GUIA.HEU
20 Anos
Aborto e Obsessão
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Crianças e Adolescentes
DESAPARECIDOS
Caso relatado por André Luiz, onde uma doente, uma jovem grávida, apesar dos apelos da sua genitora desencarnada, pratica o aborto:

____...A genitora da enferma adiantou-se e informou-nos: A situação é muito grave! ajudem-na, por piedade! Minha presença aqui se limita a impedir o acesso de elementos perturbadores que prosseguem, implacáveis, em ronda sinistra.

____O Assistente inclinou-se para a doente, calmo e atencioso, e recomendou-me cooperar no exame particular do quadro fisiológico.

____A paisagem orgânica era das mais comoventes. A compaixão fraterna dispensar-nos-á da triste narrativa referente ao embrião prestes a ser expulso.

____Circunscrito à tese de medicação a mentes alucinadas, cabe-nos apenas dizer que a situação da jovem era impressionante e deplorável.

  • Todos os centros endócrinos estavam em desordem, e os órgãos autônomos trabalhavam aceleradamente.
  • O coração acusava estranha arritmia, e debalde as glândulas sudoríparas se esforçavam por expulsar as toxinas em verdadeira torrente invasora.
  • Nos lobos frontais, a sombra era completa;
  • no córtex encefálico, a perturbação era manifesta
  • somente nos gânglios basais havia suprema concentração de energias mentais, fazendo-me perceber que a infeliz criatura se recolhera no campo mais baixo do ser, dominada pelos impulsos desintegradores dos próprios sentimentos, transviados e incultos.
  • Dos gânglios basais, onde se aglomeravam as mais fortes irradiações da mente alucinada, desciam estiletes escuros, que assaltavam astrompas e os ovários, penetrando a câmara vital quais tenuíssimos venábulos de treva e incidindo sobre a organização embrionária de quatro meses.

____O quadro era horrível de ver-se.

____Buscando sintonizar-me com a enferma, ouvia-lhe as afirmativas cruéis, no campo do pensamento:

____— Odeio!.., odeio este filho intruso que não pedi à vida!... Expulsá-lo-ei!.., expulsá-lo-ei!...

____A mente do filhinho, em processo_de_reencarnação, como se fora violentada num sono brando, suplicava, chorosa:Poupa-me! poupa-me! quero acordar no trabalho! quero viver e reajustar o destino.., ajuda-me! resgatarei minha dívida!.., pagar-te-ei com amor..., não me expulses! tem caridade!...

____— Nunca! nunca! amaldiçoado sejas! — dizia a desventurada, mentalmente —; prefiro morrer a receber-te nos braços! Envenenas-me a vida, perturbas-me a estrada! detesto-te! morrerás!...

____E os raios trevosos continuavam descendo, a jacto contínuo ...

____...Nunca supus que a mente desequilibrada pudesse infligir tamanho mal ao próprio patrimônio.

____A desordem do cosmo fisiológico acentuou-se, instante a instante.

____Penosamente surpreendido, prossegui no exame da situação, verificando com espanto que o embrião reagia ao ser violentado, como que aderindo, desesperadamente, às paredes placentárias.

____A mente do filhinho imaturo começou a despertar à medida que aumentava o esforço de extração. Os raios escuros não partiam agora só do encéfalomaterno; eram igualmente emitidos pela organização embrionária, estabelecendo maior desarmonia.

____Depois de longo e laborioso trabalho, o entezinho foi retirado afinal...

____Assombrado, reparei, todavia, que a ginecologista improvisada subtraia ao vaso feminino somente pequena porção de carne inânime, porque a entidade reencarnante, como se a mantivessem atraída ao corpo materno forças vigorosas e indefiníveis, oferecia condições especialíssimas, adesa ao campo celular que a expulsava. Semidesperta, num pesadelo de sofrimento, refletia extremo desespero; lamentava-se com gritos aflitivos; expedia vibrações mortíferas; balbuciava frases desconexas.

____Não estaríamos, ali, perante duas feras terrivelmente algemadas uma à outra? O filhinho que não chegara a nascer transformara-se em perigoso_verdugo do psiquismo materno. Premindocom impulsos involuntários o ninho de vasos do útero, precisamente na região onde se efetua a permuta dos sangues materno e fetal, provocou ele o processo hemorrágico, violento e abundante.

Observei mais.

____Deslocado indebitamente e mantido ali por forças incoercíveis, o organismo_perispirítico da entidade, que não chegara a renascer, alcançou em movimentos espontâneos a zona do coração. Envolvendo os nódulos da aurícula direita, perturbou as vias do estimulo, determinando choques tremendos no sistema nervoso central.

____Tal situação agravou o fluxo hemorrágico, que assumiu intensidade imprevista, compelindo a enfermeira a pedir socorros imediatos, depois de delir, como pôde, os vestígios de sua falta.

____Odeio-o! odeio-o! — clamava a mente materna em delírio, sentindo ainda a presença do filho na intimidade orgânica. — Nunca embalarei um intruso que me lançaria à vergonha!

____Ambos, mãe e filho, pareciam agora, por dizer mais exatamente, sintonizados na onda de ódio, porque a mente dele, exibindo estranha forma_de_apresentação aos meus olhos, respondia, no auge da ira:

____— Vingar-me-ei! Pagarás ceitilpor ceitil! não te perdoarei!... Não me deixaste retomar a luta terrena, onde a dor, que nos seria comum, me ensinaria a desculpar-te pelo passado delituoso e a esquecer minhas cruciantes mágoas... Renegaste a provaque nos conduziria ao altar da reconciliação. Cerraste-me as portas da oportunidade redentora; entretanto, o maléfico poder, que impera em ti, habita igualmente minhalma... Trouxeste à tona de minha razão o Iodo da perversidade que dormia dentro em mim. Negas-me o recurso da purificação, mas estamos agora novamente unidos e arrastar-te-ei para o abismo... Condenaste-me à morte, e, por isso, minha sentença é igual. Não me deste o descanso, impediste meu retorno à paz da consciência, mas não ficarás por mais tempo na Terra... Não me quiseste para o serviço do amor.... Portanto, serás novamente minha para a satisfação do ódio. Vingar-me-ei! Seguirás comigo!

____Os raios mentais destruidores cruzavam-se, em horrendo quadro, de espírito a espírito.

____Enquanto observava a intensificação das toxinas, ao longo de toda a trama celular, Calderaro orava, em silêncio, invocando o auxilio exterior, ao que me pareceu. Efetivamente, daí a instantes, pequena turma de trabalhadores espirituais penetrou o recinto. O orientador ministrou instruções. Deveriam ajudar a desventurada mãe, que permaneceria junto da filha infeliz, até à consumação da experiência ...

____...Consumou-se para ambos doloroso processo de obsessão recíproca, de amargas conseqüências no espaço e no tempo, e cuja extensão nenhum de nós pode prever.

[25 - página 142] - André Luiz

...Ama pobre criatura, por duas vezes sucessivas, provocou o aborto inconsciente pelo excesso de leviandades e, atualmente, será vitima das próprias irreflexões pela terceira vez, segundo parece. Debalde temos oferecido o socorro de que podemos dispor. A infeliz deixou-se empolgar pela ideia de gozar a vida e irmanou-se a entidades desencarnadas da pior espécie, que, para acentuar seus planos sombrios, separaram-na do próprio companheiro, ansiosas por lhe precipitarem o coração na esfera das emoções baixas.

____... No sétimo mês de gestação da nova forma física, Espíritos colaboradores ficaram nas imediações, em serviço ativo, no sentido de evitar certas extravagâncias da futura mãe, projetadas para o dia; entretanto, não creio sejamos por ela obedecidos. A organização fetal não se encontra em condições de suportar novos desequilíbrios, e, se a pobrezinha não despertar para o dever, abrirá, ainda hoje, uma terceira falência.

____... — Não sei — comentou um daqueles perversos inimigos do bem — por que arte infernal vem resistindo o intruso. Despejá-lo-emos na primeira oportunidade.

____— Quando isto ocorre — disse outro — é que há “mãos de anjos” trabalhando por trás.

____— Pois que vão para o inferno! — exclamou o que parecia mais cruel. — Veremos quem pode mais. Cesarina já nos pertence noventa por cento. Atende perfeitamente aos nossos propósitos. Por que um filho intrujão em nossos planos? É preciso combater até ao fim.

____— No entanto — considerou o terceiro, que, até então, se mantinha em silêncio —, há mais de seis meses estamos trabalhando em vão por alijá-lo!

[16a - página 231] - André Luiz

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