto, nos quais até então se liam os sofrimentos curtidos, serenaram completamente, tomando uma expressão inefável de paz e
de descanso.”
(Ver: Cremação)

____Nos números de julho-agosto, 1924, da Revue Spirite, tive ocasião de narrar o caso teoricamente muito importante da Sra. Joy Snell, “sensitiva” de educação e cultura superiores, que uma reviravolta da sorte obrigou a ganhar a vida exercendo a profissão de nurse (enfermeira diplomada). Durante mais de vinte anos observou ela o fenômeno de exteriorização do “ corpo etérico” no leito de morte de inúmeros moribundos, a que teve de assistir, constatando, ao mesmo tempo, a presença de Espíritos de mortos que acorriam pressurosos para assistirem na hora suprema seus parentes e amigos. A Sra. Snell teve a primeira visão desse gênero junto ao leito de morte de uma de suas amigas, alguns anos antes de se dedicar à profissão de enfermeira. Dessa visão, a título de exemplo, transcrevo a segunda parte. Diz ela:
____“Encontrava-me em casa de Maggie, havia três ou quatro dias, quando uma noite foi ela acometida de crise súbita e terrível, que a fez expirar nos meus braços, antes que o médico tivesse tido tempo de chegar.
____Era o primeiro caso de morte a que eu assistia. Logo que o coração de Maggie cessou de bater, eu vi distintamente alguma_coisa_parecida_com_o_vapor que se desprende de uma vasilha em ebulição, elevar-se do seu corpo, parar um pouco acima dele e ir-se condensando em uma figura semelhante à de minha amiga. Esta forma, a princípio muito vaga, tomou, aos poucos, contornos mais precisos até se tornar inconfundível.
____Estava envolvida em uma espécie de véu branco, com reflexos de pérola, sob o qual as formas ressaltavam nitidamente. A fisionomia era a da minha amiga, mas radiante e sem qualquer vestígio dos espasmos sofridos durante a rápida agonia.
____Quando mais tarde tive de fazer-me enfermeira, profissão em que permaneci durante vinte anos, tive ocasião de observar a morte de numerosas pessoas, podendo constantemente observar essa condensação da forma etérica por sobre o corpo dos moribundos, forma sempre semelhante àquela de que se desprendia e que, apenas condensada, me desaparecia das vistas.” (The Ministry of Angels, página 17.)
____Pouco mais adiante, acrescenta:
____“Depois que abandonei o hospital para dedicar-me à assistência particular, não mais vi morrer um só dos meus doentes sem perceber à sua cabeceira uma ou diversas formas angélicas acorridas para receber o Espírito, a fim de levá-lo à sua nova morada pelas Esferas...” (página 42.)
____Como vemos, todas as descrições de videntes, relativas aos fenômenos de “ bilocação no leito de morte”, concordam entre si em todos os pormenores; mas aqui basta assinalemos a grande importância teórica dos tais detalhes fundamentais nos quais estão todos também de acordo e que são:

  • a exteriorização, proveniente do corpo do moribundo, de uma substância, semelhante ao vapor, que se condensa e paira sobre o mesmo, tomando-lhe a forma e o aspecto;
  • a vitalização e a animação desta forma, logo que a vida se apaga no organismo corporal;
  • a intervenção de entidades, geralmente familiares e amigos do moribundo, que vêm assistir o Espírito na crise suprema.

____A eloqüência demonstrativa, o sentido espiritualista, desses fatos ressalta com tal evidência que me parece não ser necessário mais insistir sobre o ponto.
____Chamarei apenas a atenção para o valor especial que eles conferem à famosa resposta que a personalidade medianímica de George Pelham deu ao Dr. Hodgson por intermédio da Sra. Piper:

____Esta resposta é admirável pela simplicidade com que resolve o importante problema da sobrevivência e a afirmação que nela se contém pode ser demonstrada experimentalmente, graças aos fenômenos de “ desdobramento fluídico no leito de morte”, cuja verificação se dá também entre os povos selvagens, que o constatam nas suas diversas fases de realização, pelos seus videntes, que as descrevem de modo idêntico àquele por que o fazem os nossos videntes.

____Eis como um missionário, de volta do arquipélago de Taiti (Polinésia), descreve as crenças dos aborígenes, nesse sentido:
____“No momento da morte – escreve ele – eles pensam que a alma se retira para a cabeça, para daí sair e sofrer um longo e gradual processo de reabsorção em Deus, do qual dimana... É curioso e interessante que os taitianos creiam na saída de uma substância real que tomaria a forma humana; são levados a nisto crer pelo que dizem alguns dentre eles, dotados de vidência, que afirmam que desde que o moribundo deixa de respirar, uma espécie de vapor se desprende da cabeça e se condensa a pequena distância sobre o corpo, ao qual fica ligado por meio de um cordão formado da mesma substância. Essa substância – acrescentam – aumenta consideravelmente de volume e toma os traços do corpo do qual sai; quando, enfim, este se torna gelado e inerte, o cordão se dissolve e a alma, então livre, voa no meio de mensageiros invisíveis que parecem assisti-la.” (The Metapsychical Magazine, outubro, 1896.)

____As observações dos aborígenes taitianos coincidem, como se vê, de um modo impressionante, nos seus mínimos detalhes, com as descrições dos videntes europeus, sobre o processo_de_separação_do_corpo_etérico_e_do_corpo_somático. Mas não é tudo; como entre os povos civilizados, os videntes entre os selvagens constatam também a presença de mensageiros espirituais, que intervêm, assistindo o Espírito do moribundo no período da crise suprema. Não há como negar o alto valor científico dessa maravilhosa concordância, tanto mais quanto é tão pouco provável que os selvagens tenham vindo beber essa crença entre os povos civilizados, que em sua quase totalidade não se preocupam de tais fenômenos, como que os povos civilizados tenham ido entre aqueles buscá-la. Temos pois de reconhecer que os videntes dos dois lados descrevem um fenômeno objetivo e muito real, o que não pode deixar de nos levar a concluir favoravelmente sobre a existência objetiva dos fenômenos de desdobramento_fluídico, com as conseqüências que disto decorrem. Porque, se é verdade que os videntes de todas as raças e de todas as épocas descrevem um fenômeno autêntico quando falam da exteriorização_de_um_corpo_fluídico_dos_moribundos, é preciso convir que também descrevem um fenômeno não menos autêntico quando falam do corpo_etérico, que se vitaliza e se anima desde que o moribundo exala o último suspiro, do mesmo modo que não podemos pôr em dúvida a autenticidade da intervenção de Espíritos de mortos à cabeceira dos agonizantes. Quando a ciência oficial houver, pois, reconhecido como coisa definitivamente demonstrada a existência dos fenômenos_de_bilocação no leito de morte, sobre o que já não pode haver dúvidas, visto fatos serem fatos, nesse dia ter-se-á experimentalmente demonstrado a existência e a sobrevivência da alma, mesmo fora dos fenômenos metapsíquicos e espíritas propriamente ditos.
____Grifei esta última frase a fim de mais chamar a atenção dos leitores, sobre o fato de que a demonstração científica da existência e da sobrevivência da alma não depende absolutamente da fenomenologia espírita, pois que a ela se chega por três caminhos diferentes:

  • primeiro, graças à existência latente de faculdade de significação espiritual na subconsciência humana (animismo);
  • segundo, pela observação dos fenômenos de “ bilocação no leito de morte”
  • terceiro, pelo estudo dos fenômenos espíritas propriamente ditos.

105 - páginas 133 / 139] - Ernesto Bozzano

Ver também:
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