Casamento:

Braz Esteves

Leonor Leme

Nasceu no dia na Ilha da Madeira-Portugal; faleceu antes de 1633 em São Paulo-SP

[76]

Nasceu no ano1542 em óbidos-Portuga, veio casada da Ilha da Madeira com Braz Teves, faleceu no ano1633 em São Paulo-SP, com testamento

[76]

Leonor Leme seria neta ou nora de Paulo Rodrigues.

http://www.projetocompartilhar.org/SAESPp/leonorleme1633.htm

(Bisavós do bandeirante Fernão Dias Paes Leme)


Filhos:

  1. Matheus Leme, casado com Antônia Chaves;

  2. Pero Leme, o velho, segundo, nasceu aprox. 1566 em São Vicente-SP; faleceu após 1640; casado com (1) Maria de Oliveira; casado com (2) Helena do Prado

  3. Aleixo Leme c.c. Ines Dias,
    pais de:
    1. Aleixo Leme c.c. Catarina Gomes, f.a de Lourenço Gomes Ruxaque e de Isabel Rodrigues. Tit. Bonilhas. (cremos ser o falecido em 1646 (C. O. de S. Paulo) e teve:
      • 1 Lourenço, com 17 anos.
      • 2 Manuel
      • 3 Domingos
      • 4 Ines, com 1 ano em 1666.

    2. Luzia Leme c.c. Capitão Francisco de Alvarenga, natural de S. Paulo, foi morador em Parnaíba, de cujo governo teve as rédeas e aí foi capitão. Filhos, conforme testamento abaixo:
      1. Ana Ribeiro, segunda, casada com João Bicudo de Britto;
      2. Francisca Ribr.ª casada com Fr.co Bicudo de Britto;
      3. Francisca Leme de Alvarenga, casada com Domingos Bicudo de Britto;
      4. Luzia Leme de Alvarenga, solteira em 1653, casou logo depois com Fernando Bicudo de Brito, fallleceu em 1688 em Guaratinguetá onde foi morador, depois de casado em Parnahyba com Luzia Leme de Alvarenga. Filhos:
        1. Roque Bicudo Leme
        2. Fernando Bicudo de Brito
        3. ------------, casada com Manoel de Goes Raposo.

        4. Subsídios à Genealogia Paulistana (Bartyra Sette) - Faleceu Luzia Leme de Alvarenga em 1690.
          1. filha, casada com Manoel de Góes Andrade (como assina no inventário da sogra
          2. Jose Bicudo, testamenteiro materno
          3. Domingos Bicudo de Brito, idem.

      5. Frei Bento da Trindade
      6. Antonio Pedroso de Alvarenga c.c. Maria Bicudo de Brito
      7. Aleixo Leme de Alvarenga, natural de Parnaíba, foi casado com Anna de Proença, filha de Balthazar Fernandes e de Izabel de Proença. Faleceu em 1675 com testamento e teve (C. O. S. Paulo) filha única legítima:
        1. Luzia Leme que foi casada com João de Godoy Pinto.

      8. Tomasia Ribeiro de Alvarenga c.c. Francisco Bicudo de Brito, pais de:
        1. Fco - Francisco Bicudo de Brito
        2. M.ª - Maria Ribeiro de Alvarenga, nasceu em Taubaté-SP c.c. Manuel Antunes Barboza, conforme inventário abaixo e [19]
        3. Luzia - Luzia Leme, terceira
        4. Anna - Anna Ribeiro
        5. Fr.ca - Francisca Leme
        6. outra menina

      9. Sebastião Leme de Alvarenga (Sebastião Pedrozo de Alvarenga)
      10. Maria Leme de Alvarenga casada com Antonio Bicudo de Britto, conforme inventário abaixo
      11. Ines Dias de Alvarenga
      12. Uma filha que casou com Antonio Correia da Silva;

      13. alem da filha legitima, deixou 5 filhos bastardos, de uma negra da terra, que são:
        • 1- João Leme, sertanista citado por Carvalho Franco (DBS) e Ellis Junior (O Bandeirantismo...fls 273 e 274)
        • 2- João Pedroso (identificável com um dos primeiros descobridores de ouro nas gerais, citado por Basílio de Magalhães)
        • 3- Domingos Leme
        • 4- Maria Ribeiro, casada com Francisco Pires
        • 5- Paula Leme

  4. Braz Esteves Leme
  5. Lucrécia Leme, faleceu no dia 1 Julho 1641 em São Paulo-SP casada com seu tio Fernando Dias Paes I (irmão de Leonor Leme), nasceu em Abrantes- Santarém-Portugal; faleceu no dia 5 Outubro 1605 em São Paulo-SP. Avós do bandeirante Fernão Dias Paes Leme - Caçador de Esmeraldas - http://www.jbcultura.com.br/gde_fam/pafg68.htm#1628. Filhos:
    • 1-1 Izabel Paes § 1.º, nascida por 1578
    • 1-2 Leonor Leme § 2.º, nascida por 1573.
    • 1-3 Fernão Dias Paes Leme § 3.º, nascido por 1576 casou com Catharina Camacho. Foi o fundador da aldeia de Imbohu (MBoy), hoje Embú com o grande número de índios que trouxe do sertão com o poder de suas armas. Esta aldeia foi, por uma escritura de doação entre marido e mulher, cedida aos padres da Companhia de Jesus do colégio de S. Paulo, onde estava recolhido o único Padre Francisco de Moraes (o Malagueta). http://jlnogueira.vilabol.uol.com.br/pafg335.htm
    • 1-4 Maria Leme § 4.º, nascida por 1578
    • 1-5 Pedro Dias Paes Leme § 5.°, * 1583 c † 1635 , casou com Maria Leite da Silva [Furtado] * 1591 c † 1670. Tiveram 8 filhos (e pelo menos mais um, natural, do Gov. Fernão Dias): (3.61, 78, DB.221, SL.2.455, 7.452 e VT.1.61):
    • 1-6 Luzia Leme § 6.º, nascido por 1587
    • 1-7 Luiz Dias Leme § 7.º

PROJETO COMPARTILHAR
Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira
www.projetocompartilhar.org
contato@projetocompartilhar.org

SL. 2, 186, Leonor Leme, f.ª de Pedro Leme e de sua 2.ª mulher Luzia Fernandes, veio casada da Ilha da Madeira com Braz Teves. Faleceu Leonor Leme com testamento em 1633 em S. Paulo no estado de viúva e teve os 5 f.°s seguintes (C. O. de S. Paulo):

Subsídios à Genealogia Paulistana (Regina Junqueira)

Neste inventário é digno de nota a declaração que faz Pedro Leme, filho da inventariada, ao fim do processo.

Diz ele que sua mãe era herdeira na fazenda de Gaspar de Brito, do que ficou de Paulo Rodrigues. Infelizmente, da relação que tinha Leonor com Paulo Rodrigues sobrou apenas a letra inicial “n...”.

Pela lei herdavam, pela ordem:

  • 1. Os descendentes (filhos, na falta os netos, na falta os bisnetos)
  • 2. Ascendentes (pais, avós na falta dos pais)
  • 3. Laterais (irmãos, sobrinhos, sobrinhos netos etc, uns na falta dos mais)

Por vezes, noras e genros herdam por seus cônjuges, como neste inventário de Leonor Leme, onde Ines Dias recebe por seu falecido marido.

Assim, Leonor Leme seria neta ou nora de Paulo Rodrigues.

A ser neta, sua mãe Luzia Fernandes, da terra, teria ido com o marido a Portugal onde Leonor declarou ter nascido (Depoimentos Anchietanos).

A ser nora, seu marido Braz Esteves teria nascido na Capitania, filho de Paulo Rodrigues

LEONOR LEME, a velha

Inventário e Testamento

Vol 9, fl 5

Data: 31-1-1633

Local: Vila de São Paulo, em casa de Pedro Leme

Juiz: Dom Francisco Rendon de Quevedo

Declarante: Pedro Leme, o velho, filho da inventariada

Avaliadores: Manoel da Cunha e Francisco Gaia

TITULO DOS FILHOS

  • 1. Matheus Leme
  • 2. Pero Leme, o velho
  • 3. Aleixo Leme
  • 4. Braz Esteves
  • 5. Lucrécia Leme

TESTAMENTO

Em nome de Deus Amem

Saibam quantos esta cédula de testamento virem como no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e vinte e nove anos estando eu Leonor Leme com todos os cinco sentidos e perfeito juízo que o senhor Deus me deu determinei fazer este meu testamento para nele descarregar minha consciência e declarar as cousas seguintes.

Primeiramente encomendo a minha alma a Deus Todo Poderoso que a criou e remiu com seu precioso sangue e à Virgem Maria sua Mãe peço e rogo e a tomo por minha advogada diante de seu Bento Filho para que me alcance perdão de meus pecados e que me leve à sua santa glória, amém.

Deixo que se digam cinco missas a honra das cinco chagas de meu Senhor Jesus Cristo para que haja misericórdia com minha alma.

Deixo que se digam nove missas a honra dos nove meses que trouxe ao seu Bendito Filho ao seu ventre que cita rogue ao seu Bento Filho me alcance perdão de meus pecados.

Deixo à casa de Santo Ignacio da Companhia de Jesus desta vila de São Paulo dois mil réis de esmola os quais se pagarão em pano de algodão ou no que houver por casa adonde mando que se enterre o meu corpo como irmã que sou.

Declaro que fui casada com Braz Esteves a olhos e face da Santa Madre Igreja do qual tive e tenho vivos quatro filhos machos e uma fêmea os quais são herdeiros de minha fazenda/declaro demos de casamento a minha filha Lucrécia cem cruzados e lhe demos mais três peças do gentio da terra reportando-me no demais ao testamento de meu marido Braz Esteves que Deus tem.

E declaro que as missas que se me hão de dizer que atrás estão declaradas serão ditas e rezados por diversos padres.

Declaro que deixo por meu testamenteiro a meu filho Pedro Leme que tenha cuidado de mandar cumprir este meu testamento.

Declaro que aparecendo algum testamento afora este se lhe não dê crédito nem se faça obra por ele que só este hei por valioso por ser minha última e derradeira vontade ao qual roguei a Manoel Esteves que este me fizesse por eu ser mulher e não saber escrever e assinasse por mim// E assino pela testadora e por mim como testemunha Manoel Esteves/ Leonor Leme

E peço e rogo às justiças de sua Magestade que este meu testamento mandem guardar e cumprir assim como nele o declaro por assim ser a minha última e derradeira vontade e me torno a assinar por Manoel Esteves que este fez a meu rogo hoje 5 de junho da era de mil seiscentos e vinte e nove anos // Assino pela testadora por não saber escrever // Leonor Leme – Gaspar Gomes – Lucas Fernandes Pinto – Custódio Nunes Pinto – Antonio Nunes da Costa – Bastião de Freitas – Domingos Machado o moço – Pero Gonçalves

Declaro outrossim que pelas boas obras e bom tratamento que de minha Madalena tenho recebido em gratidão do que a deixo livre e desembargada de servidão nenhuma a ninguém que como tal poderá ela e seus filhos ir por onde quiserem e mais gosto quiser por verdade do qual roguei a Diogo Leite Paes que este fizesse e assinasse como testemunha e assim peço às Justiças de Sua Magestade este mandem cuprir e guardar em todo tempo em 27 dias do mes de .... de 1631. Assino por ela testadora Diogo Leite PaesFernão DiasPedro Dias.

CUMPRA-SE: 13-1-1633

3-6-1634: A índia Madalena pede sua alforria ao juiz Domingos Cordeiro no que é atendida.

Seguem as avaliações

BENS

  • Uma casa na roça de dois lanços coberta de telha e um lanço de palha... 8$000
  • Terras em São Vicente no Outeiro onde estava Jorge Rodrigues Deniza
  • Uma casa de taipa de mão coberta de telhas ...15$000
  • Duas braças de chãos na vila vizinhas à sua casa para a banda do rio caminho dos Pinheiros
  • Ferramentas
  • Roupas
  • Roupas de casa
  • Galinhas
  • Tachos
  • Um tapanhuno .....30$000
  • Roça

MONTE MOR: 115$580

DIVIDAS

  • Deve a Antonio Alves, Gaspar Gomes, Manoel Godinho de Lara e João Rodrigues de S. Vicente

Citados para partilhas:

  • 1. Pero Leme o Velho
  • 2. Domingos Leme como procurador de seu pai Mateus Leme
  • 3. Lucrécia Leme (não quis herdar)
  • 4. Francisco Leme, procurador de sua mãe Ines Dias, viuva

Quinhão de cada herdeiro: 27$340. Receberam:

  • 1. Ines Dias
  • 2. Pero Leme
  • 3. Braz Esteves
  • 4. Mateus Leme

“E declarou Pero Leme que sua mãe era herdeira na fazenda de Gaspar de Brito ha que herdar do que ficou por falecimento de Paulo Rodrigues como sua n... que era.”

“E logo no mesmo dia por os herdeiros foi requerido ao juiz dos órfãos que lhe requeriam não entregasse o quinhão de Braz Esteves até não declarar o que tinha recebido de sua mãe em sua vida por seu juramento e o dito juiz mandou escrever seu requerimento Ambrósio Mendes tabelião escreví.”

FERNãO DIAS PAES LEME

  • Descendente dos primeiros povoadores da capitania de São Vicente, Fernão Dias Paes Leme participou do desbravamento dos sertões que hoje constituem os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Integrou a famosa Bandeira de Raposo Tavares em 1638.
  • Em 1640 participou da expedição que expulsou os holandeses das vilas do litoral, ameaçando desembarcar em São Vicente. Exerceu várias funções na câmara de São Paulo e em 1650 administrou a construção do Mosteiro de São Bento, sendo eleito juiz ordinário no ano seguinte.
  • Em 1653 promoveu uma reconciliação entre paulistas e jesuítas, mas em 1661 empreendeu novas expedições em busca de escravos indígenas. Retornou em 1665 com mais de 4 mil índios, mas, sem conseguir vendê-los, passou a administrá-los numa aldeia às margens do Rio Tietê.
  • Em 1671 recebeu ordens do governador Afonso Furtado de Castro para penetrar no sertão em busca das esmeraldas da serra de Sabarabuçu. À sua frente foram Bartolomeu da Cunha Gago e Matias Cardozo de Almeida, com a missão de plantar roças de mantimentos.
  • A bandeira das esmeraldas partiu de São Paulo em 1674, quando Fernão Dias já estava com 66 anos. Faziam parte dela 600 homens - a maioria índios - seu genro, Borba Gato, e os filhos Garcia Rodrigues Paes e Jose Dias Paes (que conspirou contra o pai, e foi enforcado por ele, a título de exemplo).
  • Durante sete anos, o bandeirante explorou o território das Minas Gerais, a partir das cabeceiras do rio das Velhas, seguindo rumo ao norte até a zona do Serro Frio, onde havia o ouro, logo depois descoberto pelos paulistas.
  • Não descobriu as esmeraldas, pois as pedras verdes que encontrou eram, como as anteriores, turmalinas. Mesmo assim Fernão Dias Paes Leme ficou conhecido como "o Caçador de Esmeraldas".Vitimado pela malária, morreu no arraial de Sumidouro, próximo a Sabará, nas Minas Gerais Seus ossos e os de sua esposa estão sepultados no Mosteiro de São Bento em São Paulo.

http://pagfam.geneall.net/2619/pessoas.php?id=1086272

 

FERNãO DIAS PAES LEME TENTA O
DESCOBRIMENTO DAS ESMERALDAS

Atestado da Camara de Santana de Parnaiba
sobre a expedição de Fernão Dias:
(datado de 20 de dezembro de 1681)


"Nós os officiaes da Camara da villa de Parnahyba que servimos neste presente anno de 1681, abaixo assignados certificamos que o governador Fernando Dias Paes Conhecendo que o descobrimento das esmeraldas totalmente se ia reduzindo a termo inaccessivel pelo infeliz exemplo de ficarem frustrados as mais poderosas diligencias, como foram as do almirante João Correa de Sá e a do governador Agostinho Barbalho Bezerra e outros muitos se resolveu a conseguil-o em tempo que seus annos pediam a continuação do socego que lograva em sua patria e não a resolução de descortinar a terrivel aspereza daquelles desertos. Atropelando as difficuldades em que visivelmente ariscava seu credito e a mesma vida, com dispendio da maior parte de sua fazenda, que sendo grossa lhe não era necessario menos para os aprestos, sem fazer gastos a fazenda real, como fazem os mais que andam no servigo da corôa. Para effeito de conseguir a jornada pela impossibilidade de alguns homens que o queriam acompanhar lhes deu todo o necessario de sua propria fazenda e lhes deu indios alugados a sua custa, sem embargo da ordem que tinha do governador geral para levar os que fossem necessarios, o que lhe passou patente de governador daquelle descobrimento e lhe escreveu cartas muito honrosas approvando-lhe o seu zelo e intento, assegurando-lhe felicidade e reaes mercês. Gratificando-lhe, outrosim, o serviço que tinha feito a sua Magestade, que Deus guarde assim na gente que mandou à conquista dos barbaros que por roubarem irreparavelmente aos moradores da Bahia, faziam mortes no contorno daquella cidade, como no emprestimo que fez de seu dinheiro a alguns cabos, que partiram desta capitania para a mesma conquista. Por haver tradicção e constar entre nós de que ha minas de prata no serro de Sabarabossú, emprehendeu o dito governador Fernão Dias Paes tambem este descobrimento por lhe ficar em caminho na viagem das esmeraldas. Para o que se situou na passagem do Sumidouro, onde assistiu tres ou quatro annos, sem poder conseguir a averiguação da verdade, por falta de mineiros, sendo bem sobradas as diligencias. Porque os homens de sua tropa, prevendo a dilação que pedia uma e outra empreza, se despediram de sua com- panhia e obediencia, attentos as particulares necessidades, e ficou o sobre dito Fernão Dias Paes só com a companhia de seu filho Garcia Rodrigues Paes, e seu genro Manoel de Borba Gato e os seus serviços a familiares, e pela de mineiros cuja tardança inutilisava suas deligencias, se resolveu proseguir no descobrimento das esmeraldas. Havendo já mandado a esse fim fabricar outra feitoria em Tucambira, e deixando no Sumidouro ao dito seu genro Manoel de Borba Gato, passou muito alem de Tucambira e se situou em Itamiriudyba, de onde, depois de fazer repetidas diligencias pela vastidão d'aquelles estereis desertos, descobrio as esmeraldas na mesma mina de Marcos de Azeredo. Passados sete annos que estava ausente de sua patria e casa, sem ter outro cuidado todo este tempo mais que a execução do serviço real que tinha emprehendido, e depois de mandar tirar das minas as pedras que bastassem para as amostras, recolhendo-se para Sumidouro, falleceu de peste. Grande parte de seus indios teve a mesma sorte. Ainda depois de morto o perseguiram as calamidades ordinárias do sertão, porque seu cadaver e as amostras das esmeraldas padeceram naufragio no rio que chaman das Velhas em que se perderam as armas e tudo quanto se trazia de seu uso e afogou a gente, porque os indios nadadores se occuparam em salvar as proprias vidas e acudir as amostras como em sua vida lhes tinha recommendado seu senhor cujo corpo se achou depois de muitos dias, à diligencia de seu filho Garcia Rodrigues Paes, que o tinha ido a soccorrer, e chegou ahi depois de sua morte. Recolhendo-se para o Sumidouro recebeu carta do administrador D. Rodrigo de Castello Branco, que nesses dias chegara a Parahybipeba, para onde o sobredito Garcia Rodrigues Paes trouxesse as amostras, para que mandasse fazer termo de manifestação d'ellas e as remettesse à Sua Alteza com brevidade, que elle não podia fazer por os seus indios estarem ainda assustados. Com esta assistencia de sete annos que o dito Fernão Dias Paes gastou no sertão, sem ter outra applicação, que o serviço real, deixou a seus filhos pobres, sua fazenda totalmente desfabricada e sua casa muito empenhada, porque sabemos que deve ao capitão Fernão Paes de Barros mais de um conto de réis e pouco menos a Gonçalo Lopes e João Monteiro e outras dividas menores, que todas se fizeram em razão de cessarem com sua ausencia os lucros de sua lavoura, que importavam cada anno em dois e tres mil crusados, alem de seis ou sete que gastou em aprestos da viagem, sem contar os gastos dos fornecimentos que por ordem do padre João Leite da Silva, seu irmão, lhe foram remettidos por muitas vezes. Em todo o decurso de sua vida mostra Fernão Dias Paes tão grande zelo do serviço real, que parece não queria vida nem fazenda mais que para empregar nos augmentos da corôa. A sua ordinária conversação era sobre a obrigaçao que tinha os vassallos de servir a seu principe; e assim voluntariamente pagou o donativo real nesta villa e na de S. Paulo, tendo uma só fazenda neste termo; e sendo-lhe ordenado que desse calor à jornada do governador Agostinho Barbalho Bezerra para as esmeraldas lhe fez liberalmente parte dos aprestos de mantimentos, que lhe eram necessarios. De todos estes serviços e de outros que de seus papeis constam não recebeu mercê alguma de sua Alteza, pelo que julgamos aos herdeiros do dito defunto Fernão Dias Paes, por merecedores de toda a honra e mercê que o principe nosso Senbor for servido fazer-lhe; e porque todo o sobredito servio os cargos mais honrosos na villa de S. Paulo onde era morador, e era muito zeloso do patriarcha S. Bento, que reedificou dotando-o de bens para sustento de seus religiosos e dos das outras religiões. Na conservação de paz a sua patria se mostrou tão cuidadoso, que porque não chegassem a maior ruina as discordias e parcialidades que entre aquelles moradores havia, foi ao Rio de Janeiro buscar o ouvidor João Velho de Azevedo, e chegados ambos apaziguaram aquellas grandes alterações na restituição dos padres da companhia de Jesus aos seus collegios de S. Paulo e de Santos e na reposição do Vigario Domingos Gomes Albernaz a sua igreja matriz da dita villa de S. Paulo. Quando a inimigo hollandez infestou as costas de S. Vicente e Santos e os capitães mores tocaram a rebate, elle era dos primeiros que com toda a sua gente acudia a soccorrer e fortificar o porto de Santos; e por tudo isto ser verdade o juramos pelos Santos evangelhos, e por nos ser pedida a passamos em camara. Parnahyba, 20 de Dezembro de 1681.


Antonio Cardozo Pimentel
Manoel Franco de Brito
Manoel da Silva Ferreira
Jeronymo Gonçalves Meira
Francisco da Rocha Gralho"


Tambem fez parte da bandeira de Fernão Dias Paes, nos primeiros annos, Francisco Pires Ribeiro a quem alguns attribuem o ardil de por fogo no alcool, assustando os indios que amedrontados de verem seus rios incendiados, entregaram-se aos conquistados. Outros attribuem, como veremos, este engano ao 1.º Anhanguera.


http://www.rootsweb.ancestry.com/~brawgw/parnaiba/sph32.html

 

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