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Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade.A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam.Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados.As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são:
Os defeitos que os afastam são:
Todas
as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus
Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho,
porque é a que a criatura menos confessa a si mesma.O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e
que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos
notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas
faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu
humilhado por amaríssimas decepções.O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito
tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais
fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações.
Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Mais de uma vez tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns, com o intuito de os animar.
A
par disto, ponhamos em evidência o quadro do médium verdadeiramente bom,
daquele em que se pode confiar. Supor-lhe-emos, antes de tudo, uma grandíssima
facilidade de execução, que permita se comuniquem livremente os Espíritos,
sem encontrarem qualquer obstáculo material. Isto posto, o que mais importa
considerar é de que natureza são os espíritos que habitualmente o assistem,
para o que não nos devemos ater aos nomes, porém, à linguagem. Jamais deverá
ele perder de vista que a simpatia, que lhe dispensam os bons Espíritos,
estará na razão direta de seus esforços por afastar os maus. Persuadido de
que a sua faculdade é um dom que só lhe foi outorgado para o bem, de nenhum
modo procura prevalecer-se dela, nem apresentá-la como demonstração de
mérito seu. Aceita as boas comunicações, que lhe são transmitidas, como uma
graça, de que lhe cumpre tornar-se cada vez mais digno, pela sua bondade,
pela sua benevolência e pela sua modéstia.
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