GUIA.HEU
20 Anos
Johan Carl Friedrich Zölner
página acima: Biografias
-
Crianças e Adolescentes
DESAPARECIDOS

http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/Zollner/Friedrich%20Zollner.htm
(Link desativado)

Astrônomo famoso e professor da Universidade de Leipzig, goza de grande reputação nos meios científicos. Após inúmeras experiências realizadas no campo da fenomenologia espírita, publicou os resultados dessas investigações no livro intitulado "Física Transcendental".

"Adquiri a prova da existência de um mundo invisível que pode entrar em relação com a humanidade".

Fonte: ABC do Espiritismo de Victor Ribas Carneiro

-------------------------------------------------------------

____(1834 - 1882) Zollner foi um jovem professor de Física e de Astronomia na Universidade de Leipzig, na Alemanha.
____Muito cedo ele interessou-se pelos fenômenos_mediúnicos, desenvolvendo a teoria da quarta dimensão, defendendo-a apoiado em posições teóricas e sobretudo em experiências práticas.
____Pela teoria do espaço quadrimensional, o universo teria, além das três dimensões euclidianas, uma quarta pela qual se explicam alguns fenômenos de ordem espírita.
____As dimensões suplementares no espaço seriam extensões da própria matéria invisível e imperceptível aos nossos sentidos físicos.
____A respeito da teoria da 4ª dimensão, Schiaparelli, famoso astrônomo italiano, escreveu em carta dirigida a Camille Flammarion: é a mais engenhosa e provável que pode ser imaginada.
____De acordo com essa teoria, o fenômeno mediúnico pode perder sua característica mística e passaria ao domínio da Física e da Filosofia ordinárias.
____Para melhor entendimento do que seja a 4ª dimensão na concepção física atual, admitamos que o espaço possa encurvar-se nas proximidades das grandes massas gravitacionais, o que só poder fazê-lo no sentido da 4ª dimensão.
____Suponhamos que alguém que nos observe da realidade quadrimensional, ou seja, um ser da 4ª dimensão com capacidade de intervir em nosso universo tridimensional, decida retirar uma pessoa de um determinado local e colocá-la em outro.
____Isso equivaleria ao brusco desaparecimento dessa pessoa do primitivo lugar por ela ocupado e o seu súbito aparecimento em meio a vários outros seres sem que eles pudessem dar conta de como surgiu ali, inesperadamente, seu semelhante.
____Para melhor confirmação de sua teoria, Zollner realizou inúmeras reuniões com médiuns e pesquisadores em sua própria residência.
____Em 1877, recepcionou pela primeira vez em Leipzig, o médium inglês

Henry_Slade. Este era protagonista de inúmeras manifestações de efeitos físicos. Para analisar a mediunidade de Slade contou ocasionalmente com a participação de vários outros professores universitários, o que imprimiu maior entusiasmo em suas pesquisas.
____Com o trabalho levado a efeito com esse médium, Zollner fez várias publicações em forma de artigos, em revistas científicas e posteriormente livros versando sobre a física transcendental.
____Zollner teve contactos com outros médiuns famosos do século XIX. Um destes foi a Madame_D'Esperance, protagonista de fenômenos de aparição e de transporte de objetos. Ela esteve na Alemanha e procurou o prof. Zollner. Numa ocasião, de viagem para Breslau, ele sugeriu que ela procurasse seu amigo Dr. Friese. Este a recepcionou e acabou convencido das manifestações da médium.
____Ela própria relatava um fato pitoresco a respeito de uma visita que Zollner fez a ela e Dr. Friese em Breslau: "Durante a visita do prof. Zollner, a morada do Dr. Friese foi invadida por muitíssimas pessoas, que vinham com ansiedade informar-se dos últimos acontecimentos.
____Como um relâmpago, a notícia havia sido propalada entre os estudantes e as histórias mais extraordinárias estavam em circulação.
____Muitos imaginavam que o doutor tinha um batalhão de espíritos à sua disposição para fazer milagres e escamoteações, curar enfermos e dar informações sobre amigos desaparecidos ou qualquer outra coisa."
____- Que devo dizer a todas essas pessoas? - perguntava ele. Parecem ignorar que o Espiritismo não é sinônimo de feitiçaria e de magia negra".
____Zollner através de seus livros atraiu a atenção do mundo filosófico para suas ideias originais registradas em sua obra "A Natureza dos Cometas" e em outras como:

  • "Esboços de Fotometria Universal dos Céus Estrelados",
  • "Natureza dos Corpos Celestes"
  • e "Física Transcendental" (Provas Científicas da Sobrevivência).

____Destacou-se como ...

  • membro da Real Sociedade de Ciências, da Real Sociedade Astronômica de Londres e da Imperial Academia de Ciências Físicas e Naturais de Moscou.
  • Foi também Membro Honorário da Associação de Ciências Físicas de Frankfurt e Membro da Sociedade Científica de Estudos Psíquicos de Paris onde sua atuação lúcida era respeitada por todos.

____Em março de 1880, o Barão Von Hoffmann engajou o médium inglês William Egliton para participar de reuniões com Zollner. Foram ao todo 25 reuniões.
____Egliton era médium de efeitos físicos, principalmente materialização e escrita direta.
____Zollner mostrou-se muito satisfeito com os resultados e declarou que não havia nada de errado nas manifestações.
____Pretendia até publicar outro livro sobre suas experiências, porém, faleceu antes disto.
____Zollner foi um grande batalhador da causa espírita notabilizando-se por suas experiências físicas onde a atuação dos espíritos não deixaram dúvidas nem incertezas.
____Sendo físico, utilizou esta ciência para demonstrar a imortalidade e divulgar a interferência dos desencarnados no cotidiano dos encarnados.
____Ao propor a teoria da 4ª dimensão para explicar os fenômenos observados antecipou-se aos físicos atuais e demonstrou como a Ciência pode auxiliar a religião e quanto a religião pode ser científica.
____Foi um cientista que ultrapassou os limites acanhados dos laboratórios terrenos para alçar-se aos altiplanos filosóficos da própria Ciência, tornando-se assim um caçador de verdades, verdades que alimentam os sonhos imortais dos homens.

http://www.espiritismogi.com.br/biografias/johan_carl.htm
http://www.espiritismogi.com.br/biografias.htm
(Links desativados)

Alguns fenômenos observados por Zöllner

____Continuo a relatar fatos por mim observados, que provam a conexão íntima de outro mundo material com o nosso e podem servir de confirmação geral às numerosas observações do Sr._Crookes e outros_fisicistas. Até agora, em geral, só tenho relatado o desaparecimento_e_o_reaparecimento_de_corpos_sólidos. Os fatos que se seguem demonstrarão a aparição de corpos fluídicos a cuja aparição o atual estado da nossa concepção não nos permite responder à pergunta: de onde?
____A 7 de maio de 1878, às 11:15 da manhã, depois do médium_de_efeitos_físicos Dr. Henry Slade e eu termos tomado os nossos costumados lugares, mostrei o desejo de saber o que presenciaríamos nessa sessão. Slade pediu-me que eu mesmo segurasse a lousa. Assim o fiz, segurando com a mão direita uma das mãos de Slade. Apenas fiz isso, começou a escrita. Nesta ocasião confirmei uma observação já notada por mim: toda vez que eu retirava a mão de cima da de Slade, a escrita parava, recomeçando tão logo eu segurava novamente a sua mão. Tendo sido dado o sinal de achar-se concluída a comunicação, retirei a lousa de sob a mesa e achamos as seguintes palavras no lado da lousa que havia estado contra a mesa:

  • “Amanhã pela manhã desejaríamos ter conosco o barão H.. Durante a sessão desenvolveremos uma nova força e vos mostraremos o que podemos fazer. Amanhã vos diremos mais alguma coisa com o médium sonambulizado.”

____Slade e eu levantamo-nos com o fim de procurarmos um pedaço de lápis maior, porém nesse momento fomos salpicados por uma espécie de chuvisco, que nos molhou ligeiramente, ficando o assoalho todo respingado. Durou o fenômeno cerca de um minuto.
____Tendo ficado algumas gotas sobre as minhas mãos, passando-lhes a língua notei que o seu gosto era o de água pura. Devo mencionar que no aposento em que nos achávamos não havia vasilha alguma com água, embora no contíguo a houvesse. Parece-me que esse transporte de corpos líquidos de um aposento para outro pertence ao mesmo gênero de fenômenos que o transporte_de_corpos_sólidos. íamos sentar-nos novamente à mesa depois de secarmos as nossas roupas, quando o mesmo fenômeno se repetiu; desta vez porém em maior escala. Agora o teto e as paredes do aposento ficaram também molhados e pareceu-me, a julgar pela direção da água, proceder de diferentes jatos do meio do quarto ao mesmo tempo e de uma altura de quatro pés acima de nossas cabeças, como se um jato fosse descarregado perpendicularmente sobre um plano e daí espalhado em todas as direções.
____Eu já tivera ocasião de assistir ao mesmo fenômeno em presença de Slade, ao qual assistiu também o Sr. Gillis, de S. Petersburgo. Esse fenômeno efetuou-se na sala de espera do hoteleiro da estação da Estrada de Ferro da Turíngia, na qual pela primeira vez Slade entrava. Não se pode por isso alegar ter havido preparo. Esses fenômenos têm sido testemunhados por diversas pessoas.
____Na manhã seguinte, às 11 horas, von Hoffmann tomou parte na nossa sessão, sentando-se à minha direita; Slade, como de costume, à minha esquerda. Depois de obtermos algumas comunicações_escritas, de repente vimos surgir de debaixo da mesa e de diferentes lugares uma coluna de fumo que, a julgar pelo cheiro, devia provir de ácido sulfúrico e salitre. Imediatamente olhamos embaixo da mesa e vimos uma tênue fumaça como procedendo de um fósforo riscado. Logo em seguida se repetiu o fenômeno, porém mais pronunciadamente. Slade propôs colocarmos uma vela embaixo da mesa para vermos se os seres invisíveis seriam capazes de acendê-la.
____Von Hoffmann tomou dois castiçais com velas ainda não usadas e os colocou embaixo da mesa na parte mais distante de Slade. Juntamos as nossas mãos. Logo em seguida surgiu fumo debaixo da mesa em todas as direções e um dos castiçais surgia com a vela acesa. Depois de alguns segundos, novamente baixou e quando examinamos embaixo da mesa lá se achava uma das velas ardendo. Para certificar-me da ausência de uma alucinação, tomei de um pedaço de papel e o coloquei sobre a chama da vela, queimando assim um buraco. Em seguida tomei de um lacre, derreti-o na vela e o deixei pingar no papel e pus o meu sinete.
____Depois de termos acalmado a nossa admiração, sentamo-nos novamente à mesa, colocando no centro a vela ainda acesa. Slade_sonambulizou-se e de olhos fechados nos dirigiu as seguintes palavras que von Hoffmann copiou:

  • “Tudo aquilo que não compreendemos estranhamos. Fogo há em toda parte. Pensai no sílex do qual o extraí. Ele existe em todos os elementos à volta de vós. Que esta luz seja o vosso farol no caminho das vossas investigações, que seja ela o símbolo da luz que deve romper as trevas do mundo. A luz do cérebro iluminará o vosso caminho! Esta noite entraremos em uma nova fase.
    ____Amanhã de manhã refaremos as nossas forças e à noite vos mostraremos ainda outra fase se a atmosfera nos for favorável.”

____Realmente os nossos amigos invisíveis cumpriram a sua promessa de maneira admirável. Às 7:30 da noite nos achávamos tomando o nosso chá. Sobre a mesa estava uma grande lâmpada. Slade sentava-se em frente a mim com as costas para uma janela que tinha as cortinas cerradas. À minha esquerda, do mesmo lado da mesa, se sentava a Sra. von Hoffmann e em frente a ela o Sr. von Hoffmann. Não contávamos com manifestação alguma, visto nunca termos assistido nada de notável durante as nossas refeições, excetuando movimentos de mesa, levantamento de cadeiras e pequenos fenômenos desta ordem.
____Repentinamente, a Sra. von Hoffmann deu um grito e disse ver na parede e na porta para a qual eu tinha as costas voltadas o reflexo de uma luz clara que parecia vir de um ponto embaixo da mesa. Examinamos embaixo da mesa por toda parte, mas nada vimos que nos explicasse a procedência da luz. Contando com a repetição do fenômeno, por diversas vezes olhamos para a parede e eu, a fim de melhor poder apreciá-lo, voltei a minha cadeira de lado.
____Pouco depois o fenômeno se repetiu e logo em seguida mais uma vez. A cor da luz era de um azul esmaecido, como procedente de uma lâmpada elétrica repentinamente acesa. Para mim o que se tornava mais notável era serem os pés da mesa nitidamente projetados, não obstante, conforme a observação que em tão curto espaço de tempo pude fazer, os pés da mesa serem do mesmo tamanho que a sombra projetada.
____Não obstante eu poder considerar o fenômeno como um fato não provado cientificamente em razão de falta de precauções científicas, em todo caso considero meu dever científico consigná-lo de modo a provocar a atenção de futuros observadores acerca de um fato tão notável.
____Se, por exemplo, a origem dessa luz fosse um ponto luminoso embaixo da mesa, a sombra dos pés da mesa deveria, de acordo com a lei da projeção das sombras, ser muito maior na parede que os próprios pés da mesa, o que qualquer pessoa pode verificar colocando uma vela embaixo de uma mesa que tenha muitos pés.
____O tamanho e forma de uma sombra projetada aproximam-se, como todos sabem, tanto mais do tamanho e forma do objeto que os projeta quanto mais afastado se acha o foco luminoso; ou em outras palavras, quanto mais próximos se acham os raios do paralelo. A nitidez das linhas da sombra nos oferece ainda uma inferência do tamanho do foco luminoso.
____Se, por exemplo, o diâmetro aparente do disco do sol fosse vinte vezes maior do que de fato é, as sombras projetadas pelos corpos opacos durante o dia seriam muito mais apagadas nas suas extremidades do que de fato o são.
____Independente dos fenômenos de refração, um corpo projeta uma sombra exatamente do seu tamanho se os raios luminosos procedem de um ponto infinitamente remoto. Desde que, como no caso presente, as sombras dos pés da mesa eram perfeitamente idênticas em forma e tamanho aos próprios pés, segue-se que os raios luminosos que produziam aquelas sombras deviam proceder de um foco:

  • 1º) de um tamanho aparentemente muito diminuto;
  • 2º) estando a grande distância.

____Lugar algum embaixo da mesa satisfazia à segunda condição. Tendo também o resto do aposento sido examinado e mesmo a distância da mais remota parede da sala, não satisfazendo às condições, o dito fenômeno exige outro ponto de partida que não pode ficar nos limites do espaço de três dimensões.
____Esta contradição é resolvida tão logo admitamos uma região de quatro dimensões em que vivem aqueles seres inteligentes e invisíveis, que tantas vezes nos mostram o seu poder, os quais podem também desviar raios de luz que se acham difundidos na direção da quarta dimensão de modo a convergirem na nossa direção do espaço de três dimensões.
____Nós, igualmente, por meio do reflexo e refração da luz podemos desviar os seus raios de tal maneira que mudamos o seu ponto de partida para lugar diverso do verdadeiro. Desse desvio de raios luminosos depende a maioria das ilusões fisico-ópticas. Sendo fenômenos luminosos semelhantes muito freqüentes em sessões espíritas, tendo sido testemunhados, entre outros, por Crookes(*) publicamente, deve ser-me permitido chamar a atenção de outros observadores para as circunstâncias acima mencionadas.
____Para uma determinação aproximada de um ponto de divergência dos raios de tais fenômenos luminosos, recomendo o seguinte meio como o mais simples: Fenômenos luminosos são apreciáveis por meio de um binóculo de teatro com cujo emprego o objeto pode ser muito afastado.
____Objetos a tão pouca distância como os que se acham num aposento exigem um modo particular de assestar o binóculo. A distância determinada pela peça ocular da objetiva nos proporciona o meio, de acordo com as leis da ótica, de determinar a distância do objeto, isto é, dos pontos luminosos que espargem os seus raios no espaço.
____Se, porém, descobrir-se em relação aos fenômenos luminosos espíritas, que a divergência dos raios não coincide com a distância dos pontos luminosos, a diferença dessas duas distâncias indicará a extensão de uma linha alcançando a quarta dimensão e por esse meio terá sido dado o primeiro passo para precisar por meio de determinações quantitativas o campo do espaço de quatro dimensões.
____Tal observação na história dos Fenômenos de Desmaterialização seria comparável às primeiras determinações das paralaxes na história da Astronomia, ao que devemos as primeiras concepções aproximadas da distância da Lua, o corpo celeste mais próximo de nós.
____Mencionarei de passagem que os fenômenos luminosos acima descritos se repetiram em duas noites mais, a 9 e 19 de maio, em idênticas circunstâncias e em presença de muitos que se achavam reunidos para tomarem chá. Nessas ocasiões, para melhor observar Slade e o fenômeno me sentei a seu lado. A única diferença apreciável no fenômeno consistia na cor da luz, sendo nessa ocasião de um amarelo avermelhado em vez de um azul esmaecido.
____Será conveniente em futuras e idênticas observações munirem-se os observadores de um espectroscópio a fim de examinarem a natureza dessas luzes. Para terminar, mencionarei uma sessão que se realizou com Slade às 5 horas da tarde de 15 de dezembro de 1877 no gabinete de costume, em casa do meu amigo Hoffmann, estando também presente a sua esposa. Achava-se o aposento fracamente iluminado, a fim de verificarmos se a presença de Slade (como se deu com a presença da Srta. Cook, uma mocinha de 15 anos, fato descrito por Crookes sob a epígrafe Formas e rostos de Fantasmas) conseguiria provocar a aparição de um desses fantasmas.
____Improvisamos um gabinete amarrando em diagonal uma corda em toda a extensão da sala em frente ao meu lugar do costume, cerca de dois metros acima do assoalho e da largura mais ou menos da mesa. Sobre a corda colocamos uma cortina, à sua direita a Sra. Hoffmann e à minha von Hoffmann. Tínhamos colocado as mãos na mesa quando me lembrei que nos faltava uma campainha.
____Nesse momento uma que se achava sobre o aparador começou a tocar à distância pelo menos de dois metros da mesa. Vimos a campainha descer do lugar onde se achava para o chão e aos pulos encaminhar-se para debaixo da mesa. Feito isto, a campainha pôs-se a tocar animadamente e uma mão repentinamente apareceu pela parte superior da cortina com a campainha e a depositou sobre a mesa entre nós.
____Formulei o desejo de um momento apertar essa mão. Apenas o fiz, apareceu novamente a mão. Enquanto com a minha direita segurava ambas as mãos de Slade, com a esquerda apertava a que me aparecia por cima da cortina. Deste modo cumprimentei um amigo do outro mundo. Essa mão tinha todo o calor vital e retribuiu-me o aperto com toda a efusão. Depois de soltar a mão, tomei uma lousa de escrever e propus ao Espírito que experimentássemos as nossas forças, pedindo-lhe que procurasse arrancar-me a lousa das mãos.
____Aceito o desafio, o Espírito pegou em uma extremidade da lousa enquanto eu retinha a outra. Nos diversos puxões notei os mesmos movimentos musculares como se fosse um homem que segurasse a outra extremidade da lousa. Por um forte puxão fiquei com a lousa em minhas mãos.
____Enquanto pensava no que acabava de se passar, vi de repente emergir acima da cortina um corpo semicircular brilhando com uma luz fosforescente do tamanho de uma cabeça humana. Movia-se de um lado para outro acima da cortina e pareceu-nos pertencer a uma forma luminosa que se achava por detrás da tapagem.
____Aproximando-se do lado onde se achava Slade, tornou-se completamente visível. Slade recuou assustado, o que nos fez rir e a forma imediatamente se afastou para trás da cortina e do lado oposto tornou a mostrar-se até meio corpo.
____Não podíamos distinguir feições ou membros. Em intensidade e cor, a luz fosforescente assemelhava-se à observada nos tubos de Geissler. Senti muito não ter comigo o meu espectroscópio, de modo a poder examinar com mais fidelidade a natureza da luz emitida.

____(*) Nota sobre uma Investigação de Fenômenos chamados Espíritas por William_Crookes,* membro da Sociedade Real de Ciências de Londres, 1864. W. Crookes enumerou e descreveu treze classes de fenômenos por ele verificados e observados na sua própria casa, estando presentes somente amigos seus e o médium.
____Da classe 8ª: Aparições luminosas. Diz ele: Sendo estes um tanto esmaecidos, é necessário que o aposento esteja às escuras. Escusado é lembrar aos meus leitores que todas as precauções foram por mim tomadas, a fim de não sermos enganados por óleo fosforizado ou outros meios. E ainda a maior parte destas luzes são de tal natureza, que tenho procurado imitá-las sem porém tê-lo conseguido.
____Com as maiores precauções, vi um corpo sólido luminoso do tamanho e quase da forma de um ovo de perua flutuar sem rumo em todas as direções do aposento, algumas vezes muito alto e outras vezes descendo ao chão.
____Conservou-se visível por mais de 10 minutos e antes de desaparecer bateu na mesa três pancadas que produziram o mesmo ruído de um corpo sólido. Durante esse tempo o médium conservava-se recostado em uma cadeira de braços, aparentemente em estado de insensibilidade. Tenho visto pontos luminosos moverem-se pelo aposento e descansarem sobre a cabeça de diversas pessoas. Responderam a perguntas minhas levantando e abaixando fortes focos de luz diante dos meus olhos um certo número de vezes. Tenho visto centelhas de luz voarem da mesa até o teto e em seguida descerem e baterem na mesa com um ruído bem perceptível. Recebi uma comunicação alfabética que me foi transmitida por um facho luminoso enquanto a mão se movia entre essas luzes. Vi uma nuvem luminosa flutuar até um quadro. Sob a mais severa precaução, mais de uma vez foi colocado nas minhas mãos um corpo sólido, cristalino e luminoso por uma mão que não pertencia a nenhum dos circunstantes. Com luz vi uma nuvem luminosa flutuar sobre um girassol num dunquerque, quebrar uma folha e levá-la a uma senhora. Por diversas ocasiões vi uma nuvem idêntica e bem visível tomar a forma de uma mão e carregar em diversas direções pequenos objetos.

____* Nota do tradutor J.T.P.: A obra a que o tradutor em língua portuguesa, no seu fervor doutrinário, dá o longo título de Nota sobre uma Investigação de Fenômenos chamados Espíritas nada mais é do que aquela que William Crookes publicou em Londres em 1874: Researches into the Phenomena of Spiritualism (Pesquisas acerca dos Fenômenos de Espiritualismo). Essa obra foi publicada em língua portuguesa pela editora FEB, sob o título Fatos Espíritas.

[112 - Capítulo XII] - Zöllner (1834 - 1882)

Informações de Zöllner a respeito da força utilizada pelos Espíritos nos fenômenos de transporte de corpos pesados.

____Já observei no meu primeiro volume que no interior de todos os corpos há forças elétricas potencialmente latentes, que se fossem subitamente soltas poderiam produzir uma explosão, cujos efeitos seriam muito mais enérgicos do que os da dinamite. Eu já escrevi:

  • “Está provado que a energia elétrica existente em um miligrama de água (ou de qualquer_outro_corpo) poderia, se solta repentinamente, produzir o mesmo deslocamento que a explosão de uma carga de 16,7 quilos de pólvora, no maior dos canhões até agora existentes, pode imprimir a uma bala de 5,20 quilos.
    ____Em presença de um médium, desenvolve-se o que se chama força catalítica, até agora de nós desconhecida e que uma vez desenvolvida converte em força ativa uma pequena parte da energia potencial armazenada em todos os corpos.
    ____Há 50 anos passados não poderia um fisicista com impunidade afirmar publicamente a existência provável de “forças até agora desconhecidas para nós” sem sujeitar-se a ser enxovalhado por escritores anônimos, pelos “jornais sérios”, e isto se prova pelas seguintes palavras do então professor de Física da Universidade de Meidelberg no ano de 1829:
    • “Não poucos, e entre estes, conhecidos investigadores, têm chegado à conclusão da existência de diversas forças desconhecidas na Natureza e especialmente no homem. Certamente não se poderá a priori negar a possibilidade da sua existência, por cuja ação muitos fenômenos até agora desconhecidos do processo vegetal e animal podem ser explicados. Mas também deve-se recomendar a maior circunspecção e cuidado ao fisicista que se propuser investigar essa suposição.

(Ver: Estrutura da matéria)

[112 - páginas 108/109] - Zöllner (1834 - 1882)

Dedicatória de Zöllner, no seu livro "PROVAS CIENTÍFICAS DA SOBREVIVÊNCIA" a Sir William Crookes , membro da Sociedade Real de Ciências de Londres

____Com o mais elevado sentimento de gratidão e reconhecimento pelos serviços prestados por vós a uma nova ciência, eu vos ofereço, respeitabilíssimo colega, o terceiro volume dos meus Tratados Científicos.
____Por uma coincidência notável, as nossas investigações científicas se encontraram no mesmo terreno, fornecendo à humanidade admirada uma nova classe de fenômenos_físicos que proclamam bem alto e de um modo não mais duvidoso a existência de um outro mundo material de seres inteligentes. Como dois solitários viajores que, alegres, se cumprimentam ao se encontrarem depois da dissipação de intenso nevoeiro, que encobria o cume a que aspiravam chegar, eu me rejubilo em vos ter encontrado, corajoso batalhador, neste novo campo científico.
____Sobre vós também ingratidão e ridículo têm sido atirados, com a máxima liberalidade, pelos cegos representantes da ciência moderna e pelas multidões mal guiadas pelos seus ensinamentos.
____Seja a vossa consolação a certeza de que o imortal esplendor com que os nomes de Newton e Faraday ilustram a história do povo inglês nunca poderá ser obscurecido, nem mesmo pelo declínio político dessa grande nação. Assim também o vosso nome sobreviverá na história da cultura intelectual, juntando um novo adorno aos mais com que a nação inglesa já ornou a raça humana.
____A vossa coragem, a vossa admirável penetração nas investigações e a vossa incomparável perseverança vos erigirão um monumento nos corações agradecidos da posteridade, indestrutível como os mármores das estátuas de Westminster.
____Aceitai, pois, a presente obra como sinal de agradecimento e simpatia, vertidos do coração honesto de um alemão.
____Se algum dia o ideal da paz universal for realizado, será indiscutivelmente o resultado não de discursos e de agitações políticas, dos quais sempre a vaidade humana exige o seu tributo, mas sim do progresso dos conhecimentos científicos, pelo que teremos de agradecer a verdadeiros heróis como Copérnico, Galileu, Kepler, Newton, Faraday, Wilhelm Weber e vós!
____Em primeiro lugar torna-se necessário que a verdade seja dita sem restrições, de modo a enfrentar, com toda a energia, as mentiras e a tirania, seja sob que aspecto for, que procurem impedir o progresso humano. Neste sentido, peço-vos que julgueis da luta que tenho sustentado contra as ofensas morais e científicas, não só no meu como também no vosso país.
____Toda a polêmica, mesmo as mais justas, têm em si qualquer coisa de antipático, apresentando o aspecto de um sanguinolento campo de batalha. Mesmo nisso é o homem intimado a recordar-se positivamente das imperfeições e fraqueza da sua vida terrena.
____A poesia e a história de todos os povos glorificam os campos de batalha saturados do sangue dos seus nobres filhos e, à sua volta, a primeira vem encontrar as cruzes que marcam os túmulos dos heróis tombados, adornados de rosas e saudades no lugar onde um ano antes de digladiavam até à morte.
____Assim para o futuro parecerá às gerações vindouras esse campo de batalha literário. Elas terão compreendido a necessidade moral da luta e, no esplendor matutino de uma nova era da cultura humana, se terá apagado da sua lembrança a parte antipática da minha polêmica.
____A Inglaterra e a Alemanha sempre se hão de lembrar das palavras do vosso grande Sir David Brewster, que na sua Vida de Newton relembra a indestrutibilidade e a imortalidade das obras do gênio humano:


  • ____“Os empreendimentos humanos, como a fonte de que emanam, são indestrutíveis. Atos de legislação e feitos de guerra podem conferir aos seus autores grande celebridade, porém a glória que eles trazem é somente local e temporária e, enquanto são glorificados pela nação que eles beneficiam, por outro lado são amaldiçoados pelo povo a quem arruínam ou escravizam.
    ____Os labores da Ciência, pelo contrário, não acarretam má conseqüência alguma. São a dádiva generosa de grandes cérebros para todos os indivíduos da sua espécie e, quando bem acolhidos, se tornam o consolo da vida privada e o ornamento e fortaleza do bem-estar comum.”

____Com estas consoladoras palavras de um dos vossos célebres patrícios, aceitai, meu distinto amigo, a presente obra como sinal da sincera estima do

Autor

Leipzig, 1º de outubro de 1879.

[112 - páginas 23/25] - Zöllner (1834 - 1882)

Ver também:

*