O Método de comprovação mediúnica utilizado por Allan Kardec



Allan Kardec utilizou o método racional-intuitivo na investigação e comprovação dos fatos mediúnicos, bem como na Codificação da Doutrina Espírita.

Atentemos para as suas palavras:

    • (...) Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método experimental;
    • nunca elaborei teorias preconcebidas;
    • Observava cuidadosamente, comparava, deduzia conseqüências;
    • dos efeitos procurava remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo por válida uma explicação, senão quando resolvia todas as dificuldades da questão (...).
    • Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender;
    • percebi naqueles fenômenos a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da Humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida.
    • Era, em suma, toda uma revolução nas ideias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspecção e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir." (1)


Allan Kardec não se manteve preso às ideias do Positivismo; foi além deste.

A filosofia positivista, elaborada por Auguste Comte (1798-1857), estabelecia que “(...) todo conhecimento científico e filosófico deve ter por finalidade o aperfeiçoamento moral e político da humanidade.” (2)

Para tanto, só o conhecimento dos fatos é fecundo e qualquer certeza só é determinada pelas ciências experimentais, através das suas leis.

Naturalmente que nem todos os fatos sociais, mesmo alguns das ciências, podem ser reduzidos a leis.

Esta é a fragilidade maior do Positivismo.

Na verdade, as ciências humanas têm demonstrado que é complexo, difícil mesmo, estabelecer padrões (ou leis), por exemplo, na área comportamental ou na afetiva.

Neste sentido Kardec foi além, teve lucidez para não desprezar o valor da intuição.

É importante assinalar que a intuição só passou a merecer maior crédito da Ciência e dos cientistas há relativamente pouco tempo, com as contribuições de Henri Bergson (1859-1941) e Edmund Husserl (1859-1938), apesar de ter sido destacada por Platão (427 ou 428)(348 ou 347 a.C.), na Antigüidade, sob o nome de visão (nóesis) das ideias.

Ao utilizar o método racional-intuitivo na investigação do fenômeno mediúnico, Allan Kardec teve condições para elaborar, sistematizar e vulgarizar (=tornar público, notório) a Doutrina Espírita, em etapas ou processos contínuos.

Eis o que Kardec nos afirma:

"Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subseqüentemente explicar e resumir os fatos. É , pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. (...)" (3) “(...) Tanto da parte dos Espíritos, como da dos homens, Kardec não aceitou, sem antes passá-los pelo crivo da razão, quaisquer ensinos como princípios autênticos, inquestionáveis, definitivos, a serem incorporados à Doutrina" (4)



(1) -Obras Póstumas. Trad. de Guillon Ribeiro. 28 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, p. 13. Biografia de Allan Kardec

(2)-GADOTTI, Moacir. História das ideias Pedagógicas. 5. ed. SãoPaulo, SP: àtica, 1997. Cap. 8, p. 107. O pensamento pedagógico positivista.

(3)-KARDEC, Allan. A Gênese. Trad. de Guillon Ribeiro. 37 ed. Rio de janeiro: FEB, 1999. Cap. I. Item 14,p. 20. caráter da revelação Espírita.

(4)-WANTUIL, Zêus e THIESEN, Francisco. Allan Kardec. (Meticulosa Pesquisa Bibliográfica). 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999, v. 1. p. 29. Nascimento. Progenitores.

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