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O escolho com que topa a maioria dos médiuns principiantes é o de
terem de haver-se com Espíritos_inferiores e devem dar-se por felizes quando são
apenas Espíritos_levianos. Toda atenção precisam pôr em que tais Espíritos não
assumam predomínio, porquanto, em acontecendo isso, nem sempre lhes será fácil
desembaraçar-se deles. É ponto este de tal modo capital, sobretudo em começo, que, não
sendo tomadas as precauções necessárias, podem perder-se os frutos das mais
belas faculdades.
Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência dos
maus Espíritos, ainda mais importante é que não caia por espontânea
vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado desejo de escrever não o leve a considerar
indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo para mais tarde se livrar dele,
caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja para o que for, a
assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague caro os
serviços.Algumas pessoas, na impaciência de verem desenvolver-se em si as faculdades_mediúnicas, desenvolvimento que consideram muito demorado, se lembram de buscar o auxílio de um Espírito qualquer, ainda que mau, contando despedi-lo logo. Muitas hão tido plenamente satisfeitos seus desejos e escrito imediatamente. Porém, o Espírito, pouco se incomodando com o ter sido chamado na pior das hipóteses, menos dócil se mostrou em ir-se do que em vir. Diversas conhecemos, que foram punidas da presunção de se julgarem bastante fortes para afastá-los quando o quisessem, por anos de obsessões de toda espécie, pelas mais ridículas mistificações, por uma fascinação tenaz e, até, por desgraças materiais e pelas mais cruéis decepções. O Espírito se mostrou, a princípio, abertamente mau, depois hipócrita, a fim de fazer crer na sua conversão, ou no pretendido poder do seu subjugado, para repeli-lo à vontade.
A seguir, um caso de influenciação citado por André Luiz:
" ... é verdade, mamãe. Enormes são as nossas imperfeições.
Creia que a minha situação é pior. A senhora experimenta ansiedade, amargura, melancolia... É bem pouco para quem, corno eu, se sente
vítima dos maus pensamentos. Casei-me há menos de oito meses, e, não
obstante o devotamento de minha esposa, tenho o coração, por vezes,
repleto de tentações descabidas. Pergunto a mim mesmo a razão de tais
ideias estranhas e, francamente, não posso responder. A invencível atração
para os ambientes malignos confunde-me o espírito, que sinto inclinado ao
bem e à retidão de proceder.— Quem sabe, está você sob a influência
de entidades menos esclarecidas? — considerou a jovem
irmã, com
boas maneiras.— Sim — suspirou o rapaz —, por isso mesmo, venho tentando o desenvolvimento da mediunidade, a fim de localizar a causa de semelhante situação. Nesse instante, o orientador de André Luiz murmurou, desveladamente: — Ajudemos a este amigo através da conversação. Sem perda de tempo, colocou a destra na fronte da menina, mantendo-a sob vigoroso influxo magnético e transmitindo-lhe suas ideias generosas. A menina, a seu turno, pareceu mais nobre e mais digna em sua expressão quase infantil e respondeu firmemente: — Neste caso, concordo em que o desenvolvimento mediúnicodeve ser a última solução, porque antes de enfrentar os inimigos, filhos da ignorância, deveríamos armar o coração com a luz do amor e da sabedoria. Se você descobrisse perseguidores_invisíveis, em torno de suas atividades, como beneficiá-los Cristãmente, sem a necessária preparação espiritual? A reação educativa contra o mal é sempre um dever nosso, mas antes de cogitar de um desenvolvimento_psíquico, que seria talvez prematuro, deveremos procurar a elevação de nossas ideias e sentimentos. Não poderíamos contar com uma boa mediunidade sem a consolidação dos nossos bons propósitos; e para sermos úteis, nos reinos do Espírito, cabe-nos aprender, em primeiro lugar, a viver espiritualmente, embora estejamos ainda na carne." [16a - página 48] |
Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência dos
maus Espíritos, ainda mais importante é que não caia por espontânea
vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado desejo de escrever não o leve a considerar
indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo para mais tarde se livrar dele,
caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja para o que for, a
assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague caro os
serviços.