Fernão de Lemos


NOBILáRIO DE FAMíLIAS DE PORTUGAL de FELGUEIRAS GAYO
Impressão diplomática do original manuscrito, existente na Santa Casa de Misericórdia de Barcelos

http://purl.pt/12151/2/




1538 - Faz Vasco Fernandes Coutinho doação da ilha de Santo Antonio (Vitória-ES) a Duarte de Lemos, que em sua vinda o acompanhara da Bahia, sendo a mesma datada de 15 de julho deste ano e tendo sido confirmada a 8 de janeiro de 1549 por carta régia de D. João III. Feita a doação da dita ilha ficou a mesma denominando-se ilha de Duarte de Lemos, do nome de seu senhorio, mas ficando sempre o nome de Santo Antonio persistindo, até hoje, ao local que do Campinho prossegue à ilha das Caleiras, onde posteriormente foi assentado um grande engenho, em frente à ilha do Príncipe. Duarte de Lemos parece se comprometera a fortificá-la contra as invasões, segundo um escrito de 20 de agosto deste mesmo ano. Duarte de Lemos julgamos ter ido à Bahia donde trouxera grande número de colonos, para estabelecê-los na sua ilha, que media duas léguas de extensão e mais de meia em alguns lugares, pois que isso encontramos em algumas crônicas e escritos.

1535 - Chega a 23 de maio deste ano à barra desta capital, tomando por ponto marítimo o pico do Mestre Alvaro, o donatário da capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho, acompanhado dos fidalgos portugueses Simão de Castelo Branco [de Vasconcelos, no original] e D. Jorge de Menezes, que vinham degradados, assim como Valentim Nunes, Duarte de Lemos e outros, que o quiseram acompanhar da Bahia, sob diversas garantias; ao todo sessenta pessoas.

1550 - Neste ano desinteligenciam-se o donatário Vasco Fernandes Coutinho e Duarte de Lemos, em razão deste último querer que a sua doação da ilha do seu nome fosse ampla, e Vasco Coutinho haver declarado que esta doação era limitada à sua própria fazenda, que se achava assentada no local onde hoje se vê a igreja de Santa Luzia, servindo esta capela para as orações dos moradores, havendo casa de moradia unida à capela e uma engenhoca abaixo; a este lugar que abrangia um grande perímetro a leste e a norte, indo até o Campinho ao lado de oeste, é que se deu por muito tempo o nome de Roças Velhas, que também foi dado a uma fazenda com engenho de açúcar e aguardente na freguesia de Cariacica, que depois pertenceu aos jesuítas, e de que se pagava de foro um pão de açúcar de quatro libras. O certo é que contrariado Duarte de Lemos pela declaração de Vasco Coutinho, e pelas intrigas que formigaram entre os dois lados, Duarte de Lemos escreveu a el-rei D. João III, em data de 14 de julho deste ano,39 comunicando que Vasco Coutinho quando partiu pela primeira vez de Portugal para esta então capitania do Espírito Santo, tinha o propósito formado de tornar-se independente como um grande potentado, o que não pôde conseguir nem levar a efeito pelas infelicidades e contrariedades por que passou, cujo propósito fora comunicado ao mesmo Duarte de Lemos por Vasco Coutinho, e a Fernão Willas e outros. Esta carta de Duarte de Lemos prova ainda a ida de Vasco Coutinho a Portugal, pois ele o diz: quando partiu a primeira vez. Por estes motivos Duarte de Lemos deliberou-se a ir para a Bahia, visto ser considerada a doação como um solarengue; e, ou porque pedisse, ou porque conviesse à Corte portuguesa, o certo é que foi mandado como capitão para a donataria de Porto Seguro, por já ali não existir Pero do Campo.

1551 - Continuando os ataques dos indígenas na vila do Espírito Santo, nos quais em encontros morreram alguns dos povoadores, delibera Vasco Coutinho e outros estabelecerem-se na ilha de Duarte Lemos tendo-a este abandonado e seguido para Porto Seguro, por ser a ilha rodeada por mar e haver abundância d’água, o que na vila do Espírito Santo faltava, e por ser mais fácil a defesa dos moradores, que se viam continuamente incomodados. Estabelecidos que foram, principiaram a chamar à nova povoação de Vila Nova, enquanto à do Espírito Santo denominaram de Vila Velha, nome que conservou-se por muitos anos, como até hoje; apesar de uma lei da Assembleia Provincial restabelecer-lhe o primitivo nome, ainda muitos assim a denominam.

Província do Espírito Santo sua descoberta, história cronológica, sinopse e estatística
Basílio Carvalho Daemon

 

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