PARASITISMO NOS REINOS INFERIORES
____Comentando as ocorrências da obsessão
e do vampirismo no veículo
fisiopsicossomático, é importante lembrar os fenômenos do parasitismo nos remos inferiores da Natureza.
____Sem nos reportarmos às simbioses fisiológicas, em que microorganismos
se albergam no trato intestinal dos seus hospedadores, apropriando-se-lhes dos
sucos nutritivos, mas gerando substâncias úteis à existência dos anfitriões,
encontraremos a associação parasitária, no domínio dos animais, à maneira
de uma sociedade, na qual uma das partes, quase sempre após insinuar-se com astúcia,
criou para si mesma vantagens especiais, com manifesto prejuízo para a outra,
que passa, em seguida, à condição de vítima.
____Em semelhante desequilíbrio, as vítimas se acomodam, por tempo indeterminado,
à pressão externa dos verdugos; contudo, em outras eventualidades, sofrem-lhes
a intromissão direta na intimidade dos próprios tecidos, em ocupação
impertinente que, às vezes, se degenera em conflito destruidor e, na maioria
dos casos, se transforma num acordo de tolerância, por necessidade de adaptação,
perdurando até à morte dos hospedeiros espoliados, chegando mesmo a originar
os remanescentes das agregações imensamente demoradas no tempo, interferindo
nos princípios da hereditariedade, como raízes do conquistador, a se
entranharem nas células que lhes padecem a invasão nos componentes protoplasmáticos,
para além da geração em que o consórcio parasitário começa.
em
razão disso, apreciando a situação dos parasitas,
perante os hospedadores, temo-los por:
- ectoparasitas,
quando limitam a própria ação às zonas de superfície,
- e endoparasitas,
quando se alojam nas reentrâncias do corpo a que se impõem.
____Não será lícito esquecer, porém, que toda simbiose exploradora de longo
curso, principalmente a que se verifica no campo interno, resulta de adaptação
progressiva entre o hospedador e o parasita, os quais, não obstante reagindo um
sobre o outro, lentamente concordam na sociedade em que persistem, sem que o
hospedador considere os riscos e perdas a que se expõe, comprometendo não
apenas a própria vida, mas a existência da própria espécie.
[56 - página 111] - Uberaba-MG, - 19/3/1958
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