34. Ninguém é refratário à influência magnética, e, do mesmo modo que qualquer indivíduo
pode magnetizar, todo o indivíduo é magnetizável. É bastante, para aproveitar na mais
larga escala os efeitos salutares do magnetismo, colocar-se nas condições de
receptividade as mais favoráveis.
Estas condições são todas de ordem moral:
- Simpatia,
- confiança
- e paciência.
35. Simpatia ___ A escolha de um magnetizador é uma coisa mais delicada e mais importante
do que a escolha de um médico. É preciso que haja entre o magnetizado e o magnetizador,
senão uma verdadeira simpatia, pelo menos ausência completa de antipatia; qualquer
sentimento de indisposição, de constrangimento ou de repulsão, é absolutamente contrário
ao estado de receptividade magnética.
36. Confiança ___ Se é indispensável a simpatia, não o é menos a confiança, não a fé cega na
eficácia do magnetismo, mas sim uma absoluta confiança na pessoa do magnetizador.
Um doente que esgotou os socorros da medicina nunca vem à magnetização com
uma grande confiança, e muitas vezes a pouca estima que ele vota a um remédio que não
conhece, deprecia esse remédio aos seus olhos. Tudo isto não é motivo para que o
magnetismo não lhe restitua a saúde. A confiança na própria coisa não é indispensável
para que o efeito se produza. (Aubin Gauthier)
37. Só com o correr do tempo, depois da obtenção de certos efeitos, é que o doente pode
familiarizar-se com o magnetismo, de que não tem às vezes mais do que uma idéia muito
vaga; porém é desde o primeiro dia que ele deve confiar inteiramente no magnetizador,
porque, dependendo a eficácia do tratamento da maneira pela qual o magnetismo é
administrado, todo o sentimento de desconfiança ou de prevenção tenderia a enfraquecer
as boas disposições daquele de quem toda a virtude curadora reside na expansão de suas
faculdades radiantes.
Dizei: "Eu não creio no magnetismo, mas tenho confiança em vós!" Nestas
disposições, as mãos dos menos hábeis podem produzir maravilhas. (Aubin Gauthier)
38. Paciência ___ Depois da confiança, a melhor garantia de bom êxito é a paciência, e
infelizmente a paciência é a virtude que mais vezes falta aos doentes.
Quer-se ser curado antes de submeter-se ao tratamento. Não se quer admitir que
uma moléstia inveterada desapareça como que por encanto, e que é preciso dar ao
tratamento o tempo necessário.
Se não se sente nada no começo, duvida-se e perde-se a confiança.
Se sobrevêm as dores ou aumentam-se, lamenta-se e fica-se amedrontado.
Às vezes, uma melhora imediata, dando a esperança prematura de uma próxima
cura, faz originar decepções que levam ao desânimo.
Essas alternativas de dúvida e esperança, essas impaciências, esses temores, essa
grande mobilidade de sentimentos têm geralmente deploráveis conseqüências; enervam o
doente e desmoralizam o magnetizador; um coloca-se, por culpa própria, em mau estado
de receptividade; o outro vê sustar-se, com grande pesar, a sua força irradiante, e o bom
êxito da operação se acha deste modo retardado ou comprometido.
39. É preferível não empreender um tratamento quando não se esteja compenetrado da
necessidade de submeter-se inteiramente à experiência do magnetizador, e de não
contrariar a sua ação em coisa alguma.
Cumpre saber:
- 1º) Que o tempo de uma cura varia ordinariamente de um a seis meses, e algumas
vezes mais;
- 2º) Que não há motivo para perder-se a esperança quando nada se sente no
começo; os efeitos magnéticos manifestam-se às vezes tardiamente, e a cura muitas
vezes sobrevêm mesmo sem nenhum sinal precursor aparente;
- 3º) Que se as perturbações se agravam e aparecem dores, não há razão para
atemorizar-se; todo tratamento apresenta alternativas inesperadas e os sofrimentos são a
maior parte das vezes a prova de uma reação salutar.
A dor exprime um ato puramente vital; os fenômenos da dor são de tal modo um ato
de reação vital, que é preciso que haja não somente o despertar da sensibilidade para que
ela se produza, como ainda uma certa dose de sensibilidade disponível; na região em que a
rede nervosa for tórpida, anestésica, a dor é incapaz de se desenvolver: "Não sofre quem
quer! Para sofrer é preciso sentir." (Dr. Luys)
40. Finalmente, se um alívio imediato se produz, é preciso não se entregar muito cedo à
esperança, a fim de evitar as decepções.
41. O doente deve estudar com o maior cuidado todas as sensações que experimenta, quer
durante a magnetização, quer no intervalo das sessões, a fim de poder informar o
magnetizador sobre todos os sintomas que ele puder notar.
42. Ele deve evitar ser influenciado pelo meio em que vive; não contrariar a ação do
magnetismo, tomando ocultamente substâncias cujos efeitos o magnetizador não pudesse
distinguir nem prever.
43. Debaixo do ponto de vista do regime, cumpre evitar os excessos de todo o gênero, vigílias,
fadigas corporais e espirituais, emoções vivas ou deprimentes, tudo o que, em uma
palavra, puder perturbar o equilíbrio do corpo ou o repouso da alma.
44. Não deve abusar, quer das abluções, quer dos banhos; a ação repetida das duchas quentes ou frias diminui com o correr do tempo a receptividade magnética, determinando
uma excitação periférica que se transmite, pelos nervos vaso-motores, ao centro do
grande simpático.
45. Todo o agente manifestamente sedativo ou revulsivo, isto é, que demora ou excita o
movimento vital, deve ser moderadamente empregado em concorrência com o
magnetismo, de maneira a não embaraçar-lhe o efeito.
46. É principalmente importante abster-se de tudo quanto possa tender a destruir ou minorar a
sensibilidade nervosa, como os perfumes, narcóticos e bebidas espirituosas; debaixo da
influência deprimente dos anestésicos ou dos tóxicos, a tensão vital acaba por embotar-se
de tal modo que se torna impossível ao magnetismo despertar no corpo uma reação
qualquer.
As pessoas que fazem ou que fizeram uso imoderado da morfina, da antipirina, do
éter, do ópio, do cloral, do clorofórmio, e do sulfonal, ou que foram tratadas durante muito
tempo por tóxicos violentos, tais como a acetanilide, estriquinina, o salicilato de soda e as
variedades de brumuretos ou de ioduretos, perdem toda a receptividade magnética e
tornam-se incuráveis pelo magnetismo.
O quinino em altas doses, a atropina, o colchico, o abuso do álcool e do tabaco têm
os mesmos efeitos sobre o organismo.
[131 - Capítulo III ] |