Trisavós:

Domingos Coelho e Isabel João
(Ele , * em Chamusca, Grijo, Vila Nova de Gaia, Porto-Portugal, † a,de 05.01.1732. Ele casado Isabel João. Ela, * em Chamusca, Grijo, Vila Nova de Gaia, Porto-Portugal, † a.de 05.01.1732.)

-

Agostinho Pereira e Marta Rodrigues
(Ele , * em Outeiro, Grijo, Vila Nova de Gaia, Porto-Portugal. Ele casado Marta Rodrigues. Ela, * em Outeiro, Grijo, Vila Nova de Gaia, Porto-Portugal.)

-

Domingos Gomes e Antonia Gomes
(Ele , * em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal. Ele casado Antonia Gomes. Ela, * em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal.)

_

Manoel da Fonseca e Sebastiana de Pinho
(Ele , * em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal. Ele casado Sebastiana de Pinho. Ela, * em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal.)

O avós paternos: Augusto Jose Pereira e Ana Gomes dos Santos
(Casados no dia 22.09.1757 em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal.)

(Ele, * 24.04.1734 em Outeiro, Grijo, Vila Nova de Gaia, Porto-Portugal, baptizado 24.04.1734 em Grijo, Vila Nova de Gaia, Porto-Portugal. Ela, * 07.11.1732 em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal, baptizado 09.11.1732 em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal.)

Avós maternos: João Rangel de Carvalho, * em São Gonçalo-RJ. e Maria das Mercês, * em São Gonçalo-RJ.



Pais
: Antonio Jose Pereira e Felicia Maria de Jesus Pereira
(Ele, * em Vila de Cucujães, Oliveira de Azeméis, Aveiro-Portugal. e Ela baptizado em Magé-RJ.)

Na Gazeta do Rio de Janeiro, 14/10/ 1809, p.2, aparece o nome de Antonio Jose Pereira negociante da praça do Rio de Janeiro.

(Informações de Paulo Stuck Moraes e Adriane Calmom)




Pais: Agostinho Ferreira de Mello e Ana Joaquina de Jesus

(Informações de Paulo Stuck Moraes)


1º Casamento: em Campos dos Goytacazes-RJ.

Raphael Pereira de Carvalho

Escolastica Francisca Leite

* 07.06.1807 em Rio de Janeiro-RJ, baptizado 24.06.1807 em São Francisco Xavier, Rio de Janeiro-RJ, † 07.03.1890 em Linhares-ES.
Batismo de Rafael; Livro de batismos da Igreja de São Francisco Xavier (1790-1817) fl. 62v e 63
(Informações de Paulo Stuck Moraes)

(Comendador)
Nasceu no dia 07/06/1807 - Faleceu no dia 07/03/1890

O comendador Raphael foi deputado provincial do Rio de Janeiro de 1840 a 1849 ( da terceira a sétima legislatura do Império ). Possuía negócios no Rio de Janeiro e Espírito Santo, transitando entre as duas províncias. De 1850 a 1854 ficou ausente do rio Doce. E a partir de 1854, fixou-se definitivamente em Linhares. - (Adriane Calmom)

1864. – Instala-se em 23 de Maio deste ano a 1ª sessão da 15ª legislatura da Assembléia Legislativa Provincial, concernente aos anos de 1864 a 1865, sendo reconhecidos deputados: Comendador Rafael Pereira de Carvalho, Tenente Francisco Urbano de Vasconcelos, Engenheiro Pedro Claudio Soido, Padre Joaquim de Santa Maria Madalena Duarte, Miguel Teixeira da Silva Sarmento, Engenheiro Manoel Feliciano Muniz Freire, Jose Pinheiro de Souza Werneck, Bacharel Jose de Melo e Carvalho, Coronel Jose Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, Padre João Ferreira Lopes Wanzeller, Capitão Jose Marcellino Pereira de Vasconcelos, Padre João Pinto Pestana, Major Torquato Caetano Simões, Tenente-coronel Alfeu Adelfo Monjardim de Andrade e Almeida, Firmino de Almeida e Silva, Manoel Soares Leite Vidigal, Joaquim Francisco Pereira Ramos, Manoel Pinto de Alvarenga Rosa, Tenente-coronel Henrique Augusto de Azevedo, Tenente-coronel Manoel do Couto Teixeira. [27]

Ver anotações de D. Pedro II, no final desta página


ersa de Campos.

(Informações de Paulo Stuck Moraes)


Já estavam falecidos em 08/11/1893


Filhos (fluminenses):

  1. Emília - Nasceu a 26.07.1830 e foi batizada a 01.11.1830 - (Informações de Paulo Stuck Moraes)

    Emília Pinto de Carvalho Graça casada com Jose Alves da Graça Bastos, filho de Rita Maria de Jesus Graça - irmã de Maria Joaquina de Jesus Carvalho . Faleceu em jan/1865, com 34 anos.

  2. Raphael Pereira de Carvalho Jr

  3. Luiz Raphael de Carvalho
    (Ainda não consegui informações sobre Luiz Raphael de Carvalho, mas também acredito que passou por Linhares. No obituário de Maria Joaquina, tanto o Comendador Raphael, quando Raphael Junior e Luiz Raphael estavam ausentes do Rio Janeiro por ocasião do óbito da esposa e mãe - Informações de Adriane Calmon)

  4. Amelio Raphael de Carvalho (1854-1861)

  5. Esse casal teve Luciana, em Vitória, em 1832. - (Informações de Paulo Stuck Moraes)

 


Pais: (Ver acima)


Pais:


2º Casamento: 03.07.1844, em Santíssimo Sacramento, Rio de Janeiro-RJ
Casamento de Rafael e Maria Joaquina: livro de Casamentos da Igreja do Santíssimo Sacramento (1842-1851) fl. 67v
(Informações de Paulo Stuck Moraes)

Raphael Pereira de Carvalho

Maria Joaquina de Jesus


(
Comendador)
Nasceu no dia 07/06/1807 - Faleceu no dia 07/03/1890


O comendador Raphael foi deputado provincial do Rio de Janeiro de 1840 a 1849 ( da terceira a sétima legislatura do Império ). Possuía negócios no Rio de Janeiro e Espírito Santo, transitando entre as duas províncias. De 1850 a 1854 ficou ausente do rio Doce. E a partir de 1854, fixou-se definitivamente em Linhares. - (Adriane Calmom)

1864. – Instala-se em 23 de Maio deste ano a 1ª sessão da 15ª legislatura da Assembléia Legislativa Provincial, concernente aos anos de 1864 a 1865, sendo reconhecidos deputados: Comendador Rafael Pereira de Carvalho, Tenente Francisco Urbano de Vasconcelos, Engenheiro Pedro Claudio Soido, Padre Joaquim de Santa Maria Madalena Duarte, Miguel Teixeira da Silva Sarmento, Engenheiro Manoel Feliciano Muniz Freire, Jose Pinheiro de Souza Werneck, Bacharel Jose de Melo e Carvalho, Coronel Jose Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, Padre João Ferreira Lopes Wanzeller, Capitão Jose Marcellino Pereira de Vasconcelos, Padre João Pinto Pestana, Major Torquato Caetano Simões, Tenente-coronel Alfeu Adelfo Monjardim de Andrade e Almeida, Firmino de Almeida e Silva, Manoel Soares Leite Vidigal, Joaquim Francisco Pereira Ramos, Manoel Pinto de Alvarenga Rosa, Tenente-coronel Henrique Augusto de Azevedo, Tenente-coronel Manoel do Couto Teixeira. [27]

Ver anotações de D. Pedro II, no final desta página

* 23.03.1827 em Rio de Janeiro-RJ, baptizado 23.01.1827 em Santíssimo Sacramento, Rio de Janeiro-RJ, † 02.12.1862 em Rio de Janeiro-RJ.
Batismo de Maria Joaquina: Livro de Batismos da Igreja do Santíssimo Sacramento (1824-1828) fl.118v
(Informações de Paulo Stuck Moraes)

Faleceu no Rio de Janeiro em 1/12/1862,
conforme informações de Adriane Calmom

Penso que em 1847 eles já estavam em Aracruz... pelo menos já haviam comprado as primeiras terras em Aracruz aos 14 de maio de 1847.
Em 1848 adquiriram outras e em 1854 outras mais. Eram quatro fazendas no município de Aracruz, antigamente Santa Cruz.

Em 1856 estavam casados e declaram as 4 fazendas, dizendo que delas tinham também escrituras públicas
(Geraldo Magela Araujo)

Filhos:

  1. Augusto Raphael de Carvalho ( 43 anos em 1890) c.c. Maria Alberta da Silva Carvalho, * 02.04.1862,† 13.05.1930
    * 16.10.1847 em Rio de Janeiro-RJ, † 16.06.1915 em Linhares-ES..
    Deputado estadual (1895-1897), (1898-1900), (1901-1903).
    (Informações de Lygia Filgueiras)

    Batismo do Augusto: Livro de batismo da Igreja do Santíssimo Sacramento (1847-1852) fl. 21 e 21v
    (Informações de Paulo Stuck Moraes)

Pais: (Ver acima)


Mãe: Rufina Maria da Boa Morte


3º Casamento: 28/08/1872 em Linhares-ES


Raphael Pereira de Carvalho

Laura Josephina Nogueira Gama


(Comendador)
Nasceu no dia 07/06/1807 - Faleceu no dia 07/03/1890

O comendador Raphael foi deputado provincial do Rio de Janeiro de 1840 a 1849 ( da terceira a sétima legislatura do Império ). Possuía negócios no Rio de Janeiro e Espírito Santo, transitando entre as duas províncias. De 1850 a 1854 ficou ausente do rio Doce. E a partir de 1854, fixou-se definitivamente em Linhares. - (Adriane Calmom)

1864. – Instala-se em 23 de Maio deste ano a 1ª sessão da 15ª legislatura da Assembléia Legislativa Provincial, concernente aos anos de 1864 a 1865, sendo reconhecidos deputados: Comendador Rafael Pereira de Carvalho, Tenente Francisco Urbano de Vasconcelos, Engenheiro Pedro Claudio Soido, Padre Joaquim de Santa Maria Madalena Duarte, Miguel Teixeira da Silva Sarmento, Engenheiro Manoel Feliciano Muniz Freire, Jose_Pinheiro_de_Souza_Werneck, Bacharel Jose de Melo e Carvalho, Coronel Jose Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, Padre João Ferreira Lopes Wanzeller, Capitão Jose Marcellino Pereira de Vasconcelos, Padre João Pinto Pestana, Major Torquato Caetano Simões, Tenente-coronel Alfeu Adelfo Monjardim de Andrade e Almeida, Firmino de Almeida e Silva, Manoel Soares Leite Vidigal, Joaquim Francisco Pereira Ramos, Manoel Pinto de Alvarenga Rosa, Tenente-coronel Henrique Augusto de Azevedo, Tenente-coronel Manoel do Couto Teixeira. [27]

Ver anotações de D. Pedro II, no final desta página




Filha natural
Nasceu dia 17/07/1838 - Faleceu no dia 29/04/1885

 

 

 

 

 





Filhos

  1. Arthur Rafael de Carvalho (30 anos em 1885) [*24.04.1856 - †06.12.1894] c.c. Emilia Duarte de Carvalho
    (Há um óbito de Arthur Rafael de Carvalho em 05.12.1894, que o coloca como filho de Laura e que teria nascido em 1856)


  2. Lilia - 24 anos em 1885

  3. Maria Raphaela de Carvalho - 21 anos em 1885 [ * c.de 1864. . † 30.04.1890 ]


  4. Christino Raphael de Carvalho (19 anos em 1885) c.c. Eulalia Calmon Nogueira da Gama, filha de Joaquim Pereira da Fraga Pedrinha e Aurelia Calmon Nogueira da Gama
    Pais de:
    1. Dolores de Carvalho Amorim c.c. João Thomas de Amorim, filho de Joaquim Thomas de Amorim e Rosa Rodrigues de Amorim,
      pais de:
      1. Ywette nasceu 03.05.1921, colatina - (informação de Lygia Filgueiras e Adriane Calmom)


  5. Rufino Raphael de Carvalho c.c. Maria dos Santos Simões



  6. Felicia - 16 anos em 1885

  7. Honorina - 12 anos em 1885 - Nascida em 1872, conforme nota no Jornal Correio da Vitoria








Ver: Joaquim Pereira da Fraga Pedrinha



Anotações retirados do diário, manuscrito, de D. Pedro II, de 1860, quando esteve em terras Capixabas (Cita Raphael Pereira de Carvalho e a sua filha Emília):

3 de fevereiro de 1860 - Meia-noite e mais alguns minutos largaram as canoas
Acordei às 5 1/2.
Antes brejo que rio.
Bonita florzinha amarela de planta de folhas à tona da água; planta aquática de folha larga cuja fruta parece um ananás; ninho de jacarés; monte de fragmentos de plantas, no meio do qual se achavam 10 ovos como de galinha um pouco amarelados; alguns já tinham sinal bem visível da fecundação.
Disseram-me os índios canoeiros que um ninho serve a mais de um jacaré.
Esteve encoberto e fresco até perto de 11, depois o sol abrasava.
Belas flores cor-de-rosa assemelhando rosa.
Quase 3h passam os cavalos a nado o rio; vieram pela picada que está muito má, sobretudo por causa do mato, e mandou-se limpar; saíram do lugar de onde parti às 5h da manhã.
Pouco mais de 3h, talvez 10m; lagoa de baixo d'Aguiar pouco vasta cercada de capoeira alta, e, atravessando uma pequena corda dela, entrava novamente no riacho às 3h e 18 min. O riacho é muito tortuoso e estreito custando muito a navegá-lo com canoa grande como a em que vou.
A respeito do Riacho até combys, e deste rio vide memórias do d'Arlincourt Revista trimestral do Instituto tomo 7º, 1845, que também são muito curiosas, a respeito do rio Doce e de um junto à Vila da Serra.
As margens do riacho só de certa altura para cima é que apresentam plantas altas e árvores. Ainda não vi nenhum taboyayá que é uma espécie de jaburu; apenas voou um baguari espécie de socó que também não pude ver.
As mutucas têm me perseguido e mordido desde que aqueceu o dia; fiz mal de não trazer luvas de camurça.
4 1/4 h Lagoa do meio será do tamanho da de baixo, tem mato de todos os lados menos do da costa para onde se estende em brejal; pegaram nos remos; atravessamo-la do lado do brejo em 5m, e o riacho conserva-se largo.
4 1/2 h Lagoa de cima; 5 menos 10m alarga bastante; mato nas margens, e duas casinhas ao longe. Vão aparecendo outras casinhas pelas margens.
5 1/2 h começa a estreitar - 5h e 40 min acabou a lagoa. Vejo mato bonito do lado esquerdo o sol escondendo-se por detrás das árvores do lado esquerdo dava ao vento um tom de saudade para muito se harmoniar com o meu sentir.
6h Já se descobre do lado direito pouco longe o Quartel d'Aguiar.
6h e 25 min Quartel d'Aguiar; o riacho continua porém muito estreito, aqui ainda é largo.
A casa que é da índia Maria é num alto; chamam Quartel porque havia ali antigamente um Quartel cujas praças traziam o rio sempre limpo. A água que já bebi é de fonte e guardada; acho-a boa.
Interroguei um mineiro que tem estado no Caetê e é língua de nome João Roiz da Cunha, sabendo segundo dizem perfeitamente a língua dos botocudos sobre o vocabulário de Moraes Pinto e escrevi as diferenças notadas por mim. Disse-me que há diferença de língua entre os Botucotudos do Norte e os do Sul.
Naknenuka - e Naknekes é a palavra diferente que significa 1.
Que são polígamos, muito ciosos marcando ainda com golpes a mulher adúltera, ainda que nem sempre a deixe; que não se casam com parentes até certo grau não muito próximo e que as principais guerras provêm de rapto de mulheres quando lhe faltam. Têm muitos filhos, nenhuma cerimônia de casamento senão por pedido à mulher, de cuja casa já sai esposa. Saem nos princípios do casamento às ocultas como envergonhados, e vieram com as raparigas ainda impúberes como se fossem suas esposas não o sendo aliás realmente senão quando púberes.
Às 8h e 25 min segui a cavalo. Caminho de floresta com lua e archote.
Ponte onde os bugres mataram viajantes anteriormente em 1822, como me informei depois de Linhares a respeito da data; há ali uma ponte de pau acabada de construir muito recentemente, o caminho tem sua lama, tendo chovido para esse lado bastante, e no riacho apenas chuviscado algum tanto grosso; mas é plano e pode ser bom em relação aos caminhos no Brasil.
Às 11h e 5 min cheguei ao porto no Rio Doce e às 11 3/4 h desembarquei em Linhares pouco para dentro da foz do Juparanã que deságua na margem esquerda do Rio Doce subindo por uma ladeira um pouco áspera até a chapada que forma a praça da vila se não toda esta.
A casa onde estou é pequena e térrea como todas segundo creio das quais a maior parte cobertas de palha.
Já vi o Anselmo filho do João Philipe Calmon de que fala St. Hilaire; parece boa pessoa e o Presidente elogia-o muito pelo seu caráter. Veio para o Rio Doce com 10 anos e o pai era Baiano de St. Amaro.
O Raphael Pª de Carvalho que foi a canoa esperar-me disse que o rio está bom de subir. Reside no Rio Doce. Ao atravessar a canoa o rio, uns mosquitos que chamam aqui fincudos atormentaram-me.
De manhã avistei o Mestre álvaro.

4 de fevereiro de 1860 - 6h Choveu muito de noite, e os fincudos perseguiram-me.
Os cavalos que vieram do pouso do Riacho parece que se perderam e as cargas talvez ainda estejam no Quartel de Aguiar.
Apareceram os botocudos alguns com beiço e orelhas furadas, e uma velha com um tremendo batoque no beiço e outra de menos idade com batoques no beiço e nas orelhas. Palavras colhidas da língua, do branco que chama-se Benjamin Antonio de Mattos.

        índios Mutuns (nak-ne-nuk)
        Rio Doce    Munhan-uatu
        Rio    Uatú
  Macaquinho de cara branca        Anhiknhik (assim chamaram logo ao Sapucahy)
        Nome        Juntchak
        Fumo Angnang
        Milho Jauatá
        Feijão       Jauantá
        árvore       Chon
        Pássaro     Bakun (u de but)
        Caçar Nhokná
        Barbado     Kupirik
        Relâmpago Tarúmrémré
        Frecha farpada   Uajikpok
        Frecha de ponta de matar pela pancada Moknhák
        Cipó cuja casca prende as penas da frecha    Mré
        Batoque    Métó
        A jatahy    Marék

7 menos 20 embarcamos para ver o Juparanã. O Carlos Je. Nogueira da Gama é filho de Antonio Joaquim irmão de Manoel Jacinto (marquês de Baependi) e nascido em Portugal; estabeleceu-se no Rio Doce em 1825.
Sítio de Carlos Je. Nogueira da Gama em colina continuação da vila sobre a margem esquerda do Juparanã; margem oposta baixa e depois ambas havendo mais árvores do da direita.
O rio é fundo e uma vara ordinária não chega ao fundo; não é estreito; corre muito, e tem voltas grandes; mas por ora não são ásperas; vêem-se nandaias, periquitos de cabeça encarnada; pau de Angelica com belas flores amarelas; o arvorado torna-se espesso em ambas as margens.
9 1/4 h choupana arruinada num alto da margem esquerda; lugar sem mato.
Vi voar um boguari ou baguari.
Derrubada na margem esquerda; pertence ao Monteiro, poupeiro de canoa em que vou a qual é comprida de um só pau vinhático, pertencente ao Raphael P. de Carvalho é chamada Nova-Emília; nome de uma filha dele.
Por ora há poucos paus e árvores caídas no rio que em nada embarcariam a passagem do Pirajá.
10h duas choupanas num alto na margem esquerda sem mato.
Apareceu uma canoa com o Alexandre Campos e o Chagas, dois cães atrelados para caça e espingarda que tomei. Já dei 3 tiros e creio que matei um anu.
Outra canoa com o Carlos Je. Nogueira da Gama e outros de onde dão tiros e atiram foguetes
11h Mato rasteiro nas margens.
11h e 7 min expande-se a lagoa circulada de morros com matos e habitações; é um mar de água doce, tendo 7 léguas de comprido, e muita largura. O Pirajá podia subir até a lagoa. Vamos pela margem esquerda a vara com 5 palmos a 10 de fundo. 
A montanha, que se vê mais distante; muito longe, fica para o lado da lagoa de Paranamirim.
Praia de areia chamada de mosquito que beiramos 11h e 33 min. Dizem que há tubarões grandes e cações de espada na lagoa que é muito piscosa, pescando-se de rede.
A continuação do Juparanã chama-se S. Jose - tem comunicação pelo lado do S. com a lagoa dos Paus que vaza nesta, e recebe por esse mesmo lado o rio das Capivaras; forma muitas enseadas. Vejo as mesmas flores amarelas sem serem as já mencionadas que no rio, mas não vi ainda as brancas.
O mato não apresenta por ora árvores belas como no rio, nem se vêem tantas flores. No rio há muitos ingazeiros, mas a fruta não está sazonada. Canto de canivete, enseada pequena com seu tijupá pequeno.
12h e 35 min - Três Pontas de uma colina alta, sobre a qual está um sítio com sua choupana; acabo de passar pelo sono.
Canto do Barro Vermelho com a sua choupana e rocinha. Canto do Jacu pouco reentrante. Canto do Jacaré pequeno. Praia do Jacaré grande; enseadas mais fundas com areia. A praia é estreita e vem logo mato com algumas árvores bonitas. árvores semelhantes a mangues em terreno arenoso. Chama-se tudo Jacaré grande até uma ponta além da qual se encurva a praia da onça. Bonita flor roxo-claro que me parece trepadeira. Atirei duas vezes a umas garças e creio que uma foi chumbada; o chumbo é muito grosso; para veado. Ponta da onça onde acaba a praia deste nome
1 3/4 h Canto do Guache até aqui chama-se onça, é fundo este canto e com bela mataria. Há um canto fundo que ainda se chama Guache e também é muito bonito com belas árvores. Há muito tempo que não vejo nenhuma casa em qualquer das margens.
Praia do Goitiseiro, acaba aqui o que se guache - em Junho e Julho é que frutifica o goitiseiro - tem areia; bando de periquitos; bando de maracanãs.
Canto das barreiras; grande e bonita enseada com belo mato. Vamos endireitando para ilha do Pedreira onde está o almoço e que pertence ao Raphael Pereira de Carvalho.
Subindo o rio de S. Jose alguns dias disse-me o Presidente que se encontram bugres, tendo o feitor do R. Pe. de Carvalho encontrado há pouco vestígios deles em uma exploração que fizera pelo rio acima, no 2º ou 3º dia de viagem. Os tiros da ilha formam longo eco bastante tempo depois de dados nos morros da margem esquerda da lagoa. Barreira vertical na margem esquerda quase defronte da ilha. A primeira ponta além de Barreira chama-se Ponta do Ouro.
O desembarque da ilha é pela parte superior. Formaram degraus na terra da ladeira ornada de coqueiros, e uma ponte de pau para desembarque. Desembarcamos às 4 menos 20. A formação da ilha é granítica, e do alto tem bela vista para o lado de baixo. Gostei muito de estar assentado na ribanceira de pedra do lado da barreira da margem esquerda da lagoa em cujos 2/3 contando da boca do rio de Juparanã da banda da lagoa está situada a ilha.
Havia no cimo da ilha um bom barracão coberto de sapé e outros 2 menores.
Receberam-me com o hino em realejo, já em Linhares vieram ao desembarque com umbela em lugar de pálio.
Há uma ilha pequena de pedra entre a margem direita da lagoa e a ilha do Pedreira com que se comunica por um istmozinho de terra.
O rio de S. Jose navega-se 1 légua da foz, e o feitor do P. de Carvalho subiu por ele 5 dias encontrando 14 a 18 cachoeiros sendo o 1º maior. Parece que vai em direção de Minas Novas, e dista pouco de S. Mateus.
A lagoa não é de Paraná-mirim, mas de Juparanamirim, e deságua no Rio Doce pouco acima da grande por um rio que não é navegável na seca, e tem muitas voltas. O P. de Carvalho diz que as margens da lagoa de Juparanã são saudáveis.
Regresso às 5h e 25 min.
O Nogueira da Gama diz que defronte da ilha do Pedreira pertence essa margem à Marquesa de Baependi.
Praia dos Cágados com bela mata. Da margem esquerda da lagoa ouve-se a pancada do mar.
Vi outra vez a trepadeira de bonita flor roxo-claro. Há muitas jabuticabeiras e cambuizeiros; mas os cambucás não são tão bons como os cultivados, em ambas as margens da lagoa a melhor jabuticaba do tamanho da do Rio; mas de forma de pêra, branca e preta, e a Sacaminhan; também há grumixameiras.
Canto Montemor com entrada para lagoa não pequena navegável. O tempo da cheia é do da fome porque não pesca nem caça - dura de outubro até março.
Há muitos jacarés e grandes na lagoa.
A água das lagoas apodrece guardada, o que não sucede à do Rio Doce que quanto mais guardada melhor; pois deposita muito.
Saco de Gambá.
Barra da lagoa de Paus, não é navegável por causa dos paus. Saco de estacas; Lençol grande, lençol pequeno.
Entrada do rio 9h, chegada a Linhares perto das 11h A noite esteve de belíssimo luar durante a maior parte da viagem.
Trouxe das flores roxo-claro.
Ouvi ontem ao presidente que frei Bubio missionário lhe dissera que as madeiras tiradas para a capela no Guandu são de má qualidade.
O Carlos Je. Nogueira da Gama é original, estando rouco de dar vivas gritou ao povo que os desse que estava cansado, e já tinha dado a norma dos vivas por ter gritado viva a rainha mãe. Parece que se riem dele por aqui. Tem cara de bom velho; mas turista; é o Presidente da Câmara.
As cargas chegaram à 1 da tarde.
[Desenho]
A igreja é pequena mas coberta de telha; ouvi missa a que ajudam o Carlos Je. Nogueira da Gama que cantou sofrivelmente o Tantum Ergo ao levantar da hóstia. Custou a aparecer o vinho e o vigário encomendado frade carmelita parece que tão estúpido como bugre não tem saído de casa por doente ou receio de não saber o que faz, e foi Fr. Bubio que disse a missa.
O quartel é pequeno de telhas, e o xadrez seguro tem tronco.
Bordaram as ruas da praça que é grande e cheia de relva de coqueiros que iluminaram de noite, e a vila poucas mais casas tem que as da praça sendo por todas 60 e tantas e de telha também a casa do Anselmo Calmon onde me hospedo e outra menor.
A igreja do Rel. Pa de Carvalho está em princípio no lugar onde houve outra com 2 torres e bonita feita pelo Rubem 003. Entrava-se ali perto tendo o bispo Je. Caetano benzido todo o terreno da vila.
Houve também outro quartel e olaria do Estado. Agora tem uma perto no seu sítio o Anselmo Calmon.
Aula de meninos de  Jose Maria Nogueira da Gama - 19 matriculados 10 a 12 de freqüência. Letra do professor má.
1º lê mal, nada de gramática, não pode dividir. Há 4 para 5 anos.
2º lê pior; diminui somente; gramática nada. Há 6 para 7 anos. O substituto da escola parece saber mais do que o professor.
Sabem as rezas um bem e pouca doutrina propriamente. O professor que parece mau ocupa-se mais com isso do que outros de lugares importantes. Não é boa a letra dos meninos.
Casa da Câmara pequena com o arquivo.
Havia os Remedios homeopáticos aplicados pelos dois Nogueiras da Gama.
O Carlos já estava pronto para cantar o Te Deum com o Fr. Bubio; o discurso que ele fez em nome da Câmara é curioso.
[Desenho]
O chefe dos índios chamava-se Kenknám de 30 anos talvez; não quer dizer nada esse nome, como muitos dos deles. Tem ar muito sério. Os índios que se apresentaram são mutuns menos 2 do Sul, um deles rapazinho excelente atirador. Falam muito, riem e querem sempre comer. Os do Sul são em geral mais bonitos, havendo 2 índias de olhos azuis muito belas e claras e de cabelo ruivo; uma delas mulher do capitão Francisco.
Não quiseram vir com medo por causa do tiro dado num em Cueté. Os índios mostraram sentir muito o calor, mesmo dentro de casa, se não, era preguiça porque está muito suportável. Um velho deitou-se debaixo do canapé onde eu estava assentado.
Dançam em círculo passando os braços por cima dos pescoços dos vizinhos com diversas cantigas em toadas mais ou menos monótonas que um começa; não têm instrumento de música. Festejam assim diversos sucessos, sobretudo caçada, cujas peripécias referem nas cantigas; os Purus também dançam em círculo. Os meninos dançam à parte. Os índios assobiam muito. Uma mulher dançava com o filho nas costas o qual suspendem pelas nádegas por uma embira que prende na cabeça. Algumas das toadas não me desagradaram e soltam às vezes seu grito ou assobio. As mulheres quando nuas dão um jeito às coxas que cobrem inteiramente as partes genitais, segundo disse o Rl. Pa de Carvalho.
A rapariga tinha os mamilos demasiadamente grossos. Havia um velho chamado Nahén muito rabugento.
Hén é o bicho de caramujo.
Os homens têm apenas buço mais ou menos longo. Ficaram muito contentes com os chapéus, e fumo, sobretudo, com o qual, bebendo água passam 3 dias sem comer, que se lhes distribuíram de minha parte e em minha presença.
Juparanã não sabem o que quer dizer, e Jum é pular na água. Segundo St. Hilaire na língua geral Ju - espinho.
Ventou bastante antes do meio-dia, e o local é bem ventilado. Ventou também bastante de tarde.
Depois do jantar apareceu-me o vigário com ares de múmia e soube que se chama João Antonio Calmon sobrinho do Anselmo e filho do finado major Lisboa de Vitória com quem foi casada a irmã do Anselmo hoje viúva.
Os índios atiraram flechas e a maior parte atravessaram um toro de bananeira; por elevação não fazem grande coisa, não firmaram o arco no chão entre os dedos do pé.
O município de Linhares tem 700 almas.
Tarde
4h e 20 min partimos.
O rio está enchendo e a água barrenta.
Duas varas fincadas no fundo do rio para segurar linhas de pescar cações, chamam-se linhas de espera. Ilha das Preás na margem direita.
[Desenho]
5 de fevereiro 1860 - Linhares vista da parte superior subindo pela margem esquerda.
Boqueirão na margem esquerda que passa por detrás da ilha do barão Itapemirim a quem a deu o Anselmo. Entramos na boqueirão; ilha do Pinto; a margem de terra-firme tem belas árvores; entramos por entre a ilha do Pinto e terra firme.
O poupeiro disse-me que o iate de ferro do França Leite subiu até TransilVania 3 vezes gastando da 1ª vez 1 mês e 5, e da 2ª 8 dias conduziu o que poderia levar por menos dinheiro numa canoa.
Ao sair do canal entre a ilha do barão de Itapemirim que não é pequena e terra firme passamos ao lado esquerdo da ilha do Gado distante; à esquerda ilha do Rato, e à direita ilha dos Patos, pequenas e distantes entre si; ilha do Armonde à direita, comprida; custou 8$000; o rio é muito largo; matei 2 pombas do ar na ilha do Rato, onde apareceram muitas; são as jurutis do Rio. Ilha do Cipó comprida e longa à esquerda.
O alqueire de farinha de mandioca custa agora, segundo o Monteiro poupeiro, 7 patacas e no tempo de St. Hilaire?.
Perto de Juparanã mirim. Boca da lagoa de Juparanã mirim até onde chegamos 7h.
Voltando pelo mesmo lado por causa do vento chegamos a Linhares às 8 1/4 h.
Em quase todas as casas há violas ou guitarras.
No passeio da tarde não vi nenhuma casa à exceção da fazenda do Anselmo na margem direita ao longe; casa de vivenda e senzalas chama-se Boa-União. A do pai chamada Bom-Jardim estava defronte da ilha do Gato e acha-se hoje em capoeira.

6 de fevereiro de 1860  - 4h e 10 min larga a canoa. Ilha do Alexandre à direita grande, ilha do Guarda-mor grande à direita; ilha do Sal pequena à direita; ilha Comprida à esquerda.
Bando de japus espécie de guache com as penas da cauda amarelas e catinguentas como guache; outro bando de japus; outro acima maior de japus numerosíssimo.
Ilha do Campinho à direita.
Ouço que há uma picada do quartel de Aguiar até Piraquê-assu; mas com muitos morros, e que consta haver pelo S. Jose acima uma lagoa maior que a de Juparanã e que por meio dessas e outras lagoas se comunica o Rio Doce com o S. Matheus.
Ilha do Veado à direita, esta e a do Campinho são muito pequenas. 3 ilhas do Sul e 3 ilhas do Norte pequenas; deixamo-las à direita, diz o poupeiro que é a metade do caminho.
6h e 18 min. Bando de Periquitos. Ilha do Coimbra pequena e outra menor sem nome à direita. Ilha do Domingos de Souza à esquerda - do barbado maior e 4 dos Carapuças muito pequenas todas à esquerda - das Frecheiras à esquerda não pequena, e de Jacarandá à direita grande.
A casa da Companhia inglesa entre Linhares e a fazenda do Alexandre Calmon, queimou-se.
Ilha dos Cachorros Grande à esquerda.
Passamos bem perto da margem direita pelo sítio do Thomaz com bananeiras; o dono é cunhado do poupeiro Monteiro.
Outro sítio do mesmo lado de Jose da Penha, pequena choupana.
Ilha do Branquinho à esquerda, não pequena, encostamos muito a ela.
Povoação dos índios com choupanas; na margem esquerda por muito perto da qual passamos 8 3/4 h.
Chegamos ao Pirajá às 8h e 48 min. O Pirajá gastou 1h e 5 min da barra até o ponto, onde está; encostou 2 vezes e encalhou durante 24h, safando ontem às 3h da tarde. Depois de 5h de encalhado já se tinha formado um banco de areia a sotavento do navio, e encostado a este, a NO; o vapor tinha atravessado um pouco.
O Almirante gastou do lugar onde está o Pirajá até Linhares ontem no escaler com 8 ramos e vela 16 1/2 horas encalhando mais de 12 vezes partindo às 3 3/4 h da tarde de ontem e chegando a Linhares às 8 1/4 h da manhã de ontem. Na volta gastou 4h entre os mesmos pontos.
Começa o terreno a ser um pouco arenoso.
Ilha do João Ferreira pequena à direita.
Larga o Pirajá às 9h e 10 min.
9h 38 min já se vê bem a barra da Concha; prumo 1 1/2 br. Para o Sul além da sobredita barra há um navio metido na areia da praia. Casas ao longe na restinga do Barcelos margem esquerda onde mora o Patrão-mor que me consta não ter os aprestos necessários para a praticagem da barra.
Ilha da Regência à esquerda, pequena. À direita Regência com algumas casas de palha sendo a melhor a do James que foi maquinista do vapor rio Doce e casou brasileiro estando viúvo com 4 filhos; vive de caça e pescaria, pouco planta; foz do insignificante rio Preto.
A barra do rio Doce está muito mansa.
O Pirajá achou ao entrar 2 br. de fundo em meia enchente.
Parou o Pirajá 10h e vou almoçar.
10h e 20 min escaler e 36 min desembarque na praia da Concha.
10 3/4 h embarque para o Apa. O navio encalhado de que já falei era o S. Jose Triunfante. Na praia da Concha está encalhado o patacho 004 Formosa.
Desembarcamos na praia da Concha perto do escoadouro que tem dois canais separados pelo baixo dos Passarinhos.
Espadarte de serra que pescaram em uma lagoa perto da Regência, e parece o cação de espadarte.
Avista-se o Mestre álvaro ao S.O, o mar está muito manso, venta e tem ventado de N. a N.E.
Apa 11 menos 5 fundeando em 8 braças por dentro do cordão do S.
Aproamos para a Vitória às 12h e 25 min.
5h e 5 min barra da Vitória.
5h e 40 min Vitória.
Na igreja do Convento de S. Francisco.
Vê Petrê a Palatus Sanctuaü D. N. da Penha Fundatorês Reliquiae simul cum Crucis arundinere sigillo que prae manibus gestare côsmeverat hic sitae sunt.1774.
Letras pintadas em chapa de chumbo.

7 de fevereiro de 1860 - 6h e 4 min larga o Apa.
Pouco além da barra avista-se o vapor do Arquiduque.
Manda escaler parece que para o nosso vapor que pára; mas falando com o patrão-mor, que se retirava; voltou, e o vapor do Arquiduque vem nos seguindo; embandeirou em arco.
Avista-se o Mucury encalhado, muito ao longe 9 1/2 h.
Guarapari 10 3/4 h.
Aula de meninos de Frco. de Pla. Maya Oitycica. 41 alunos matriculados em papel solto; 30 e tantos de freqüência. A letra do professor é boa.
1º lê menos mal; nada de gramática; divide mal.
2º lê pior, nada de gramática, divide como o outro. Sabem só rezas. Letra dos meninos má. Professor muito medíocre.
Antes de chegar à vila deixa-se à direita uma povoação de choupanas chamada Moquiçaba, descobrindo-se a Vila quase que de repente por detrás de uma montanha de granito. A rua maior estende-se ao longo do cimo de uma colina, e a vila tem bastantes casas de telha e algumas de sobrado.
A matriz pequena está na parte superior da vila em uma chapada tendo em frente em ruínas a capela e casa do arcediago Quintaes que era dono da fazenda onde se levantou a vila.
A capela havia de ser bonita e a casa contígua é de sobrado com 6 janelas de frente, mas pouco de fundo.
A casa da Câmara tem no andar térreo duas enxovias bem arejadas e assoalhadas e um xadrez sofrível no 1º andar, e sala livre no forro, onde também mora o carcereiro; livros pouco regulares e o delegado que exerce o lugar desde abril do ano passado começou as visitas em outubro.
Havia uma lancha grande no único estaleiro pertencente ao presidente da Câmara onde já se construíram 50 e tantas embarcações grandes e pequenas.
3 navios no porto.
Há cultura de café e gêneros alimentícios, mas a formiga persegue muito.
Volto a bordo ao meio-dia e 35 min.
Visita do arquiduque Max 005 irmão do imperador da áustria até 2 1/2 h. Agradou-me o seu trato, parece bom e não deixa de ser inteligente.
Às 3h partida para Benevente; refrescou o vento, que tem soprado sempre o mesmo desde o Rio Doce.
Benevente
Chegada perto de 6h
O convento está num alto. A igreja que serve de Matriz é bonita de 3 pequenas naves e foi reparada há 2 anos. O convento está muito arruinado, sendo preciso que me mostrassem o lugar da cela onde morreu Anchieta para suspeitar que ali fosse; talvez seja o lugar mais sujo do convento; a cela é ou antes era sofrível em dimensão.
A sala da Câmara está em obras destinando-se para estas uma sobra de renda municipal de 2 contos e tanto.
As ruas da vila são regulares e há casas de sobrado, não as vendo cobertas de palhas senão no morro em que está o Convento.
O arquiduque desembarcou comigo e tomou chá demorando-se na casa onde me hospedo que é de sobrado; mas pequena, até quase 11h, indo dormir a bordo. Já conhece o Connleithner com quem se tem caçoado a bordo sofrivelmente.

8 de fevereiro de 1860 - Aula de meninos de Antonio Carneiro Lisboa Junior, 32 matriculados - caderno de matrícula sendo a letra do professor boa - 20 e tantos de freqüência.
1º lê menos mal; nada de gramática; divide mal e não sabe a prova real  de divisão. Há 4 anos; mas tem faltado muito.
2º lê pior; multiplica só. Há 2 anos. Sabem apenas as rezas, porém mal.

Letra dos meninos sofrível. O professor não presta para nada.
A cadeia está no Convento e muito arruinada; havia 6 presos em uma das 2 prisões.
A casa da Câmara durante as obras está numa casa térrea. Com os livros do arquivo e a data mais antiga é de 1750. Tem um registro dos índios dessa data. Há livros de Tombo das terras que se mandou copiar em novo livro que foi aberto; mas apenas começado a escrever, não se continuando, segundo disse o Secretário por ser quase ininteligível a letra do antigo livro do Tombo.
O vigário desde ontem que anda debaixo de carraspana 006 tornando-se terrivelmente importuno. é colado. O mesmo sucede com o de Guarapari e o de S. Matheus que ainda é de sérios costumes talvez, segundo me disse o Presidente.
Saída em escaler para o Apa. 7h
Chegada ao Apa 7h e 20 min.
Larga 7 3/4 h.
8h e 36 min.
Frade e Freira
[Desenho]
Garrafinha (Pico do Itabira)
[Desenho]
Antes vi o morro Agá que nada se parece com esta letra, e 3 ilhas entre as duas primeiras das quais abre a barra do Pereira, havendo de antes a sotavento da 3ª bom resguardo para navios grandes de S.O. que são obrigados agora a ficar fora porque o lastro lançado ao mar fez entulhar-se o fundo.
9h e 40 min fundeia o Apa.
Enquanto enche a maré visitei o arquiduque que me deu suas viagens impressas e prometeu-me um impresso de suas poesias de que vi outro na sua biblioteca que tem bons livros sobretudo de viagens e história natural. Mostrou-me os croquis de pintor que já passou pelo Brasil na Novára e atestam bastante talento, e vi a miniatura da mulher que deve ser uma moça bonita mas não bela, tendo também em gravura o retrato da imperatriz que muito me elogiou a quem dedicou as poesias por ser poetisa - Ophir der Dichterinn - como a chama na dedicatória. Todo o vapor foi construído na Inglaterra tratando-se agora de uma grande oficina de construção de vapores em Trist. Vi a gôndola - é pequena - do arquiduque girar a roda do vapor assim como a tropina pequeno batel dálmata de um só homem que rema e governa com o remo de duas pás. A Imperatriz da áustria diverte-se em remar assim no lago de jchönbrunn. Gostei das idéias do Arquiduque  sensatamente liberais tendo-se dado muito com Manzoni, Cantú, Cárcano e outros quando governou a Lombardia.
Despediu-se de mim, tendo vindo comigo para o Apa, pouco depois das 2 da tarde.
Tarde
Cerca das 2h embarco no escaler e vou para o Pirajá que partindo às 2h e 20 min chega à barra às 2 1/2 h.
A barra é toda de arrebentação e muito melhoraria se tapasse a passagem entre um ilhote e o pontal do S.
3 1/2 h chego à vila de Itapemirim tendo visto na margem esquerda a casa grande da fazenda do Tavares, e  à direita a fazendinha do barão de Itapemirim. A vila tem ares de florescer; mas é pequena. Fui logo à matriz feita por esforços do missionário Casanova tendo sobre a porta a seguinte inscrição se bem me lembro:
D.O.M Delubrum beneficentia publici hujus constructum Capuccinus lapidem posuit anno 1853.
Às 4h saí para a Colônia do Rio Novo montando a cavalo depois de atravessar o Itapemirim na vila. Cheguei andando grande parte do caminho devagar por causa da noite e alguns lamaçais perto das 9h.

9 de fevereiro de 1860 - Fui percorrer a colônia às 5h e 25 min tendo voltado ao ponto central às 9h. Os colonos que vi têm quase todos cara de doentes queixando-se de moléstias, de falta de médico, cemitério, padre e capela. Também ouvi a alguns que o contrato, que aliás não pude examinar, não fora cumprido quando a princípio de derrubada e casa para morar nos prazos 007. Há outras queixas que são falta de transportes, quando o caminho para Itapemirim não é mau podendo duas léguas antes de embarcar no Itapemirim junto à fazenda do Limão, e o muito baixo preço porque se lhes têm comprado gêneros em uma venda que me disse o Jobim fora estabelecida por um sócio do Caetano Dias vendendo-se tudo caro; todavia os colonos podem vender e comprar a quem quiserem.
Há poucas plantações; mas algumas bonitas sendo a terra mais fértil que a das outras colônias ainda que o lugar é insalubre por causa dos pântanos que forma o Rio Novo os quais dizem que desaparecerão desde que se limpar o rio ficando com uma navegação de 4 a 5 léguas para baixo da colônia e 1 légua para (vista do Frade e Freira tirada da canoa no Rio Novo na manhã de 9.)
[Desenho]
cima, saindo pela barra do Piúma que é muito melhor que a do Itapemirim.
O Caetano Dias (Retrato em "Minha Terra e Meu Município" de Antonio Mariss) calcula essa obra em 16 contos.
Segundo uma exposição há 686 colonos, mas atendendo a que tem só 2 a 3 léguas de estradas na colônia e as casas se acham espaçadas, custa-me a acreditar em tal número.
Os colonos são de diversas nações a até chins que me disse o Jobim serem muito ladrões, ainda que o Caetano se mostre contente com eles, e os Belgas queixam-se principalmente tendo vindo alguns alfaiates.
Plantam os gêneros alimentícios e café em terrenos próprios e também cana de parceria moendo no engenho por vapor do Limão que o Caetano vendeu à associação com 78 escravos e 2 léguas de terra por 200 contos. Os de parceria são, segundo creio, quase todos portugueses e um desta nação disse-me no barco onde remava quando eu atravessava ontem o Rio Novo que sofriam muito de moléstias entre as quais de drópias (isto é, de hidropisias).
Pus-me a caminho para Itapemirim depois de atravessar o Rio Novo que distará do centro colonial 1/4 légua, às 10h, e, de galope quase sempre passei pelo Limão às 11h, pelo Moqui fazenda Barão de Itapemirim com uma casa, que é um palacete de dois torrões, tendo antes passado pela fazenda dos Belos, às 11h e 25 min, e cheguei à passagem do Itapemirim para a vila às 11 3/4 h tendo passado pela Coroa da Onça fazenda de João Nepomuceno Bitancourt com roda movida com cavalos dentro, e a fazenda de Areia com bela casa que se vê da vila, que o mesmo Bitancourt acaba de comprar ao irmão Francisco de Paula, e consta-me ser causa de desavença por ora oculta entre eles.
Itapemirim

9 de fevereiro de 1860 - O professor está com licença mas o inspetor municipal mandou abrir a aula e é quem me deu as informações. O professor chama-se Je. Pto. Homem de Azevedo. Mais de 20 matriculados, mas escrito até 11 com boa letra do professor.
1º lê sofrível, principia gramática. Divide sofrível sabe a prova real.
2º lê algum tanto melhor, nada de gramática. Divide melhor. Sabe a prova real. Sabem as rezas sem a menor explicação que não tem dado o professor. Letra dos meninos sofrível.
Antes estive na casa da Câmara que é térrea e pequena reunindo-se o júri no consistório da Matriz. Cadeia - Edifício novo começado por um particular, e cujo andar térreo é que está acabado destinando-se a 1º para Câmara etc. As prisões são boas e havia 3 presos um dos quais queixa-se de perseguição apresentando indícios de loucura que não sei se é real. Há uma prisão que não serviu e é escura podendo destinar-se para castigo.
Fui depois à fabrica de Antonio Pires Velasco. é movida por uma máquina a vapor de 8 cavalos com serra vertical de até 4 folhas, e 8 pilões com ventilador e ventador (não separa as qualidades com peneiras como o ventilador), tendo já preparado 100 arrobas por dia. O café que vi era muito bom.
As intrigas andam tão acesas aqui que os Guardas Nacionais que se achavam na casa da minha residência não queriam deixar entrar nenhuma pessoa da casa do Itapemirim (Refere-se, por certo, à casa do barão de Itapemirim) e a Câmara Municipal cujo presidente é o Bitancourt mandando um boi para bordo do Pirajá recomendou que dissessem que o presente não era do Itapemirim.
O Pereira Pto. e gente do Bitancourt vão fundar um periódico redigido pelo padre João Philipe outrora frei João do Lado de Cristo.
Às 3 1/2 h embarquei no Pirajá que atracou a ponte de desembarque bem preparada na vila; mas por causa da falta de vapor; pois contava, como antes eu determinara com a saída às 4 1/2 h, largou às 4h chegando a barra às 4 1/2 h. Estava melhor que ontem; mas o escaler jogou bastante comigo até o Apa sendo o embarque nele e passagem para o Apa difíceis; felizmente não enjoei e sinto-me forte.
Há duas sumacas 008 no chamado porto e uma ia garrando, restando-lhe o Apa um ancorote. Venta N.E. muito rijo.
Por causa da bagagem só às 6h largou o Apa.

10 de fevereiro de 1860 - O Apa jogou terrivelmente a noite passada sobre os baixos de S. Thomé.
7 1/2 h avista-se costa de Campos.
10 1/2 h Grade de Macaé, ilhas de Sta. Ana e Morro de S. João.
11h avista-se Cabo Frio.
2 1/2 h Vejo muito bem o farol.
4 3/4 h emparelhamos com o Cabo Frio.
5h dobramo-lo, o vento tornou-se quente pelo embate da montanha e o mar manso de modo que o Apa quase que não joga.
Estive sobre as rodas desde pouco depois de anoitecer até 10 horas porém não avistei o farol da Rasa que pouco depois o nevoeiro deixou ver já alto. Chegamos à Rasa entre 2 1/2 h e 3 da madrugada de 11, e bordejou-se.

11 de fevereiro de 1860 - Acordei às 5 menos 1/4.
Vi bem o gigante. Vapores Magé e Jequitinhonha, enquanto aquele dava 1 tiro este dava 2, e que talvez se explique por ser o comandante Henrique Antonio Batista o novo oficial de marinha mais entendido em artilharia.
Às 6h e mais de meia a par da fortaleza de Sta. Cruz.
Fundeou o Apa pouco depois de 71/2 h.

  • Jornal Correio da Vitoria de 1849 Edição 00085:


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