GUIA.HEU
20 Anos
Das sessões e escolha dos processos - Magnetismo curador
Crianças e Adolescentes DESAPARECIDOS
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____181. As sessões alternam-se de dois em dois dias, ou são diárias, ou se fazem duas vezes por dia, conforme a natureza da moléstia. (163)
____Se o mal for recente e agudo, se o organismo vibrar desde logo sob a ação magnética, é que a reação vital já está naturalmente em ação e é necessário substituí-la por magnetizações repetidas. Nesta emergência fazem-se duas sessões por dia.
____Se, pelo contrário, a moléstia tomou, por sua antigüidade, um caráter crônico e inveterado, se a reação vital se tem embotado, se o organismo vibra pouco ou não vibra sob a incitação da emissão radiante, é inoportuno atacar vigorosamente os centros nervosos, os quais não se acham em condições de responder ao impulso que se lhes quer dar. Em tal caso deve-se fazer apenas uma sessão de dois em dois dias.
____Em suma, é regra proporcionar a atividade do tratamento à potência de reação que se encontra ou que se desenvolve, e é muito necessário compenetrar-se deste princípio: que se atinge mais rápida e mais seguramente ao fim, por meio de ações progressivas e adequadas, do que por uma intenção muito brusca ou demasiadamente violenta.
____Cumpre não perder de vista que a ação magnética, sendo de ordem puramente dinâmica, se comporta como as outras forças da natureza e, como elas, obedecendo às leis da física geral, procura seu equilíbrio em justas limitações.
____Quando um comboio lançado a toda velocidade deve retrogradar, o maquinista evita neutralizar bruscamente o vapor para tomar a nova direção: deixa prudentemente extinguir-se a força de propulsão para a frente, por meio da ação progressiva dos freios e, quando se sente senhor do movimento, dá francamente a propulsão para traz.
____O mesmo acontece quando a moléstia arrasta o organismo desde anos, em direção oposta à que deve seguir.
____Para fazer que ele dê uma volta sobre si mesmo em direção à saúde, é necessário temperar com prudência, por meio de ações progressivas, a sua marcha para diante, até que se sinta bastante senhor do movimento para lançá-lo em plena velocidade na marcha retrógrada.
____Em ambos os casos, é preciso necessariamente entrar em composição com a força propulsiva, antes de corrigir a direção.
____Nas moléstias agudas, não se dá a mesma coisa: a reação vital se acha em jogo, o organismo, já lançado na ação de retorno, não tem mais do que receber um vigoroso impulso a fim de ajudá-lo neste intuito.
____182. Quando se tem fixado o número e o modo de alternar as sessões, toma-se para cada uma delas as disposições preliminares seguintes:
____Primeiramente, é necessário isolar-se o mais que for possível do barulho num dos aposentos da casa, onde não se tenha a temer nenhum contratempo neste sentido, afastar os estranhos e curiosos que, com sua conversação ou presença, podem perturbar ou distrair, e colocar-se finalmente no mais completo estado de isolamento, calma e atenção, condições principais de qualquer boa magnetização.
____Se o doente for uma mulher (jovem principalmente), é prudente e conveniente a presença de uma testemunha; mas então uma só e sempre a mesma, se isso for possível. É para desejar-se que essa testemunha, sem ser precisamente um adepto convicto do magnetismo, não lhe seja entretanto absolutamente oposto, por isso que a presença de uma pessoa ostensivamente hostil ou céptica pode, senão prejudicar a ação magnética, pelo menos atenuá-la, atuando sobre as faculdades receptivas do magnetizado.
____Este fenômeno perturbador das correntes, causando quer pela presença de pessoas, quer pela de animais, tais como cães e gatos, não é um puro efeito de imaginação; tampouco pode ser atribuído, como se tentou fazê-lo, às influências misteriosas dos bons ou dos maus fluidos dos atiradores da sorte ou do mau olhado; é uma simples e natural conseqüência da faculdade que possuem os corpos de se influenciarem mutuamente à distância pela sua emissão radiante.
____Existem milhares de casos dessas influências perturbadoras inconscientes. Eis dois exemplos:

    • O Dr. Huguet, de Vars, reunira em sua casa alguns dos membros do Jornal Presse Scientifique, e eu era um de seus convidados.

      Tratava-se da exibição de uma excelente sonâmbula, com a qual propunha-se fazer uma série de experiências interessantes.

      O magnetizador desta mulher, que era seu marido, não querendo, depois de havê-la adormecido, que o considerassem farcista, julgou fazer ato de boa fé abandonando-a inteiramente aos experimentadores mais ou menos nocivos da reunião. Como é natural, os que se apresentaram logo foram os mais incrédulos e os céticos, e num momento a infeliz mulher ficou rodeada por um círculo em que predominaram mais correntes de hostilidade que de benevolência.

      Nem sequer uma experiência deu resultado, nenhuma lucidez se manifestou, e a atitude da sonâmbula foi tal que os experimentadores tiveram a íntima convicção de haverem desmascarado um embuste. Furiosos com este desenlace, zombaram tanto da sonâmbula e do magnetizador que este se exasperou, e a sessão quase terminou por violência.

      É indubitável que, nesta emergência, a lucidez de que tantas vezes a sonâmbula dera provas autênticas em outros lugares, se nulificara ali pela influência perturbadora do meio hostil onde o magnetizador, por um sentimento de delicadeza mal recompensado, havia abandonado a sonâmbula.

      E é por esta razão que nunca uma sonâmbula qualquer que seja, mesmo a mais íntima, conseguiu dar prova de suas qualidades transcendentes perante um júri de exame, e por isso os prêmios de clarividência magnética não foram e provavelmente nunca serão ganhos.

      Nem sempre são os assistentes que influenciam o sonâmbulo. Acontece às vezes que o próprio magnetizador, sem o querer, irradia sobre aqueles que o cercam e os influencia indiretamente.


    • Em 1863 quando eu era capitão no regimento de spahis, de guarnição em Constantina, tínhamos ido a um divertimento nas cercanias da cidade. Depois do almoço sobre a relva, divertiu-se, correu-se, dançou-se, e estavam todos muito alegres, quando um incidente veio perturbar as nossas expansões: uma jovem do nosso grupo caíra sem sentidos. Transportada a uma sala do andar térreo de uma casa, estenderam-na sobre um canapé e procurou-se em vão arrancá-la daquele deliquo, que muito se assemelhava a um estado letárgico.

      Ofereci-me ao seu marido, que se achava muito inquieto, para tentar a ação magnética, e em poucos momentos, com grande prazer de nossa parte, a vida voltou cessando todo o sintoma mórbido.

      Diversas pessoas, ansiosas ao redor da doente, haviam acompanhado esta ressurreição com interesse, e entre outras um jovem de quinze anos que, para melhor ver, sentara-se muito perto de nós. Eu tinha acabado de desprender a doente dos fluidos, quando, por acaso, atirando a vista sobre este jovem, vi que ele empalidecia, e estava oscilante na cadeira, fechava os olhos e caia em estado magnético.

      Naturalmente, de natureza muito sensível, fora indiretamente influenciado pela minha corrente. Deixei a jovem quase restabelecida, e ocupei-me dele; declarou-se uma pequena crise nervosa, lágrimas, opressão, etc., que fui obrigado a acalmar antes de tirá-lo do estado magnético e de desprendê-lo dos fluidos.

____Estes dois exemplos demonstram que é preciso seriedade nos que se acercam de um doente, e desconfiar de influências ambientes que possam neutralizar a ação.
____183. Sendo tomadas as melhores disposições preliminares, faz-se sentar o doente em um lugar cômodo, de modo que ele esteja bem à vontade, e deve-se ficar colocado em frente dele sobre um assento mais alto.
____Estabelece-se então a relação, pelo contato (49). O período da duração da sessão deve ser de cerca de meia hora a 45 minutos no máximo e divide-se do seguinte modo:

  • (49) Entrar em relação: 5 minutos
  • (177) Processos passivos: 10 minutos
  • (178) Processos ativos: 10 minutos
  • (179) Processos mistos apropriados ou massagem: 15 minutos
  • (180) Processos terminais: 5 minutos.

____Esta indicação não é evidentemente mais do que um quadro onde o operador não deve confinar-se estritamente: cada caso particular deve ditar sua conduta, não só na ordem, como na escolha dos processos. O seu primeiro cuidado é estabelecer o mais intimamente possível a relação, que deve existir entre o tom do seu movimento e o do seu paciente.
____Depois, usará dos processos passivos antes de recorrer aos processos ativos, a fim de só empregar as suas forças gradualmente, e enfim escolher, entre os processos mistos, aqueles que julgar mais apropriados à circunstância e à natureza da moléstia.
____184. Para se guiar nesta escolha, deve o operador compenetrar-se dos princípios seguintes:
____O equilíbrio vital como sendo a resultante do ritmo normal e harmônico de todas as partes do organismo, nervoso, músculos e sangue, que conjuntamente conspiram, conforme o seu destino especial, para fornecer a soma de atividade necessária à realização das funções; por outro lado, a volição que dirige a motilidade partindo dos lóbulos cerebrais, a coordenação dos movimentos partindo do cerebelo, e a excitação das contrações partindo da medula espinhal e de seus nervos; finalmente a cavidade do estômago, que corresponde ao diafragma e ao plexus solar formado de dois gânglios semilunares, sendo de alguma maneira o nó da vida vegetativa onde irradiam os nervos das vísceras e dos membros, o operador deverá primeiramente concentrar toda a sua ação sobre os três pontos seguintes do organismo:

  • Cérebro (hemisférios e cerebelo)
  • Coluna vertebral
  • Epigástrio [1]

____É atuando diretamente sobre estes três grandes centros nervosos, que se desenvolve melhor toda a potência das correntes.
____185. Se as imposições sobre a cabeça e o peito produzirem vertigens ou sufocações, cumpre atuar sobre as regiões inferiores, fazendo passes do peito aos joelhos (102); e se a sensação de vertigem ou de abafamento continuar, deve-se dispersar vivamente, por meio de passes transversais e o sopro frio. (145, 148)
____186. Se as imposições sobre o epigástrio determinarem contrações ou espasmos, se se manifestar peso de cabeça, perturbações nervosas, afastai a ação das correntes dessas partes, atraindo-as, por meio de passes, para os joelhos e os pés.(102)
____187. Se as imposições irritarem, sufocarem ou produzirem uma excitação geral, cessai o contato, afastai-vos e fazei passes de grandes correntes.
____Se, pelo contrário, os passes em vez de acalmarem excitarem, aproximai-vos e operai o contato.
____188. Pode acontecer que as convulsões e os espasmos persistam, apesar das ações combinadas para fazê-las cessar; segurai então os dois punhos do paciente e concentrai-vos, colocai em seguida a mão esquerda em cheio sobre o epigástrio, e com a mão direita fazei imposições palmares à distância (96) na base do crânio, entre os dois olhos; terminai por passes transversais e o sopro frio. (145, 148)
____189. Os dedos, as mãos, o queixo, a garganta, os membros podem contrair-se sob a ação magnética. Se julgardes útil ou prudente fazer cessar essas contrações, atuai por passes rápidos de desprendimento ao longo do membro contraído ou de ambos os lados da garganta ou do queixo, e empregai o sopro frio à distância, contribuindo toda a imposição ou passe lento para manter ou aumentar a contração. (150, 151, 152, 153 e 154)
____Não haja entretanto açodamento em fazer cessar uma contração, quando ela se manifestar, porque a natureza toma muitas vezes este caminho como meio curador (122). Debaixo do impulso magnético, os sintomas mórbidos parecem às vezes agravarse, ou produzem-se certos fenômenos que se poderiam crer contrários à vida.
____Cumpre não se alarmar no primeiro caso nem se enganar no segundo, e longe de procurar precipitadamente destruir o efeito produzido, é necessário limitar-se a sustentar a reação vital, sem embaraçá-la. É assim que se não deve, muitas vezes, acalmar um espasmo, nem fazer cessar uma contração, desde que nascem espontaneamente estes estados sob o influxo da ação radiante, no próprio interesse do organismo.
____190. Se o doente ficar abatido, entorpecido e dormir, deixai-o no sono, e continuai a magnetizar, como se ele estivesse acordado.
____191. Nunca se deve provocar o estado sonambúlico. Mas pode acontecer que, ao tocardes um doente na intenção de aliviá-lo e curá-lo, vos apercebais que ele, por sua extrema sensibilidade, tem uma tendência natural para sentir profundamente a vossa ação.
____Se virdes a respiração acelerar-se, as mãos tornarem-se úmidas, as pálpebras oscilarem, os olhos convulsionarem-se levemente, o pescoço abaixar-se ou dobrar-se para traz, podeis, sem perigo, favorecer este movimento natural para o sono magnético, cuja manifestação, em tais circunstâncias, só pode ser favorável ao tratamento.
____Prolongareis então a ação sobre o cérebro colocando o polegar sobre a testa entre os dois olhos, ou pondo os dedos em ponta, à distância, adiante das pálpebras, ou exercendo uma ligeira pressão sobre o globo ocular.
____Depois, colocareis as duas mãos sobre as espáduas, conservando-as aí alguns minutos; descê-las-eis lentamente fazendo-as convergir para o epigástrio, colocá-las-eis de novo sobre as espáduas com um novo tempo de parada, descê-las-eis vagarosamente ao longo dos braços até à extremidade dos dedos, segurareis os polegares de cada mão fazendo sobre eles leve pressão durante um minuto ou dois, e recomeçareis os passes precedentes com toda a lentidão, até que os olhos se fechem completamente e o sono seja calmo e perfeito.
____Nas primeiras vezes que se produz este estado, evitai fatigar o paciente com perguntas importunas, deixai-o alguns momentos na calma deste repouso reparador, do qual fá-lo-eis sair por meio dos passes de dispersão (145) e do sopro frio à distância, sobre a fronte (155).
____O estado sonambúlico nunca deve servir para satisfazer uma fútil curiosidade, e só deve ser utilizado no interesse do doente.
____192. Como os efeitos pelos quais o magnetismo prova sua ação são extremamente variados, se renovam em cada sessão ou mudam com a marcha do tratamento, o operador deve estar prevenido para modificar muitas vezes o emprego dos processos.
____Deve todavia saber, de maneira geral, que em se tratando de um mal indolente, frio, onde as partes engurgitadas e tumefatas não apresentam sintomas inflamatórios e nada de agudo se faz sentir, que ele pode prolongar a aplicação do contato e das imposições até que um calor mais ou menos vivo se declare, no entanto, que nas dores vivas em que houver calor, exacerbação, o magnetismo de grandes correntes é muito indicado como aliviando mais depressa que qualquer outro processo, desprendendo prontamente os tecidos engurgitados, ativando a circulação e dissipando as dores.
____Em uma palavra, tudo o que é indolente e frio exige a ação tônica do contato ou ação excitante e fundente da imposição digital à distância, isto é, a localização condensadora, no entanto que tudo o que é ativo e ardente exige a ação calmante e refrigerante dos passes, isto é, o movimento dispersivo.
____Nos sofrimentos agudos é, pois, preciso proceder por ações gerais que acalmem a dor em vez de procurar exaltar o mal, no entanto que nas afecções crônicas não se deve temer a explosão de tormentas nem o despertar de tempestades.
____É esta, diz Du Potet, a verdadeira chave das obras magnéticas; cada órgão tem uma sensibilidade particular que nada vem despertar, porém que o agente magnético pode solicitar. Aquele que souber tirar partido dessas indicações, descobre muitas vezes assim o verdadeiro método de tratamento. Substitui a hesitação pela arte.
____Quando, portanto, ao magnetizardes de uma maneira geral, produzirdes uma excitação ou uma dor em algum órgão, concentrai toda a vossa atenção sobre esse ponto por meio das imposições, insuflações quentes e ações excitantes à distância (os dedos em ponta), a fim de despertardes todas as forças do organismo e pô-las em jogo, como se tivésseis tocado a mola que governa.
____193. Geralmente, começam-se as primeiras imposições e os primeiros passes com as duas mãos; mas, se assim se fosse operando até ao fim da magnetização, haveria indubitavelmente fadiga em breve tempo, e perdia-se deste modo uma grande parte do poder radiante, em detrimento da pessoa a quem se presta cuidados. Qualquer que seja a força de que sejamos dotados, convém pois, após os primeiros passes, magnetizar apenas com uma só mão alternadamente. Esta é a opinião de Aubin Gauthier, Deleuze, Lafontaine, Du Potet e muitos outros.
____Certos magnetizadores, os polaristas entre outros, reconhecendo em cada mão uma influência magnética particular, são de opinião que não se pode indiferentemente magnetizar com a mão direita ou com a mão esquerda, anulando uma o que a outra faz e reciprocamente.
____Esta teoria dos polaristas está em contradição com tudo o que ensina a experiência.
____Nenhum magnetizador, praticando realmente o magnetismo curador, verificou, nos mínimos fatos, que pudesse existir uma diferença qualquer na virtude curadora das duas mãos, e entretanto os polaristas, em apoio de seus conceitos, provocam nos pacientes certos efeitos que parecem justificar a opinião por eles emitida.
____Eu mesmo não tendo podido, durante mais de vinte anos de prática, observar um só fato que me permitisse estabelecer diferença entre o emprego das duas mãos, quis ter a chave desta divergência de opiniões, e empreendi uma série de experiências que acabaram dando-me a decifração do enigma.
____A fim de evitar todas as causas de erros, emanadas muitas vezes da fugaz lucidez dos sonâmbulos ou da tendência à simulação, servi-me de um corpo inerte que não podia enganar-me: o pêndulo explorador, sobre o qual precisamente nesta época, eu experimentava as propriedades magnéticas das substâncias minerais e vegetais.
____Não posso dar aqui os pormenores dessas experiências, realizadas em Maio e Junho de 1886, experiências que fizeram o objeto de uma comunicação do Sr. Chevreul à Academia das Ciências, no mês de Agosto do mesmo ano; comprometo-me a publicar ulteriormente a narrativa completa.
____Posso somente afirmar desde já que, se as leis da polaridade existem, as aplicações que os polaristas pretendem fazer, debaixo do ponto de vista prático, do magnetismo, são falsas.
____O pêndulo acusa com muita precisão:

  • 1º) Que no corpo humano, como em qualquer corpo da natureza, existem dynamides de ordens diferentes, uns positivos, outros negativos, dynamides produzidos pela diferença das correntes. Assim, a cabeça e o tronco são positivos do lado esquerdo, e negativos do lado direito; os braços e as pernas são positivos do lado do dedo mínimo, e negativos do lado do polegar.
  • 2º) Que os animais vivos ou mortos, apresentam a mesma polaridade que o homem.
  • 3º) Que os vegetais em plena seiva, ou fanados, são positivos do lado flor, e negativos, do lado raiz; e, tal como os ímãs: cada um de seus pedaços apresenta a dupla polaridade; um fruto é negativo do lado do pendúculo, e positivo do lado oposto.
  • 4º) Que as duas polaridades isônomas (ou do mesmo nome), postas em contato (ou simplesmente aproximadas, se a sua energia for bastante), produzem uma repulsão ou contratura, enquanto que as suas polaridades heterônomas (ou de nome contrário), produzem uma atração ou descontratura.

____Todas estas experiências, praticadas em sensitivos vivos, pelos polaristas, foram por mim repetidas sobre o meu pêndulo, que se sensibilizou diferentemente sob a influência das correntes polares. Até aqui têm razão os polaristas; mas, onde eles se enganam, é quando, abstraindo das circunstâncias em que se produz o fenômeno, tiram daí conseqüências gerais. Parecem ignorar que as correntes de polarização só se manifestam regularmente nos corpos em estado passivo, e que, quando uma influência interna ou externa chega a mudar o estado passivo em estado ativo, tudo se modifica.
____As correntes obedecem na natureza à hierarquia das forças.
____No homem, por exemplo existe uma série inteira de correntes polares, que podem manifestar-se em detalhe quando o indivíduo conservar-se neutro, porém que a potência de volição sintetiza na ação. O homem, em uma palavra, goza da faculdade de unipolarizar suas correntes pela vontade, e mesmo não pode ser de outro modo, pois a unidade do ser ficaria comprometida.
____Nas experiências que precedem foi conservando passivas e aguardando em estado de completa neutralização as manifestações do pêndulo, que consegui obter todos os matizes de polaridade assinalados pelos polaristas e ainda muitos outros; mas, desde que a minha potência volitiva entrou em ação, tudo mudou, e não somente eu destruía, à minha vontade, todas as manifestações polares, mas ainda conseguia imprimir ao pêndulo todos os movimentos de rotação e oscilação que quisesse dar-lhe.
____Mantendo cuidadosamente o estado de neutralidade durante a primeira parte das experiências, eu havia deixado livre ação às correntes polares. Na segunda parte das experiências fazendo entrar em ação a minha potência volitiva, substitui essas correntes secundárias por uma força superior que as nulificava.
____E eis de que maneira, apesar dos matizes múltiplos que efetivamente diferenciam os dynamides dos corpos, seja em seu todo, seja em cada uma de suas partes, qualquer corpo organizado, como o corpo humano por exemplo, se unipolariza na ação só pelo efeito da potência volitiva; e é assim que, mau grado a sua bipolaridade real, o magnetizador não tem que se preocupar com a sua polaridade de detalhe, e pode fazer emprego igual de suas mãos. Ele adormece, desperta, provoca contrações e descontrações, tanto com a direita como com a esquerda, e produz à vontade todos os efeitos magnéticos, sem ter de preocupar-se em saber se ele é isônomo ou heterônomo. Ele só tem de por em ação a sua potência volitiva, que unifica a sua emissão radiante e condu-la com igual segurança ao seu paciente quer de face, quer de lado, pela parte posterior, de perto ou de longe, mesmo às vezes, de um compartimento para outro, através das paredes e sem observá-lo.
____Neste ponto é que se acha em desacordo a prática magnética com a teoria polarista, e era útil lembrá-lo. Muitas vezes tive ocasião de ouvir Du Potet dizer, nos últimos anos de sua vida, quando se lhe pedia opinião sobre estas questões: "Cessemos do recorrer a essa interminável logomaquia do fluido e do não fluido, da vontade sem fluido, vibrações da polaridade, etc., etc.; desviemos estas teorias, que bem podem ter às vezes aparência de verdade, porém que são sem fundamento algum real e distraem seguramente o espírito daqueles que magnetizam; evitemos particularizar e especificar o mais possível: isso seria sacrificar uma parte da verdade à necessidade de fazer uma ostentação fútil da ciência."
____Finalmente, o Sr. Dr. J. Ochorowch, que fez um estudo aprofundado acerca da sugestão mental, assinalando os hábitos inconscientes dos sonâmbulos, de que são tantas vezes vítimas os experimentadores, diz a este respeito: "Certos magnetizadores encontraram uma multidão de polaridade no corpo humano. Tive oportunidade de apreciar bem essas experiências, e elas são perfeitamente concludentes: o polegar atrai, o dedo mínimo repele, etc. O inconsciente, tendo aprendido a lição não se contradiz mais; somente, solicitando-se-lhe um pouco (mesmo sem palavras), obtendes facilmente o inverso, e podeis desde logo instaurar em toda a sua integridade uma polaridade qualquer, segundo um plano fantástico de antemão traçado. Bastam três sessões para criar um hábito de reação." (Dr. J. Ochorowch: A sugestão mental). [2]

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[1] Epigástrio - a parte superior do abdome, entre os dois hipocôndrios.
[2] Tradução portuguesa, à venda na livraria da Federação Espírita Brasileira.

Ver também:
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